Pouca gente sabe, mas a nossa querida Taubaté conta
com um fã muito especial. Trata-se do jornalista Boris
Casoy. Em entrevista exclusiva para Pedro Venceslau, editor
da Revista IMPRENSA e de CONTATO, o âncora do Jornal da
Record revelou que foi na terra de Lobato, mais precisamente
na escola de mesmo nome, que Casoy viveu um dos momentos mais
marcantes de sua vida.
A descoberta foi casual. No final da entrevista Casoy soube
que o repórter é filho de Paulo de Tarso, proprietário
e diretor de redação do Jornal CONTATO. Recordou
que o entrevistara por ocasião do episódio que
envolvia desvios de recursos públicos da prefeitura de
São José dos Campos. O autor dos desvios era Roberto
Teixeira, compadre de Lula e dono da casa onde morou de graça
por cerca de 10 anos o hoje presidente da república.
Quando soube que o Jornal CONTATO é de Taubaté,
Casoy quase não acreditou. “Em Taubaté?
Tenho ótimas recordações de lá”.
Boris Casoy foi um bom estudante no ginásio. Mas, no
colegial, as coisas não iam nada bem. Corria o ano de
1959, e o jovem estudante, então com 18 anos, percebeu
que ia repetir de ano pela segunda vez, no 2º colegial.
"Eu estava totalmente desinteressado", conta.
O único jeito de, segundo o próprio Bóris,
"a bomba não estourar, de empurrar com a barriga"
foi procurar um curso que não tivesse freqüência,
nem nota – o chamado madureza, ou supletivo, para os íntimos.
Boris Casoy só teria que fazer o exame em escola oficial.
O resto do curso seria feito à distância. O colégio
escolhido foi o Santa Inês, o mesmo supletivo onde estudou
o ex-ministro José Dirceu, na Praça Carlos Gomes,
centro de São Paulo. "Era um lugar pequeno, que
tinha só duas salinhas. Fui lá para levar a coisa
na flauta. Havia um exame que era feito na capital, mas ninguém
recomendava, porque era muito difícil. E havia outro,
que era em Taubaté e diziam ser mais fácil. Só
que essa notícia se espalhou e Taubaté ficou com
essa fama, de ter o exame mais fácil do madureza".
Acompanhe a entrevista.
Contato: O que significou na sua vida essa passagem por Taubaté?
Boris: Foi lá que aconteceu a grande virada da minha
vida. Me senti tão bem preparado no [colégio]
Santa Inês, que nem fiz cursinho para direito. Meu diploma
do secundário, que guardo até hoje e muito me
orgulha e que acabou sendo mais difícil que o próprio
Vestibular, é do colégio Monteiro Lobato. Foi
lá que fiz os exames, que foram dificílimos. Tenho
uma lembrança muito forte de Taubaté.
Contato: Que lembranças você tem da cidade?
Boris: Conheci coisas de Taubaté que se perderam no tempo.
Tinha um serviço de auto-falante, na Praça Dom
Epaminondas, de um sujeito brilhante, que devia ser de esquerda.
Tinha a rua das Palmeiras, que nem deve ter mais palmeiras...Tinha
o TCC. A cidade era muito provinciana...Há cinco anos
me deu uma nostalgia de uma professora de Taubaté, que
chama Naidiu Moreira de Moura. Depois do curso, ainda voltei
muitas vezes em Taubaté por causa da feira da Breganha,
que tinha junto do mercado. Você vê que o conheço
bem a cidade (risos)...Eu me lembro até do cheiro de
Taubaté.
Contato: Você chegou a passar bastante tempo na cidade?
Boris: Eu só tinha que ir fazer os exames. Mas, cada
vez que ia fazer o exame, tinha que ficar pelo menos 15 dias
em Taubaté. Também fui antes para conhecer. Devo
ter ficado uns 50 dias em Taubaté.
Contato: Onde você morava na cidade?
Boris: Eu morava em um hotel chamado "Metro", na rua
Visconde de Rio Branco, que era um hotel de viajantes. Acho
que nem existe mais...(hoje é o supermercado Pão
de Açucar) Me lembro bem também do "Burro
da Central"...Aliás, você sabe por que o E.C
Taubaté tem esse nome?
Contato: Por quê?
Boris: Porque em uma final de campeonato, quando o time foi
para a 1º divisão, eles escalaram um cara que não
estava registrado na Federação.
Vista
do Bosque, hoje praça da Eletro, lugar em que Boris
Casoy acreditava ser uma floresta |
Contato: Quais outros lugares marcaram essa passagem?
Boris: Tinha uma praça, acho que chamavam de "Bosque",
onde fizeram um Pão de Açúcar, sob protestos
gerais. Tem um cemitério enorme. Ainda existe a Breganha?
Acho que foi engolida por uma feira mesmo, mas era um lugar
muito gostoso. O pessoal "breganhava" dentadura, bicicleta...Tinha
cantador, os santeiros...
Contato: Ainda não acabou...
Boris: Tenho esse vínculo com a cidade...De vez em quando
eu falo: "vou para Taubaté"...Me lembro muito
da Rádio Difusora, no larguinho, e da Rádio Cacique.
Ainda existem essas rádios?
Contato: A Difusora está lá, firme e forte. A
Cacique foi comprada pela Joven Pan...
Boris: A Difusora tinha ondas curtas, pegava no Brasil inteiro.
Me lembro do locutor: "RRRRRÁDIO DIFUSORA DE TAUBATÈ...".
Eu adoro interior, mas Taubaté é muito especial
para mim. A gente cantava assim: "E, Taubaté, só
não passa quem não quer". A gente viajava
pela Pássaro Marrom. E era Via Dutra, uma pista só...Uma
ida e uma volta. Era risco de vida.
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