Chico Tulha, presidente do Esporte Clube Taubaté |
Os cartolas já deixaram vários
clubes dos mais tradicionais, tanto no Brasil como no exterior,
em situações tão constrangedoras quanto a
vivida atualmente pelo Esporte Clube Taubaté. Flamengo
e Vasco da Gama são exemplos recorrentes no noticiário
esportivo brasileiro quando aborda crises financeiras. Na Itália
e na Argentina, clubes importantes do futebol decretaram falência
devido ao acúmulo de dívidas. O Taubaté vive
a mesma situação. A dívida do Burrão
gira em torno dos R$ 3 milhões, mas a presidência
do clube afirma que o valor bruto aproximado está em torno
de R$ 2,5 milhões. Um conselheiro, porém, afirma
que são exatos R$2,83 milhões, apresentados na reunião
de conselheiros e dirigentes do ECT, na terça-feira, 14.
Só ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) a dívida
chegou no último mês de março a R$ 1.711.840,49.
Chico Tulha, presidente do Esporte Clube Taubaté, não
revelou qualquer preocupação com a situação
finaceira do clube quando recebeu nossa reportagem. Logo no início,
afirmou que “não tenho medo nenhum que o clube feche”.
E sentenciou: “esta possibilidade não existe”.
Passados os momentos dedicados para afirmar sua segurança
e confiança, Chico Tulha esmiuçou os fatores que
levaram o clube a essa vertiginosa dívida e traçou
os planos para sair da areia movediça. “Vamos tirar
o clube dessa situação. Temos planos A, B e C”,
afirmou. Para o presidente, as rédeas estão fora
de controle já há algum tempo, mas não existe
um responsável direto senão as crises financeiras.
“Ninguém é culpado pelo que está acontecendo
e, sim, as dificuldades econômicas. Além disso, não
estamos atrás de culpados, mas de soluções.
O clube é um condomínio e eu sou o síndico”,
avalizou.
Na reunião de terça-feira, 14, participaram conselheiros
e dirigentes do Burrão para disctuir saídas para
o clube. Concluíram que somente por meio de parcerias o
Esporte conseguirá sair das pendências capitais.
De acordo com Tulha, formou-se na reunião uma Comissão
de Elite capitaneada por Toninho Abud, Hodges Danelli Filho, Brasil
Natalino, além do próprio presidente. Esta comissão
buscará parceria com o Poder Executivo municipal. “Fui
autorizado pelo Conselho Deliberativo do clube a solicitar parceria
junto à Prefeitura Municipal e, se nada acontecer, vamos
partir para empresas da região”, salientou Chico
Tulha.
Dívidas
Segundo Tulha, “essa dívida não tem nada a
ver com a MECA Sport’s. Isso tem que ficar bem claro”.
De acordo com o presidente, “o futebol não dá
prejuízos e todas as despesas referentes ao futebol são
quitadas pela tercerizadora”. Mais adiante, afirmou que
as dívidas são referentes a pendências com
o INSS, fundo de garantia e dívidas trabalhistas do passado.
Só na justiça correm sete processos contra o clube.
“A dívida é de muitos anos e está sendo
acionada agora porque o INSS está cobrando os grandes devedores”,
acrescentou.
Antônio Luis Ravani, ex-presidente do Esporte Clube, corroborou
a afirmação de Tulha de que as dívidas são
antigas. Além disso, apresentou documentos que comprovam
que no período em que esteve à frente do Burrão
– novembro de 1997 a dezembro de 2003 – quitou dívidas
antigas referentes a ações civis e trabalhistas.
Agora, os débitos remanescentes de encargos sociais, INSS
e fundo de garantia não foram pagos. “Não
saldei um centavos dessas dívidas porque a receita era
inferior a folha de pagamento”, ressaltou Ravani. Entretanto,
o ex-presidente afirmou que em sua gestão a tercerizadora
esteve em débito com o clube.
Crítico da atual administração, Ravani disse
ainda que essa diretoria preocupa-se apenas com as despesas da
própria gestão. “O Chico Tulha está
mirando sua gestão e não está interessado
em pagar as dívidas anteriores sendo que eu consegui quitar
grande parte daquelas dívidas”, afirmou. Ravani salientou
ainda que quando assumiu a presidência, a dívida
girava em torno de R$ 850.977,95, negociou em R$ 233.479,62 mil
e pagou R$ 218.809,58 mil. Contudo, toda essa disposição
acabou. Antonio Luis Ravani afirmou categoricamente que “nunca
mais voltarei à presidência do Esporte Clube Taubaté,
pois o que tinha que fazer pelo clube, eu fiz”.
Situação
Brasil Natalino, presidente do Conselho Deliberativo, concordou
com a avaliação de Chico Tulha e afirmou que a atual
mesa diretora está tapando os buracos. “O Chico Tulha
está quitando as dívidas de sua administração”,
frisou Natalino.
Tulha faz questão de provar que a conta para resolver equação
da dívida é fácil. Basta pagar, por exemplo,
as despesas referentes ao mês de janeiro de 2003, 2004 e
2005. “Essa solução encontrada [permitirá]
chegarmos ao final deste ano, [quando] estaremos com dívidas
dos últimos três anos quitadas. [Portanto] de 2003
para cá a situação está sob controle”,
afirmou Chico Tulha.
Apesar dessa demonstração de confiança, o
presidente do Esporte Clube Taubaté afirmou com todas as
letras que “o clube hoje está deficitário
devido à queda no número de sócios”.
Estima-se que hoje o Esporte Clube possui aproximadamente 300
sócios. Ele ainda reconheceu os erros que levaram o Burrão
a afundar em dívidas. Mas disparou cobras e lagartos à
imprensa esportiva de Taubaté. “A mídia criou
um alarde sobre isso porque não tinha informações
verdadeiras. Foi uma verdadeira metralhadora giratória”,
lamentou Chico Tulha.
Antonio Luis Ravani, ex-presidente do Burro
da Central |
Futebol
Mesmo não sendo responsável direto pelas dívidas
acumuladas no decorrer dos últimos anos, o futebol é
um atrativo financeiro na contabilidade do clube. Se tivesse alçado
vôos maiores e colocado o clube na elite do futebol paulista,
as cotas de televisão girariam quase dez vezes mais do
que os valores praticados atualmente e os recursos oriundos dos
patrocinadores duplicariam. Mas a realidade é outra. Diante
da realidade que conduz para mais um ano, pelo menos, na fila
de espera, ao presidente do Esporte Clube Taubaté restou
apenas uma triste e conhecida conclusão: “Vamos ficar
parados até novembro – período em que a MECA
começa a montar o time para o próximo ano”.
|