Durante
toda a semana, nossa redação tentou manter algum tipo de
comunicação com o prefeito Roberto Peixoto (PSDB). Objetivo:
saber a opinião do prefeito a respeito da agres-são sofrida
por nosso diretor de redação, Paulo de Tarso Venceslau,
por seis funcio-nários da Ronda Municipal. Sua assessoria de imprensa
informava, tal qual um atendente de telemaketing, aqueles que só
sabem repetir um texto colocado à sua frente, que o prefeito já
estava informado e que eles, assesores, esta-vam aguardando sua resposta.
Porém, dos próprios funcionários da prefeitura inconfor-mados
com o ocorrido, recebemos informação a respeito de 3 dos
6 agressores. São eles: Nelson, André e Cabral. No momento
mais apropriado, revelaremos a identidade completa de todos eles. Trata-se
de mais uma oportu-nidade para a própria prefeitura tomar as de-vidas
providências.
Fontes seguras, porém, informam que a estratégia do Palácio
Bom Conselho é empur-rar com barriga e apostar que o fato, apesar
da gravidade, cairá no esquecimento. Idéias bri-lhantes
e originais como essa só podem sair da cabeça dos gênios
da política que assessoram Roberto Peixoto (ver box).
Apesar do cerco e das ameaças explícitas aos funcionários
caso passem alguma infor-mação para a imprensa, nossa reportagem
con-seguiu apurar mais alguns detalhes que culmi-naram com a ordem para
impedir, até com o uso da força física, a entrada
de jornalistas no aterro sanitário.
Terça-feira, 15, Paulo de Tarso e Alan Brito, diretor de redação
e repórter de Contato, de-pois de mais de 10 dias de espera por
uma auto-rização para visitar o aterro sanitário,
decidem ir até o local.
O funcionário da portaria, depois que o carro da reportagem já
se encontrava no pátio interno, informou que havia ordens expressas
para não permitir a entrada de estranhos. Dian-te da insistência,
o funcionário fez várias ligações para o engenheiro
Paulo Roberto, res-ponsável pelo aterro. Ao mesmo tempo, o en-genheiro
mantinha contato com o chefe de Gabinete do prefeito Roberto Peixoto,
sr. Fer-nando Gigli Torres, que só sabia ordenar que ele impedisse
a entrada de jornalistas. Esse senhor chefe de Gabinete, por incrível
que pareça, possuía diploma de jornalista antes de se transformar
em autoridade.
O engenheiro Paulo, portanto, nada mais fez do que transmitir as ordens
do seu chefe. E mesmo quando indagava o que deveria fazer no caso de os
jornalistas entrarem, ouvia a ríspida ordem:
— “Segure-os na portaria até que a Ronda chegue, que
ela saberá o que fazer”, teria afirmado Gigli, segundo testemunhas.
A decisão de chamar a Ronda Muncipal, uma “instituição”
que não tem existência legal, formada por policiais militares,
segundo fontes seguras, afastados compulsoriamente da cor-poração
por razões nada abonadoras, foi do chefe de Gabinete do prefeito
Roberto Peixoto. A conclusão seguinte é óbvia: a
ordem auto-rizava o uso da força física para impedir a entrada
de jornalstas em um órgão público. Acreditava, ele
Gigli, com a anuência do prefeito que se cala e o garante no cargo,
que desse modo poderia impedir que os munícipes, que pagam seus
salários, do prefeito, dos as-sessores, dos funcionários
e até da tal Ronda Municipal, tenham conhecimento do que se passa
no aterro sanitário.
As agressões covardes perpetradas por essa corja humana já
foram descritas na edição anterior e devidamente registradas
em Boletim de Ocorrência (BO) com o respectivo exame de corpo de
delito.
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