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Segundo
o jornalista, as críticas giraram em torno
da aquisição dos direitos de transmissão
do Campeonato Goiano, em 2001, pela OJC. O valor pago
teria sido muito mais baixo do que o restante dos
campeonatos estaduais. “Em Santa Catarina, por
exemplo, o valor pago pelos direitos de transmissão
do estadual foi de R$ 2,3 milhões. Já
em Goiânia, o valor foi de R$ 200 mil. O mais
grave é que havia interesse de outras emissoras
em comprar os direitos, por valores mais altos, porém
suas propostas sequer foram ouvidas”, explica.
Mesmo com mais de cem processos em seu currículo,
esta é a primeira vez que Kajuru é condenado.
Apesar de já ter perdido em 1ª instância,
a sentença sempre era revertida quando levada
à Brasília. Desta vez, no entanto, isso
não foi possível.
Além de ter que passar as noites em um albergue
penitenciário de Goiânia, Kajuru foi
condenado a pagar 200 dias-multa, o equivalente a
pouco mais de seis salários mínimos.
Um dos grandes confortos que recebeu foi o apoio de
Sílvio Santos, que ofereceu um avião
para que o apresentador possa continuar, junto de
Hebe Camargo e Adriane Galisteu, a apresentar o programa
“Fora do Ar”, pelo SBT. A seguir, os principais
trechos da entrevista concedida pelo jornalista ao
Jornal CONTATO e Portal IMPRENSA. |
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CONTATO– Como ficará sua vida durante o período
em que você estiver cumprindo a pena?
Kajuru – Para mim são grandes os prejuízos
profissionais. Na ESPN eu perco o emprego porque o “Linha
de Passe” é ao vivo e vai ao ar às 21h. Terei
que estar no albergue penitenciário a partir das 20h. Também
tenho um programa na TV Alphaville, que não poderei fazer,
e um em Ribeirão Preto.
Já o “Fora do Ar”, no SBT, o Sílvio
Santos veio a mim pessoalmente e me disponibilizou um avião
para que eu pudesse vir a São Paulo fazer as gravações
do programa. A Adriane Galisteu e a Hebe Camargo também
se disponibilizaram a gravar mais cedo, para que eu possa retornar
na hora de me apresentar.
CONTATO–
Você acredita que esta condenação seja ruim
para sua imagem?
Kajuru – Não. Tenho 30 anos de carreira, sempre fui
um crítico e não vou mudar. Como todo cidadão,
tenho o poder da indignação. Quando não puder
mais me indignar com as arbitrariedades que acontecem no Brasil,
não sei o que valerá a pena. Reconheço minhas
limitações, meu exageros nos adjetivos. Posso pecar
por exageros, mas nunca por mentiras. Não faço nada,
não falo nada se não tiver um mínimo de embasamento
e, neste caso, nunca estive tão embasado.
CONTATO–
Há a tentativa de fazer com que a pena seja cumprida em
São Paulo...
Kajuru – A pena não poderá ser trazida para
São Paulo, isso já está decidido. Só
poderia acontecer se existissem vagas nos albergues da cidade
e isso todo mundo sabe que não tem. A tentativa agora é
de um habeas corpus. Espero que tenhamos resposta antes de 28
de maio, quando terei de iniciar o cumprimento da pena.
CONTATO–
Você acredita que exista no Brasil a tão falada “indústria
do dano moral”?
Kajuru – Existe, com certeza e eu sou uma grande vítima
dela. Acho um absurdo que alguém exija dinheiro para “limpar”
sua honra. Honra é uma coisa que não tem preço,
não há dinheiro que pague.
CONTATO–
Você foi condenado pela justiça de Goiânia,
a mesma que ordenou a apreensão dos livros de Fernando
Moraes, duas sentenças que atentam contra à liberdade
de imprensa...
Kajuru – Não vou ficar falando sobre o caso do Fernando
Moraes porque já tem muita gente falando sobre o caso dele
e poucas pessoas tratando o meu caso. Fui condenado sem chances
de recurso. Todos os processos que tive até hoje aconteceram
por eu ter expressado minha opinião ou por ter feito alguma
denúncia. Já perdi em primeira instância algumas
vezes, mas recorria e vencia. Se eu tivesse a chance de recorrer
à Brasília, certamente, ganharia de goleada, mas
não pude fazer isso.
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CONTATO–
Seu advogado perdeu o prazo para recorrer da sentença e
isso impediu que você levasse a decisão à
Brasília. Foi apenas um descuido ou você acredita
que tenha sido má fé?
Kajuru – Meu advogado perdeu o prazo, mas eu prefiro acreditar
que seja por inexperiência, ele ainda é jovem. Na
verdade quem perdeu o prazo em Goiás não foi meu
advogado titular, mas um substituto. O titular, que é meu
amigo inclusive, por motivos de saúde não pode continuar
acompanhando o processo e passou para o outro, que trabalhava
com ele. Há quem diga que tenha sido má fé,
que ele teria ganhado uma grana preta por isso, mas realmente
eu prefiro acreditar que não. Ele chegou a me dizer que
depois disso, deixaria a profissão.
CONTATO–
Você disse que em Brasília esta decisão da
Justiça de Goiânia seria revertida. Acredita em perseguição
ou influência política no estado?
Kajuru – Eu garanto que existiu influência política
neste caso. Mas ressalto, só no caso deste Juiz (Alvarino
Egidio da Silva Primo, da 12ª Vara Criminal de Goiânia),
não estou questionando toda a Justiça de Goiânia.
O que mais me estarrece é que eu tinha, como ainda tenho,
todas as provas documentais sobre o que eu falei. Fiz uma crítica
denúncia totalmente embasada. Por isso acredito em interferência
política.
CONTATO–
Você tem medo de que esta condenação abra
precedentes para novas condenações?
Kajuru – Com certeza. Os jornalistas que não gostam
de mim deveriam pensar que eles podem ser os próximos a
sofrerem uma condenação. Este é um precedente
gravíssimo e os colegas deveriam se conscientizar da gravidade
disso.
CONTATO–
Você tem recebido apoio dos colegas de profissão?
Kajuru – Das pessoas que eu respeito e das pessoas de bem,
sim. E é isso o que importa.