Por Paulo de Tarso Venceslau
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Moedas
US$ 3 milhões
podem perfeitamente ter sido um excelente investimento para um ditador
que tentou controlar a luta contra a ditadura e que mandou matar
o melhor e mais fiel amigo para salvar sua pele.
FLAGRANTE DOS TRÊS PRESIDENTES: Lula do Brasil,
Pedro Camelo da Câmara Comercial Brasil-Cuba e Fidel Castro
de Cuba, comemorando a assinatura dos 12 Acordos de Cooperação
envolvendo os Ministérios de Relações Exteriores,
Saúde, Educação e Minas e Energia dos dois
países, durante a última visita de Lula à Cuba.
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A
revelação de que Cuba teria doado US$ 3 milhões
para a campanha de Lula em 2002, segundo a revista Veja, dividiu
opiniões. Muita gente se negou a acreditar. Jornalistas rodados
como Clóvis Rossi, da Folha, desqualifica a matéria
da revista quando afirma que “O mais elementar sentido comum
e um tiquinho de informações básicas bastam
para tornar completamente inverossímil a versão publicada
pela revista "Veja" a respeito dos dólares de Cuba
para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002”.
Rossi argumenta que a competência do serviço secreto
cubano não faria um trabalho tão mal feito como o
denunciado pelos ex-assessores de Palocci.
A oposição reagiu com muita cautela. O Palácio
do Planalto ameaça processar a revista. Arlindo Chinaglia,
líder do governo, afirma que foi “forçada de
barra”. Os veículos de comunicação repercutiram
de forma light.
Para não me estender, vou me referir a 3 episódios:
um da época dos anos de chumbo, outro que envolve o fuzilamento
de um general cubano e o terceiro, só para refrescar a memória,
já no governo.
Guerrilha financiada por Cuba
Militei na Ação Libertadora
Nacional (ALN), uma organização guerrilheira que mantinha
excelentes relações com Cuba. Muitos de nossos companheiros
receberam treinamento militar na ilha para enfrentar com armas a
ditadura militar que havia deposto um governo legitimamente eleito.
Depois da morte, em 1.969, de Carlos Marighella, dirigente máximo
da ALN, os cubanos resolveram interferir na condução
da luta armada que pretendia desenvolver no Brasil. Para isso, através
de José Dirceu, cooptaram uma parte dos militantes da ALN
que se encontrava em Cuba e financiaram a formação
do MOLIPO – Movimento de Libertação Popular.
Na ALN era voz corrente que José Dirceu era um G2, agente
ligado ao serviço de informações do governo
cubano e um dos raros sobreviventes por uma razão muito simples:
refugiou-se no interior do Paraná perdendo contato com os
companheiros que chegavam ao Brasil e eram sumariamente executados.
Fuzilamento do General Ochoa
Em 1989, quatro cubanos foram condenados à morte: general
Arnaldo Ochoa Sánchez, seu ajudante de ordens Jorge Martinez
Valdes, Antônio de Guardia e Amado Padron, responsáveis
pela seção MC (moedas conversíveis) do Ministério
do Interior de Cuba. Ochoa era o único guerrilheiro de origem
proletária de Sierra Maestra, onde, junto com o companheiro
de Che Guevara, organizaram a revolução cubana e derrubaram
uma ditadura que havia transformada Cuba em um bordel de luxo da
máfia e da elite norte-americanas.
Ochoa era comandante das tropas especiais, formada pela elite do
exército cubano. Lutou na Nicarágua, Etiópia
e principalmente em Angola. Foi responsável pelo milionário
contrabando de ouro e diamantes para seu país. Depois da
queda do muro de Berlim, os serviços secretos norte-americanos
detetaram que havia uma conexão entre o tráfico de
drogas e o governo de Cuba. Fidel não pensou duas vezes.
Mandou prender e fuzilou o general Ochoa que apenas cumpria suas
ordens para ficar bonito na fita dos gringos.
Investimento seguro?
Segundo a Folha de São Paulo
noticiou em 27 de setembro de 2003, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, 57, desembarcou ontem em Cuba com presentes econômicos
para o ditador Fidel Castro, 77. Será facilitado o pagamento
de 20% da dívida de cerca de R$ 134 milhões do país
com o Banco do Brasil e serão investidos R$ 20 milhões
do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
na construção de uma usina de álcool combustível.
US$ 3 milhões enviados em 2002 podem perfeitamente ter sido
um excelente investimento para um ditador que tentou controlar a
luta contra a ditadura e que mandou matar o melhor e mais fiel amigo
para salvar sua pele. Tudo isso aconteceu sem que José Dirceu
e nem Lula soubessem. E desde então passei a acreditar em
duendes.
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