Por
Alan Britor
Entrevista:Silvio
Luiz da Costa, professor de Sociologia da Unitau
O global e o local do desenvolvimento
Autor
do livro recém lançado “Taubaté:
o local e o global na construção do desenvolvimento”,
professor Sílvio Luiz da Costa, 37 anos, analisa
a política de expansão industrial da cidade,
programas de incentivos fiscais e geração
de empregos. Mas não se esquece das contradições
que permeiam as relações entre os agentes
sociais, políticos e econômicos envolvidos.
O trabalho nasceu da “necessidade pessoal de ter
como objeto de estudo a realidade onde estava insereido”.
Veja os melhores momentos da entrevista exclusiva para
CONTATO
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Silvio
Costa é licenciado em Filosofia, pós-graduado
em ‘Globalização e Cultura: Sociologia
da Mudança’ pela Escola de Sociologia e Política
de São Paulo; mestre em Ciências Sociais pela
PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo); professor de sociologia no Departamento
de Comunicação Social da Universidade de Taubaté
e na Escola de Política e Cidadania da diocese de
São José dos Campos. Leciona também
na Faculdade Dehoniana, em Taubaté. Costa nasceu
em São Bento do Sapucaí. Morou em Taubaté
e Lorena, hoje reside em Tremembé. |
Qual o retorno do público e da mídia sobre seu livro?
Costa: Já tive um bom retorno tanto dos veículos
de comunicação quanto da comunidade. Houve o interesse
das mídias impressa, televisiva e radiofônica de
saber mais sobre o livro e divulgá-lo.
CONTATO: Qual foi o enfoque da
sua tese de mestrado?
Costa: Sobre a política de incentivos fiscais em Taubaté.
O objetivo era fazer um estudo sobre um tema atual e que também
oferecesse um maior conhecimento sobre nossa realidade. Esse estudo
me permitiu concluir o curso de mestrado na PUC de São
Paulo. Após a conclusão dessa pesquisa o material
acabou virando o livro ‘Taubaté: o local e o global
na construção do desenvolvimento’.
CONTATO: O que distingue sua tese
das outras?
Costa: Nós não temos pesquisas sobre Taubaté
na segunda metade do século 20. Temos um conjunto de estudos
sobre a época do ouro, do café e da CTI (Companhia
Têxtil Industrial). Uma das originalidades do trabalho é
refletir um tema novo. O primeiro capítulo faz uma recuperação
dos outros trabalhos sobre o Vale do Paraíba, procurando
entender como aquilo, que nós vivenciamos hoje, é
de algum modo reflexo da rica histórica de Taubaté.
CONTATO: Quais os principais autores
utilizados no seu mestrado?
Costa: Primeiro, os autores que pesquisaram sobre o Vale do Paraíba
como Fábio Ricci, José Carlos Sebe, Maria Alice
Ribeiro e Paulo San Martins. Depois, fiz um estudo sobre as teorias
do desenvolvimento com o apoio de textos de Celso Furtado como
‘O mito do desenvolvimento econômico’; do economista
indiano Amartia Sen, ‘Desenvolvimento com liberdade’;
e outro do [Giovanni] Arrighi, ‘A ilusão do desenvolvimento’.
Um último texto que utilizei foi sobre o desenvolvimento
regional de Santa Catarina. Ele mostra que o crescimento de uma
cidade deve ser feito de maneira transparente e com a participação
das principais forças sociais locais.
CONTATO: Quais foram os interlocutores
que estiveram presentes no seu trabalho?
Costa: Foram utilizadas basicamente três fontes de dados.
Primeira, o material fornecido pelo GEIN [Grupo de Expansão
Industrial, da prefeitura], responsável por gerenciar o
processo de atração de empresa ao município.
Segunda, a Câmara Municipal, onde fizemos um levantamento
de todos os processos de doação de áreas
na década de 90. Por último, fizemos algumas entrevistas
nos distritos industriais, onde tivemos a oportunidade de conversar
com os responsáveis pelas empresas.
CONTATO: O que fez com que o senhor
transformasse sua tese em livro?
Costa: Essa era uma dívida que eu tinha comigo, com as
comunidades taubateana e valeparaibana. Diversos amigos e profissionais
de comunicação questionavam se teriam acesso a esse
material. Publicar o livro foi realizar um compromisso de tornar
público uma pesquisa sobre o desenvolvimento econômico
de Taubaté.
CONTATO: Quais as conclusões
que o senhor chegou com o término da pesquisa?
Costa: São várias. A política de incentivo
fiscal, voltada à atração de empresas para
Taubaté, é uma política que traz benefício
ao município. Por tanto, isso demonstra algumas conquistas
como a geração de empregos, o aumento da receita
fiscal da cidade e a dinamização dos setores de
serviço. Por outro lado, é importante reconhecermos
que essa política tem seus limites. [O primeiro é
que] os empregos gerados estão aquém da necessidade
e da promessa. [O segundo] mostra que apenas cerca de 20 % das
empresas que recebem doações de área chegam
a instalar-se no município. O terceiro é a dificuldade
dessa política de diversificar a própria economia
da cidade uma vez que quase 50 % das doações de
área estão ligadas às montadoras. Nesse sentido,
o trabalho aponta para a necessidade de se desenvolver um debate
em torno da construção do desenvolvimento visando
a dinamização do setor de turismo, atividades rurais
e micro empresas.
CONTATO: Quais as vantagens comparativas
de Taubaté? São suficientes para garantir seu desenvolvimento?
Costa: Devemos considerar que Taubaté está situada
em um local privilegiado. Nas últimas décadas, a
cidade tem conseguido conquistas significativas. Porém,
ainda há muito que avançar. Precisa agora avançar
em termos de desenvolvimento social. Ou seja, maiores investimentos
nas áreas da Saúde, Educação e Lazer
com o objetivo de colocar a população no foco das
políticas públicas.
CONTATO:
Qual a importância da economia do Vale para o Brasil?
Costa: A economia da nossa região sempre esteve ligada
aos grandes ciclos econômicos do país. Desde a época
do ouro, do café até os dias atuais. Com isso, podemos
afirmar que o Brasil é o Vale. Nesse sentido, o Vale do
Paraíba continua sendo referência na economia nacional.