Por
Paulo de Tarso Venceslau
O governo de Roberto Lula Peixoto.
Mutatis
mutantis (literalmente mudado o que deve de ser mudado), é
incrível a semelhança entre o governo federal do PT
de Lula e o municipal do PSDB de Roberto Peixoto. Exagero? Nem um
pouco. É só uma questão de escala. Afinal,
uma foto 3 X 4 dispensa uma foto de corpo inteiro nos documentos
de identidade.
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Qualquer
semelhança não será mera coincidência |
O erro mais grave de Lula é exatamemnte
o mesmo de Peixoto: pensar que é um líder messiânico
e como tal se colocar acima de qualquer suspeita. Messianismo rastaquera
merece uma explicação igualmente miserável
tipo diga-me com quem tu andas que direi quem tu és. Mesmo
os mais poderosos dos mortais devem se preocupar com suas companhias.
Os escândalos enfrentados pelo governo Lula parecem anunciar
o futuro do governo tucano em Taubaté. A dinâmica é
muito pare-cida. Os anúncios são feitos pelos amigos,
pela imprensa e até pelos inimigos. Só não
vê quem não quer. Para o governo petista, bastou um
ano para que emergissem os primeiros escândalos dos quais
o caso Wal-domiro Diniz foi o mais visível. E hoje, dispensa
comentários.
Em Taubaté, nem mesmo janeiro havia se encerrado quando os
primeiros sinais foram emitidos. Reca-dos cifrados e explí-citos
foram enviados para o prefeito. Licita-ções suspeitas
foram suspensas, enquanto outros negócios se concretizaram
apesar dos avisos.
O fogo amigo, tal qual a artilharia petista, foi comandada por cabos
eleitorais de Ber-nardo Ortiz, um respeitado tucano, incon-formados
com os desvios do sucessor que tropeçava nas próprias
pernas. Tal qual Brasília, Taubaté assistiu um tiroteio,
apesar de esperado e anunciado, deflagrado muito antes do tempo
previsto pelos mais otimistas.
O Delúbio Soares há quem prefira o PC de Collor -
do governo local freqüenta o Gadiolli com a mesma desenvoltura
que o professor de matemática, responsável pelas finanças
do PT circula pelos restaurantes brasilienses em conversas com empresários
dos mais variados setores da economia.
Políticos, empresários e formadores de opinião
estão carecas de saber do prato principal servido nesses
almoços e jantares. Mas as semelhanças não
param por aí. Na terra de Lobato, os tucanos insistem em
copiar o modelito petista de governar. Os descon-tentes com o rumo
da nova administração, tal qual os petistas que ficaram
fora das benesses planaltinas, foram generosos na divulgação
dos desmandos que estariam ocorrendo no Palácio Bom Conselho.
A mídia responsável fez questão de informar
e sugerir medidas enérgicas para impedir que o desgaste político
provocasse uma paralizia capaz de afetar a vida do taubateano que
paga imposto. Ouvidos moucos no início deram lugar a pequenas
manobras oportunistas. Fala-se até em um acordo que teria
sido selado recentemente entre antigos e atuais inquilinos do Palácio
Bom Conselho.
O resultado, até o momento, tal qual ocorreu e continua ocorrendo
em Brasí-lia, é o silêncio cúm-plice
dos novos velhos aliados. Apesar do acordo, é sabido que
o rumo administrativo de Taubaté foi man-tido. As decisões
con-tinuam sendo tomadas pelos mesmos que até ontem eram
aponta-dos como responsá-veis por graves des-vios de conduta.
Essa constatação conduz a uma indagação.
Será que os tucanos locais não perceberam que podem
se enredar em problemas semelhantes aos do presidente Lula: saber
de graves problemas e não tomar providências? As implicações
políticas e jurídicas só o tempo vai mostrar
a dimensão e profundidade.
A diferença (esperança?) é que em Brasília
a bomba anunciada já explodiu enquanto que em Taubaté
ela ainda pode ser desativada.
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