Por Pedro Venceslau e Thaís Naldoni

Exclusivo
Ana Paula Padrão desabafa:

"Nem todo mundo acha que a Globo é a última Coca-Cola gelada do deserto".

 

Luiz Gonzaga Mineiro e Ana Paula Padrão se conhecem de outros carnavais. Enquanto ele chefiava a redação do "TJ Brasil", em Brasília, nos áureos tempos do jornalismo do SBT, entre 1988 e 1997, ela brilhava como repórter do Jornal Nacional. E Brasília, como todos sabem, é uma província. "A gente freqüentava os mesmos lugares. Os jornalistas (no DF) vão às mesmas festas, conhecem as mesmas pessoas. Eu, Mineiro, Teresa Cruvinel, Eliane Cantanhêde...a gente formava uma turma de compadres. Brasília era uma grande escola de jornalismo", conta Ana Paula. Nos últimos meses, a dupla tem circulado pelos corredores do SBT contagiando a emissora com a grande novidade da casa para esse ano: o "SBT Brasil", com estréia marcada para agosto. O projeto é a menina dos olhos de Sílvio Santos que, desde 1997, relegou o jornalismo para terceiro plano. Jornal CONTATO e a Revista IMPRENSA passaram um dia acompanhando a movimentação e as obras do departamento de jornalismo. O resultado final da visita, nossos leitores verão na edição de agosto. Nesta entrevista exclusiva para CONTATO e IMPRENSA, Ana Paula fala sobre a nova fase, desmente boatos sobre seu salário e desabafa: "A Globo não é a última Coca-Cola gelada no deserto".

CONTATO: Não vou perguntar sobre seu salário. Seria deselegante. Mas a mídia tem especulado muito sobre isso. A Folha de S.Paulo, na coluna do Daniel Castro, cravou com toda segurança: R$ 400 mil por mês. A revista Ana Maria foi mais modesta: R$ 250 mil mensais. Teoricamente, esse pessoal só pode ter duas fontes: você ou o Sílvio Santos. ..
Ana Paula Padrão: Eles não têm fonte nenhuma. É puro chute. Quem sabe do meu contrato sou eu e o Sílvio Santos. Eles só teriam essas duas fontes para saber do meu salário. Eu não falei com ninguém. O Sílvio também não. Logo...posso te garantir que todos os números publicados pela imprensa estão errados. Não tem um certo.

CONTATO: O grande diferencial do Bóris no SBT foi a opinião, que virou uma marca do noticiário da emissora. Você vai seguir essa linha?
Ana Paula Padrão: Certamente o jornal vai ter opinião. Eu só não acredito em "pitaco".


Luiz Gonzaga Mineiro, Ana Paulo Padrão e Marcos Cripa

CONTATO: Em termos práticos, o que mudou na sua vida com a vinda para o SBT?
Ana Paula Padrão: Aqui (no SBT) é um pouco mais perto de casa. Moro no Alto de Pinheiros, venho pelo Alto da Lapa, caio na Anhanguera, ando mais 6 Km e pronto. É pertinho. Em termos da facilidade do dia-a-dia, aqui é um pouco melhor que a Globo. O SBT é uma cidade. Tem banco, restaurantes ótimos...Eu sou ruim com comida...como pouco. Se tem alguma coisa que não acho bonito já não como, fico sem comer. Na Globo, eu tinha dificuldade para comer. Só ficava uma lanchonete aberta, com pouca opção. Aqui tem praça de alimentação, vária opções. Aqui também tem cabeleireiro...se não deu para fazer a unha durante a semana, faço aqui mesmo, em meia hora. Aqui, eles têm um serviço médico muito bom. Na Globo, o ambulatório fechava às 19:00 horas.

CONTATO:O principal motivo que levou Bóris Casoy a deixar o SBT, em 1997, foi a mudança constante de horário do "TJ Brasil". Será que isso não vai acontecer de novo?
Ana Paula: Não tenho medo disso. O SBT levou a fama de um negócio que acontece por aí. Quem não tem um produto denso, corre o risco de ver os horários mudarem de horário. Se eu não der audiência, vou me curvar às evidências, serei a primeira a propor outro caminho.


Ana Paulo Padrão , Luiz Gonzaga Mineiro e a equipe de jornalismo do SBT

CONTATO: O horário do seu jornal está definido?
Ana Paula: Está, mas eu não vou te contar (risos).


Luiz Gonzaga Mineiro na entrada do estúdio

CONTATO: Qual a diferença de estrutura entre a Globo e o SBT?
Ana Paula: Na questão do jornalismo, a diferença é trabalhar em uma emissora que tem todo departamento pronto e em outra que tem 20 pessoas na redação. É totalmente diferente. Estamos começando uma escola, do zero. No que diz respeito à estrutura da casa, estou sentindo uma diferença para melhor. Aqui as coisas são muito mais desburocratizadas. Os pedidos são atendidos com brevidade. O SBT que aparece na tela não reflete o SBT que eu vejo aqui dentro. Isso aqui é uma cidade. O departamento de RH é sensacional. Nunca vi nada igual. A cenografia é uma fábrica. Você pede um negócio hoje, dois dias depois tem um projeto pronto na sua mesa.

CONTATO: Por que não o SBT da tela não reflete a realidade?
Ana Paula: Porque o que vai para o ar é pouco sofisticado em comparação ao alto nível de sofisticação da mão de obra interna. Os melhores profissionais do mercado estão aqui dentro. A gente não imagina que é assim quando vê o SBT no ar.

CONTATO: O que mais motivou sua saída da Globo: o projeto, o salário ou o horário?
Ana Paula: Tudo derivou da minha necessidade de mudar de horário. Isso virou uma prioridade absoluta na minha vida. Eu estava virando uma pessoa infeliz, pouco produtiva, que não tinha vontade de trabalhar. É muito difícil trabalhar desse jeito. Eu só sei trabalhar feliz, animada. Infelizmente, não aconteceu de eu conseguir essa mudança de horário, com um projeto bacana, na emissora onde eu trabalhava. Graças a Deus, recebi um convite para vir para cá. Se não tivesse ocorrido esse convite, provavelmente estaria infeliz até hoje.

CONTATO: Você ficou chateada com a reação da Globo, que tentou barrar na justiça o negócio?
Ana Paula: Fiquei surpresa. Eu não imaginava que eles gostassem tanto de mim. Acho que a atitude da Globo foi uma estratégia para o público interno. Trabalhei 18 anos lá...foram 18 anos felizes. Tentei outros caminhos, mas chegou a hora de pensar em mim, na minha vida pessoal. Se fechou uma porta, paciência...minha vida pessoal está ótima, meu casamento está bem, minha vida de noite está legal. A vida é feita de prioridades. Nesse momento, a Globo não era minha prioridade. Nem todo mundo acha que a Globo é a última Coca-Cola gelada do deserto.


Prédio da séde do SBT na via Anhanguera

CONTATO: Quando você começou a conversar com o Sílvio Santos?
Ana Paula: Em 1996. Foi nesse ano que o SBT me sondou pela primeira vez. Mas, não era a hora.

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