Por Jorge Fernandes



Chico Tulha, presidente do Esporte Clube Taubaté
Os cartolas já deixaram vários clubes dos mais tradicionais, tanto no Brasil como no exterior, em situações tão constrangedoras quanto a vivida atualmente pelo Esporte Clube Taubaté. Flamengo e Vasco da Gama são exemplos recorrentes no noticiário esportivo brasileiro quando aborda crises financeiras. Na Itália e na Argentina, clubes importantes do futebol decretaram falência devido ao acúmulo de dívidas. O Taubaté vive a mesma situação. A dívida do Burrão gira em torno dos R$ 3 milhões, mas a presidência do clube afirma que o valor bruto aproximado está em torno de R$ 2,5 milhões. Um conselheiro, porém, afirma que são exatos R$2,83 milhões, apresentados na reunião de conselheiros e dirigentes do ECT, na terça-feira, 14. Só ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) a dívida chegou no último mês de março a R$ 1.711.840,49.
Chico Tulha, presidente do Esporte Clube Taubaté, não revelou qualquer preocupação com a situação finaceira do clube quando recebeu nossa reportagem. Logo no início, afirmou que “não tenho medo nenhum que o clube feche”. E sentenciou: “esta possibilidade não existe”. Passados os momentos dedicados para afirmar sua segurança e confiança, Chico Tulha esmiuçou os fatores que levaram o clube a essa vertiginosa dívida e traçou os planos para sair da areia movediça. “Vamos tirar o clube dessa situação. Temos planos A, B e C”, afirmou. Para o presidente, as rédeas estão fora de controle já há algum tempo, mas não existe um responsável direto senão as crises financeiras. “Ninguém é culpado pelo que está acontecendo e, sim, as dificuldades econômicas. Além disso, não estamos atrás de culpados, mas de soluções. O clube é um condomínio e eu sou o síndico”, avalizou.
Na reunião de terça-feira, 14, participaram conselheiros e dirigentes do Burrão para disctuir saídas para o clube. Concluíram que somente por meio de parcerias o Esporte conseguirá sair das pendências capitais. De acordo com Tulha, formou-se na reunião uma Comissão de Elite capitaneada por Toninho Abud, Hodges Danelli Filho, Brasil Natalino, além do próprio presidente. Esta comissão buscará parceria com o Poder Executivo municipal. “Fui autorizado pelo Conselho Deliberativo do clube a solicitar parceria junto à Prefeitura Municipal e, se nada acontecer, vamos partir para empresas da região”, salientou Chico Tulha.

Dívidas
Segundo Tulha, “essa dívida não tem nada a ver com a MECA Sport’s. Isso tem que ficar bem claro”. De acordo com o presidente, “o futebol não dá prejuízos e todas as despesas referentes ao futebol são quitadas pela tercerizadora”. Mais adiante, afirmou que as dívidas são referentes a pendências com o INSS, fundo de garantia e dívidas trabalhistas do passado. Só na justiça correm sete processos contra o clube. “A dívida é de muitos anos e está sendo acionada agora porque o INSS está cobrando os grandes devedores”, acrescentou.
Antônio Luis Ravani, ex-presidente do Esporte Clube, corroborou a afirmação de Tulha de que as dívidas são antigas. Além disso, apresentou documentos que comprovam que no período em que esteve à frente do Burrão – novembro de 1997 a dezembro de 2003 – quitou dívidas antigas referentes a ações civis e trabalhistas. Agora, os débitos remanescentes de encargos sociais, INSS e fundo de garantia não foram pagos. “Não saldei um centavos dessas dívidas porque a receita era inferior a folha de pagamento”, ressaltou Ravani. Entretanto, o ex-presidente afirmou que em sua gestão a tercerizadora esteve em débito com o clube.
Crítico da atual administração, Ravani disse ainda que essa diretoria preocupa-se apenas com as despesas da própria gestão. “O Chico Tulha está mirando sua gestão e não está interessado em pagar as dívidas anteriores sendo que eu consegui quitar grande parte daquelas dívidas”, afirmou. Ravani salientou ainda que quando assumiu a presidência, a dívida girava em torno de R$ 850.977,95, negociou em R$ 233.479,62 mil e pagou R$ 218.809,58 mil. Contudo, toda essa disposição acabou. Antonio Luis Ravani afirmou categoricamente que “nunca mais voltarei à presidência do Esporte Clube Taubaté, pois o que tinha que fazer pelo clube, eu fiz”.

Situação
Brasil Natalino, presidente do Conselho Deliberativo, concordou com a avaliação de Chico Tulha e afirmou que a atual mesa diretora está tapando os buracos. “O Chico Tulha está quitando as dívidas de sua administração”, frisou Natalino.
Tulha faz questão de provar que a conta para resolver equação da dívida é fácil. Basta pagar, por exemplo, as despesas referentes ao mês de janeiro de 2003, 2004 e 2005. “Essa solução encontrada [permitirá] chegarmos ao final deste ano, [quando] estaremos com dívidas dos últimos três anos quitadas. [Portanto] de 2003 para cá a situação está sob controle”, afirmou Chico Tulha.
Apesar dessa demonstração de confiança, o presidente do Esporte Clube Taubaté afirmou com todas as letras que “o clube hoje está deficitário devido à queda no número de sócios”. Estima-se que hoje o Esporte Clube possui aproximadamente 300 sócios. Ele ainda reconheceu os erros que levaram o Burrão a afundar em dívidas. Mas disparou cobras e lagartos à imprensa esportiva de Taubaté. “A mídia criou um alarde sobre isso porque não tinha informações verdadeiras. Foi uma verdadeira metralhadora giratória”, lamentou Chico Tulha.


Antonio Luis Ravani, ex-presidente do Burro da Central

Futebol
Mesmo não sendo responsável direto pelas dívidas acumuladas no decorrer dos últimos anos, o futebol é um atrativo financeiro na contabilidade do clube. Se tivesse alçado vôos maiores e colocado o clube na elite do futebol paulista, as cotas de televisão girariam quase dez vezes mais do que os valores praticados atualmente e os recursos oriundos dos patrocinadores duplicariam. Mas a realidade é outra. Diante da realidade que conduz para mais um ano, pelo menos, na fila de espera, ao presidente do Esporte Clube Taubaté restou apenas uma triste e conhecida conclusão: “Vamos ficar parados até novembro – período em que a MECA começa a montar o time para o próximo ano”
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