Por
Sayuri Carbonnier
Direto
de Londres
Thiago
Dametto, um jovem taubateano na terra dos Beatles
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A
mais nova colaboradora de CONTATO, é uma londrina
de origem taubateana da família Shibata. Sayuri,
irmã mais velha de Adolpho, Eduardo e do “caçula”
Honório, é formada em biologia pela USP. Mudou-se
para a Europa muito jovem, casou-se com um sueco com quem
teve filhos, trabalhou com comércio exterior voltado
à exportação de café. Há
muitos anos radicada em Londres, a taubateana é uma
referência para brasileiros que por lá passam.
Foi por tudo isso que, um belo dia, Thiago Dametto, 26 anos,
advogado, formado pela Universidade de Taubaté e
pós-graduando em Direito Empresarial pelo Instituto
Nacional de Pós-graduação bateu em
sua porta. O encontro de taubateanos na capital inglesa
resultou nessa entrevista. Thiago, na saída, declarou
que “se chegar na sua idade (de Sayuri) com o astral
que tem ficarei muito feliz”. Confira os melhores
momentos. |
CONTATO:
Como foi sua chegada em Londres?
Thiago Dametto: Na imigração apenas me indagaram:
“What do you do in Brazil?” (O que você faz
no Brasil?). Então respondi que era estudante de direito
pós-graduando em direito empresarial. Na mesma hora, o
fun-cionário da Imigração carimbou o meu
passa-porte. Apenas me alertou que eu teria sete dias para registrá-lo.
Depois comprei um bilhete para o trem “express” e
em dez minutos es-tava na estação Paddington no
centro de Lon-dres. Em seguida, peguei um táxi ate Kensal
Rise, onde fica minha atual residência. A via-gem levou
pouco mais de cinco minutos e custou oito libras.
CONTATO:
Já encontrou algum brasi-leiro?
Thiago: Tem muito brasileiro aqui. Até pa-rece que o português
é a segunda língua da Inglaterra. Dei muita risada
com a menina que estava ao meu lado no trem. Ela recebeu várias
ligações do Brasil e repetiu a mesma coisa para
todos. Era a mãe, o pai, a avó, a tia, a vizinha,
todos ali do outro lado da linha querendo saber da menina.
CONTATO:
Como foi sua chegada na casa?
Thiago: Fui bem recebido pelos integrantes da casa, uma africana
e os demais brasileiros. Deixei minha bagagem no quarto, que é
divi-dido entre três pessoas, e fui correr no Kensal Park
com um rapaz da casa chamado Júnior. Depois voltei à
casa e liguei para meus fami-liares para informar que tudo havia
ocorrido bem. No outro dia, fui conhecer o bairro Can-den, um
local totalmente alternativo. Nesse local há um tipo de
feira, na qual é possível comprar roupas e comida
de todos os lugares do mundo. Mas o que impressiona mesmo são
as pessoas que andam e moram neste bair-ro. Tem gótico,
rastafari, entre outro tipos bem estranhos.
CONTATO:
E a balada?
Thiago: É o sonho de consumo de qualquer pessoa que curte
[a noite] se divertir. Fui a uma boate chamada Raven, situada
no sub-terrâneo de Londres. A casa possui quatro andares.
Rola todo tipo de música eletrô-nica. Fui [também]
a uma festa rave na Psychedelic Academy 002 [onde] tocaram os
djs Astrix, InfectedMushroom, Sub 6 e Dali.
CONTATO:
Já conseguiu emprego?
Thiago: No terceiro dia, comecei a procurar emprego. Fiz umas
ligações para amigos, fui às agências
e job center (centro de empre-gos). Mas ainda não consegui
nada. Tem muita gente atrás de emprego. No quarto dia,
conheci alguns pontos turísticos, como por exemplo, o Big
Ben, Trafalgar Square, Palácio da Rainha, Piccadilly Circus,
e um pub chamado Onion. Estava meio ansioso para arrumar um trabalho,
porque aqui tudo é caro e posso trabalhar 20 horas por
semana. Como não falo inglês com fluência,
estou preparado para fazer serviços gerais.
CONTATO:
Você já trabalhou no Brasil? Qual seu hobbie, seu
esporte predileto?
Thiago: Até agora só fui estudante, mas minha família
não é de dar moleza. Sempre ajudei na limpeza. Sou
bom nessas tarefas que exigem esforço físico. Meu
hobbie é esporte. Bike, natação, musculação,
corrida, caminhada ou trilha.
CONTATO:
Como você chegou até aqui?
Thiago: Sua sobrinha, Viviane, me recomen-dou, disse que a se-nhora
(Sayuri, entre-vistadora) podia dar algumas dicas.
CONTATO: Mas, eu preciso te conhecer melhor. Vai saber se saiu
corrido. Por que você resolveu sair de Taubaté? Não
pensou em ir para uma cidade maior como São Paulo, Rio?
Thiago: Saí de Taubaté com intuito de per-manecer
em Londres por vários motivos. Primeiro, aprender bem o
inglês. Por isso paguei um curso aqui de nove meses. Segundo,
o lado profissional, que é imprescindível para a
minha especialização em direito empresarial. Exige
muita tradução de texto em inglês. E terceiro,
a experiência de vida. A chance de conhecer novas culturas,
oportunidade de conhecer a Europa e outros países.
CONTATO:
Como é sua família em Taubaté?
Thiago: Tenho um irmão, chamado Thomaz. Minha mãe
[Rosana Dametto de Faria] é fun-cionária pública,
trabalha na Unitau (secretá-ria bilingüe) e possui
formação acadêmica em línguas (francês,
inglês e espanhol). Meu pai [Sebastião Augusto Braz]
é engenheiro e analista de qualidade na Volkswagem do Brasil.
Thiago e os integrantes da casa: uma africana no centro entre
dois brasileiros |
CONTATO:
O que você sabe de Londres? Por que não foi para
outros países da Europa ou mesmo para os EUA?
Thiago: Sei muito pouco de Londres. O essencial: tipo vida da
família real, os pubs, os pontos turísticos, histórias
de bandas rock, as pessoas que conheço e que dizem gostar
muito da cidade. Foram essas as razões. Não escolhi
o Estados Unidos em virtude da cultura deles que não me
atrai.