Presidente
Lula discursa em um dos eventos durante sua visita a Taubaté |
A
LG é uma poderosa indústria multinacional coreana
que, segundo seu comandante para a América Latina, está
assumindo a liderança isolada na produção de
celulares e outros produtos eletro-eletrônicos. Dentro da
planta industrial, naquela terça-feira, 19, chuvosa, o ex-sindicalista
Lula estava acompanhado de Luis Marinho, atual ministro do Trabalho
e até ontem presidente da CUT, e, meio escondido, o Guiba,
velho de guerra, como é conhecido o ex-sindicalista Hegberto
Navarro acomodado em algum alto cargo do governo federal.
A vinda do presidente Lula à Taubaté desencadeou movimentos
inusitados. Paixões e ódios tomaram conta de velhos
aliados agora em campos opostos.
Na frente da LG Eletronics, às margens da via Dutra, sindicalistas
da CUT e militantes do PSOL, formado por ex-petistas recentemente
expulsos da legenda, protestavam contra a presença do presidente
Lula.
No meio da barrafunda, petistas (poucos) envergonhados portavam
faixas e carregavam no peito um adesivo “Tô com Lula,
Contra a Corrupção”, assinado pela CUT/Sindicato
dos Metalúrgicos de Taubaté.
Definitivamente, o movimento sindical encontra-se rachado. Para
Ernesto Gradella, ex-deputado federal petista e dirigente do PSTU,
as CPIs “vão dar em pizza porque mesmo que punam alguns,
a estrutura permanecerá intocada”. O ex-deputado responsabiliza
a CUT – Central Única dos Trabalhadores, o MST –
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e a UNE – União
Nacional dos Estudantes, pela ausência de movimentos de massa.
“Essas entidades viraram chapa-branca”.
Sebastião Florêncio, militante petista, ex-dirigente
sindical, candidato derrotado a vereador nas últimas eleições,
e com adesivo da CUT no peito, não perdia o bom humor mesmo
quando estocado pelas últimas declarações dos
ex-dirigentes petistas nas CPIs que assolam Brasília. Rindo,
Florêncio responde: “Tenho certeza de que todos os culpados
serão punidos”. E se aparecer alguma prova que comprometa
o presidente Lula? “Tenho certeza que Lula não tem
nada a ver com isso”, responde o ex-funcionário dos
Correios.
Esse tipo de manifestação se repete por todo o território
nacional. A crença e a fé em Lula é tanta que
até mesmo a oposição se preocupa em blindá-lo
para evitar que a crise entre por tortuosos e imprevisíveis
caminhos.
A sensação é de que o governo Lula se assemelha
a um balão inflável por gás hélio. Aliados
históricos estão sendo descartados da mesma forma
que o balonista lança fora os sacos cheios de areia usados
como lastros. Sempre que o gás se mostra insuficiente para
mantê-lo no ar, os lastros (aliados) são descartados
e se tornam irrecuperáveis.
Tarso Genro, atual presidente do PT, por exemplo, nunca foi um aliado
de primeira hora de Lula. O aguerrido movimento sindical, por outro
lado, emite sinais que está cada vez mais difícil
a defesa intransigente do Partido dos Trabalhadores.
Entre militantes e ex-militantes petistas está presa na garganta
a mesma pergunta que incomoda todos os níveis da oposição:
o que acontecerá se as CPIs encontrarem provas irrefutáveis
que comprometam irremediavelmente o presidente Lula?
A quase patética manifestação promovida por
aliados e opositores de Lula em frente a LG, por exemplo, poderá
se transformar em um tsunami de efeitos devastadores sobre tudo
e sobre todos. O temor de que isso possa acontecer faz com que a
blindagem a Lula seja cada vez maior.
|