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Por:
Professora Solange de Castro
Municipalização do ensino básico
Professora
Solange de Castro, diretora da Apeoesp – Sindicato
dos Professores do Ensino Oficial do Estado - rebate
as declarações do professor Benedito
Prado, diretor do departamento de Educação,
Cultura e Esporte (DECE) da prefeitura, publicadas
na edição 227 de Contato
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Professora
Solange Castro, diretora da Apeoesp |
“A
entrevista concedida ao jornal CONTATO pelo gerente
da educação municipal Benedito Prado
é realmente um texto digno da administração
Roberto Peixoto. Menos preocupado em fundamentar
suas afirmações, Benedito Prado parte
para o ataque e usa um arsenal de palavras que não
conseguem “demolir” os argumentos apresentados
pela APEOESP, mas almejam apenas desqualificar quem
emitiu esses argumentos, no caso a diretora do sindicato,
professora Solange Castro.
Também não se pode dissociar os argumentos
do gerente da educação de Taubaté
do interesse principal do governo Geraldo Alckmin
em projetos como o da municipalização:
abrir mão dos compromissos com a educação
pública, mesmo que setores importantíssimos
da educação fiquem sob o controle
de prefeituras geralmente despreparadas para o exercício
pleno dessas funções.
No
caso de Taubaté, onde a educação
pública sempre foi tratada conforme caprichos
de seus prefeitos, a proposta de municipalização
aparece exatamente no momento em que o ensino público
local pede soluções para problemas
criados pela falta de visão desses prefeitos
que, sem qualquer planejamento, investiram na criação
de uma rede municipal e “esqueceram”
da existência da ampla rede de escolas estaduais
na cidade. Hoje os resultados dessa falta de visão
e [de] planejamento são as mais de quatrocentas
salas de aulas fechadas, a ameaça real de
fechamento de escolas, a quantidade escandalosa
de professores que trabalham fora da cidade com
todas as conseqüências que esse fato
traz para a vida pessoal do professor e para a qualidade
da educação.
Portanto, é fácil constatar que a
proposta de municipalização não
significa solução para esses e outros
problemas vividos pela educação pública
local, mas significa contribuição
decisiva para o seu agravamento. Porém, a
certeza que se tem é que a política
adotada pela prefeitura, em íntima parceria
como o Estado, é a de fazer vistas grossas
para essa realidade.
O que a administração de Roberto Peixoto
procura esconder, da mesma maneira que a entrevista
do professor Prado, é a situação
absurda que se criou na cidade onde o patrimônio
publico (408 salas de aulas) está escandalosamente
abandonado como se fosse lixo e não tivesse
custado dinheiro e sacrifício do contribuinte.
Ora, palavras como irracionalidade, infantilidade
e irresponsabilidade, usadas com ênfase por
Benedito Prado, servem apenas para agredir, mas
nada explicam, mesmo que denunciem o desespero de
uma administração que não sabe
como resolver problemas básicos da população
e rebate críticas apelando para argumentos
primários como, por exemplo, o de que “a
população não quer colocar
os seus filhos na rede estadual”.
Ora, a irracionalidade apontada por Benedito Prado
não se encontra nos argumentos da APEOESP,
contrários à municipalização,
mas na prática administrativa de uma prefeitura
que historicamente trata professor como estagiário,
manda para o olho da rua aqueles que reivindicam
direitos ou que são dispensados porque se
afastaram do trabalho para cuidar da saúde.
Irracionalidade é o que vê, por exemplo,
na proposta que os professores estaduais ouviram
da boca do próprio Benedito Prado caso haja
municipalização: nada de licença
prêmio, falta abonada ou HTPC, direitos conquistados
pelo magistério e que na administração
Roberto Peixoto serão jogados em qualquer
cesta de lixo.
Irracionalidade é o que se vê também
nas salas de aulas superlotadas e a carga horária
exaustiva dos professores da rede municipal, fatores
que, absurdamente combinados, acabam arrebentando
a saúde do professor e a qualidade da educação.
Irresponsabilidade é nomear diretores de
escola ou supervisores sem qualquer concurso, usando
muitas vezes como critério para sua escolha
o fato de o mesmo ter algum padrinho político
com trânsito livre pelo Palácio Bom
Conselho ou durante a campanha eleitoral ter arrumado
meia dúzia de votos para o prefeito.
Infantilidade é o discurso de um gerente
de educação (e também professor
de rede pública) endossar o discurso primário
e politicamente atrasado que coloca uma rede em
disputa com a outra, sendo que o correto seria um
discurso e esforços para a existência
de uma rede única de educação,
sem interferências políticas de gente
despreparada, mesmo que ocupem cargos públicos
de reconhecida importância. Enfim, entendemos
que a entrevista do professor Benedito Prado reflete
muito claramente a estreiteza com que algo tão
importante como a educação é
tratada pela prefeitura do senhor Roberto Peixoto.
Naquela entrevista, vale tudo, inclusive negar palavras
ditas anteriormente, como as de uma entrevista concedida
ao Jornal dos Bairros, de 19/03 a 01/04/2005, página
11, onde o próprio Prado admite que a prefeitura
não tem condições de cuidar
das escolas que possui e pretende terceirizar o
serviço de manutenção das mesmas.
Prado nega, assim como Roberto Peixoto, se lhe for
feita a pergunta, deverá negar, que os interesses
que movem a prefeitura na direção
da municipalização estão centrados
nas verbas vindas do FUNDEF, ficando a educação
como conseqüência desses interesses,
ou seja, num segundo plano.
Professora
Solange Castro, diretora da Apeoesp |
É
preciso deixar claro que o desejo do prefeito Roberto
Peixoto e de seu funcionário de confiança,
Benedito Prado, é o de evitar o debate ou
qualquer discussão em torno da municipalização.
Aliás, essa gente adora tomar decisões
sem qualquer discussão pois são defensores
de uma democracia que não suporta viver fora
dos gabinetes e de números e estatísticas,
sempre manipulados conforme as conveniências
do momento.
Essa gente fica nervosa e irritada quando questionada
publicamente e parte para a desqualificação
de seus oponentes. Infelizmente, mesmo sendo homens
públicos, ainda não aprenderam que
desqualificar é uma das maneiras encontradas
para desviar a atenção do ponto mais
importante de um problema. No caso da municipalização,
desqualifica-se quem diverge, exatamente para tentar
esconder a falta de projeto educacional do município
e o desejo incontrolável da prefeitura em
aumentar seus ganhos com a ampliação
das verbas do FUNDEF.” |
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Jornal Contato 2005
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