Por
Sayuri Carbonnier
Direto
de Londres
Joaquim Maurício
de Carvalho - Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais
de Taubaté
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À
frente do Sindicato dos Servidores Municipais de Taubaté
desde 1999, Joaquim Maurício de Carvalho mostra-se
um lutador ferrenho contra a realização de
concursos públicos para contratar funcionários
sem plano de carreira. A última queda de braço
ocorreu na semana passada quando a justiça determinou
o cancelamento do concurso. Contra aqueles que o acusam
de ser presidente do Sindicato justamente no período
em que Bernardo Ortiz era prefeito, Maurício desabafa:
“Ele [Bernardo] queria que eu continuasse trabalhando
na prefeitura e eu disse que não. Optei pelo Sindicato”.
Confira os melhores momentos da entrevista exclusiva concedida
ao Jornal CONTATO. |
CONTATO: O concurso realizado
pela pre-feitura foi feito para preencher funções
não cargos. Isso é permitido por lei?
Carvalho: Sim [desde que haja] motivo para o processo seletivo.
Se tiver acontecido alguma catástrofe ou epidemia na cidade
e seja neces-sária a contratação de profissionais
imediata-mente, não há problema.
CONTATO: Mas ocorreu alguma catástro-fe
em Taubaté?
Carvalho: Não. No momento não aconteceu nada.
CONTATO: A prefeitura pode abrir
con-cursos e contratar funcionários pela CLT (Consolidação
das Leis Trabalhistas)?
Carvalho: É permitido [desde que seja por] um prazo de
seis meses. Mas dificilmente esse período é respeitado.
Tanto é que a liminar que a juíza Márcia
Resende Barbosa de Oliveira nos concedeu foi baseada nessa questão.
CONTATO: Desde quando a prefeitura
de Taubaté contrata pela CLT?
Carvalho: Acho que desde 1983 são realiza-das provas seletivas
para a contratação de cele-tistas. Há funcionários,
admitidos pela prefei-tura [como celetistas], com mais de 16 anos
de casa.
CONTATO: Qual a diferença
do estatu-tário para o celetista?
Carvalho: Hoje, o servidor público se aposen-ta com seu
último salário. O celetista não, é
feito uma média salarial e tem um teto. Futura-mente, o
estatutário também terá um teto, mas ainda
não há. Por isso, todos querem ser esta-tutários.
Só que existem algumas desvanta-gens como a idade mais
avançada para chegar à aposentadoria. Na empresa
privada a idade é menor.
CONTATO: É possível
saber qual é o nú-mero exato de funcionários
da prefeitura?
Carvalho: Não. Para isso, é preciso que seja feito
um cronograma da prefeitura e que fique definido um plano de carreira.
O prefeito Ro-berto Peixoto (PSDB) disse que isso será
feito no próximo ano com a implantação das
secre-tarias. Então, poderemos saber o número de
funcionários de todas as áreas. A questão
do magistério é um exemplo, pois não sabemos
quantos professores há na rede municipal. Além dis-so,
vamos necessitar ter o conhecimento desses nú-meros devido
a possível municipalização do ensino fundamental.
A elaboração de um organograma também será
importante para que o sindicato possa melhor orientar os servidores
municipais.
CONTATO: Qual a posição
do sindicato com relação ao último concurso
realizado pela prefeitura?
Carvalho: Nós somos contra. Por isso, entramos com uma
ação no Minis-tério Público. Já
tínhamos feito isso na época do Bernardo. Quero
deixar bem claro que não somos contra a contratação
de novos funcionários, mas que isso seja feito de forma
legal.
CONTATO: Como está o andamento
dessa ação?
Carvalho: A juíza Márcia de Oliveira deu parecer
favorável à gente e cassou a liminar que permitia
a realização do concurso. Ela disse que entrou em
acordo com a pre-feitura, que se dispôs a realizar, em um
prazo de oito meses, um concurso público para o preenchimento
de cargo.
CONTATO:
Como é o relacionamento do Sindicato com os servidores
municipais?
Carvalho: Os funcionários têm medo de ser mandados
embora. A maioria dos associados ao sindicato é por causa
dos benefícios que são oferecidos tipo planos de
saúde, odontológicos ou pela questão de apoio
jurídico. Mas se for para fazer algum tipo de manifestação
ou uma paralisação, isso não acontece.
CONTATO: Como o senhor vê
esses 100 dias do governo Peixoto?
Carvalho: Esse é um governo mais aberto. Os diretores têm
maior autonomia. Acredito que os próximos quatro anos serão
bem melhores para os servidores municipais do que foram os governos
anteriores. Esperamos que ele [Peixoto] mostre que veio para colaborar
com os servidores e faça tudo de acordo com a lei.
CONTATO: O senhor pretende se
candi-datar para a próxima gestão?
Carvalho: Meu mandato vai até o dia primeiro de maio de
2006. Estou como presidente desde 1999. Depois disso, não
tenho a intenção de continuar como presidente. Na
verdade, a gen-te tem um ciclo e, além disso, acredito
que meu trabalho tenha sido feito. Não digo que irei me
afastar totalmente, mas a gente precisa de um tempo.