Texto e fotos por Alan Brito
Municipalização
do Ensino Fundamental
Professora Solange briga por qualidade no ensino
público
Entrevista
com a professora Solange Assunção de Castro,
diretora da APEOESP
Aquestão
da municipalização do ensino em Taubaté está
tendo grande re- percussão. Pesquisa realizada pela Apeoesp
(Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo) mostra que 82,4% dos professores do ensino fundamental da
rede estadual são contra esta sentença do governo
Peixoto. Em entrevista exclusiva ao Jornal CONTATO, a diretora da
Apeoesp afirma que a cidade precisa de um plano de carreira e um
estatuto do magistério para depois, sim, pensar em municipalização.
CONTATO: Qual o motivo da queda do número
de alunos na rede estadual de ensi-no em Taubaté?
Solange: Desde 2001, a prefeitura tem au-mentado o número
de matrículas na rede mu-nicipal. Isso ocasionou uma diminuição
dos alunos da rede estadual e, conseqüentemente, um inchaço
na rede municipal.
CONTATO: Como está a situação
do ensi-no municipal?
Solange: Piorou bastante. A pre-feitura transferiu muitos alunos
da rede estadual para a rede munici-pal. Isso superlotou as salas
de au-la. Há salas da rede municipal com 50 alunos.
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CONTATO:
Qual a opinião da Apeoesp sobre a municipalização
do ensino na cidade?
Solange: A Apeoesp tem uma posição total-mente contrária
em todo o Estado. Temos uma opinião clara desde 1997, quando
come-çaram com a municipalização. Em Taubaté,
o problema é ainda mais grave. O município não
tem secretaria de educação municipal, não possui
plano de carreira para os profes-sores, não tem estatuto
do magistério, nem plano municipal de educação.
Seria o mínimo que a cidade deveria ter para depois discutir
a questão da municipalização. A prefeitura
não possui um projeto educacional para Taubaté.
CONTATO: A Apeoesp é fa-vorável a implantação
do estatuto do magistério em Taubaté?
Solange: Desde o governo passado, estamos lutando pe-lo plano de
carreira e estatuto do magistério. Isso é de suma
importância. O professor não pode ser contratado e
só receber pela aula dada sem direito algum.
CONTATO: Há exemplos de cidades onde não
deu certo a municipalização?
Solange: Inúmeras. Diadema foi o primeiro caso. Depois de
ter municipalizado o ensino, eles tentaram voltar ao modo antigo
porque o gasto era muito maior do que a verba repassada pelo Fundef
(Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental), mas tive-ram problemas.
São José dos Campos é outro exemplo.
CONTATO: A prefeitura pretende, até agosto,
assumir todos os alunos do ciclo 1 da rede estadual. Por quê?
Solange: No caso de Taubaté, estão só pen-sando
no dinheiro do Fundef. Na cidade não há um projeto
educacional adequado. O pro-fessor Prado [diretor do Departamento
de Cultura e Ensino] disse que está com dificul-dades na
manutenção dos prédios munici-pais. Sendo assim,
como é que a adminis-tração municipal vai se
responsabilizar por mais seis salas?
CONTATO: O que deve ser feito com as salas ociosas
da rede estadual?
Solange: Nós reivindicamos a manutenção de
no máximo 35 alunos por sala, com obje-tivo de chegar a 25.
[Isso tornaria] possível fazer um trabalho diferenciado com
os alu-nos e ter uma escola de qualidade.
CONTATO: Qual a opinião dos profes-sores
da rede estadual do ensino funda-mental sobre a municipalização?
Solange: O prefeito disse que seria feita a municipalização
a pedido dos próprios pro-fessores. No entanto, pesquisa
realizada pela Apeoesp mostrou que 82,4% desses profes-sores são
contrários a municipalização.
CONTATO:
O que a Apeoesp pretende fazer?
Solange: Estamos realizando debates com os professores e com a comunidade
para escla-recer qualquer dúvida. O próximo passo
será uma audiência pública na Câmara.
Já conta-mos com o apoio dos vereadores professor Jéferson
(PT), professora Pollyana (PPS) e Chico Saad (PMDB), que fazem parte
da comissão de educação. É muita irresponsabi-lidade
assumir alunos sem ter nenhum pro-jeto pedagógico.
Professora Solange de Castro critica a política
educacional
de Peixoto
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