A
queda-de-braço entre Luciana Peixoto e Jandyra Ortiz
vem se evidenciando desde os primeiros dias do governo Peixoto.
Documentos obtidos por CONTATO comprovam a existência
de desentendimentos e problemas na escola Madre Cecília
como também a frágil relação entre
as duas.
No dia 2 de março, Jandyra Ortiz, então diretora
do Madre Cecília, recebeu uma carta assinada por A.P.F.P.B,
mãe da menor M.P.B., pedindo providências em relação
à conduta indevida de funcionários responsáveis
pelo estacionamento. Teriam ameaçado cortar sua filha
da lista de atendidos. No dia 14, Jandyra Ortiz comunica o fato
à direção do DAS através de um memorando
à Luciana Peixoto, no qual pede ajuda.
Jandyra Ortiz mexe sua rainha no xadrez político |
A
triagem (reclassificação dos pacientes) estaria
ocupando os funcionários e impedindo o atendimento fonoaudiológico,
psicológico e fisioterápico, paralisados temporariamente.
No texto, Jandyra faz um alerta sobre o risco de uma intervenção
judicial por falta de atendimento na entidade. Junto com esse
documento, Jandyra envia uma cópia à diretora
do DAS com a resposta fornecida à mãe da menor
M.P.B., em relação às providências
tomadas pela direção. Esses fatos, hora ou outra,
estariam à mostra.
No dia 13 de maio, Luizinho da Farmácia (PDT) fez uma
visita de rotina à escola Madre Cecília para averiguar
a existência de problemas que estariam ocorrendo na entidade
assistencial, como a falta de recursos humanos e materiais –
o que estaria inviabilizando o atendimento. Quatro dias depois
da visita, Luizinho encaminhou o requerimento nº 938/05
ao prefeito Roberto Peixoto, pleiteando, em caráter de
urgência, a aquisição de automóvel
e contratação de fisioterapeuta, fonoaudióloga,
psicóloga e uma estagiária de Assistente Social.
Na Câmara, em discurso inflamado na tribuna, dia 17, Luizinho
aventou a possibilidade de instalação de uma Comissão
Especial de Inquérito (CEI) para apurar a situação
da escola. O requerimento escrito, embora muito mais ameno do
que o discurso, não foi atendido, mas teria causado incômodo
dentro do DAS e da própria prefeitura. A gota d’água
que faltava, portanto, teria sido o discurso do vereador. A
repercussão do assunto foi imediata; a reação
da administração tucana, também.
Procurada no dia 23 de maio pela repórter Ana Luiza Stipp,
do site Taubaté NetNews, para falar sobre o pronunciamento
de Luizinho, Jandyra disparou chumbo grosso contra o seu então
aliado. Entre outras afirmações, diz que Luizinho
“não tem pedigree (...) não está
no seu juizo normal (...) faltou com a verdade, torceu os fatos
(...) vai ter de responder publicamente, juridicamente (...)
vai responder na Justiça”. Motivo desse ataque:
o discurso feito por Luizinho da tribuna que teria extrapolado
os limites da conversa havida com Jandyra e concretizada no
requerimento formal e respeitoso de 17 de maio, no qual indaga
sobre a aquisição de automóvel e a contratação
de profissionais.
A entrevista, porém, foi gravada por funcionárias
do Madre Cecília e seu conteúdo enviado à
Luciana Peixoto. A entrevista nunca foi publicada pelo site
Taubaté Net News. Curiosamente, esse fato veio a público
na sexta-feira, 24, quando a primeira-dama convidou o vereador
Luizinho para ouvir e receber uma cópia da entrevista
concedida por Jandyra. O vereador havia feito declarações
em defesa de Jandyra, depois que a ex-diretora do Madre Cecília,
informou, após sua exoneração, que irregularidades
administrativas estavam sendo praticadas dentro da unidade.
Eis a razão do convite solitário ao edil.
Desde 24 de maio, Jandyra Ortiz, afastada da direção
da escola, fora substituída pela professora Rosana Aparecida
Guimarães. A ex-diretora do Madre Cecília foi
comunicada apenas no dia seguinte por meio de um memorando assinado
pela diretora do DAS. Nele, Luciana Peixoto determinou a suspensão
“de qualquer atendimento político e pedagógico
que não seja autorizado pela diretora Rosana Aparecida
Guimarães”.
O fato foi interpretado por CONTATO como mais um passo para
isolar os parlamentares dos movimentos sociais e associações
de moradores. O discurso de Jacir Pereira da Cunha, ex-escudeiro
de Mário Ortiz, na terça-feira, 7, na Tribuna
Livre da Câmara seria mais uma prova, conforme apontamos
em nossa edição nº 226.
Consultada, Jandyra não nega a entrevista concedida para
a repórter Ana Luiza Stipp. Afirma, porém, que
foi em outro contexto.
A partir de 1º de julho, o Legislativo entra em recesso
até o dia 3 de agosto. Ainda não há uma
data definida para que a primeira-dama seja ouvida. Em julho,
muita conversa vai correr sob a ponte do Paraíba. As
tropas do ex-prefeito Bernardo estão se mobilizando armadas
até os dentes. Ano que vem teremos eleições.
Esses pontos poderão acirrar ou apaziguar os ânimos.
De qualquer, o segundo semestre promete muita emoção
no cenário político.