Por: Marlon Maciel Leme

Quem ganha e quem perde no inverno e nas férias
As atividades econômicas em Taubaté são beneficiadas ou prejudicadas com a chegada do inverno e as férias de julho?



Área central de Taubaté (foto: Ellen Cursino)

A injeção R$ 60 milhões vindos da indústria através da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e a chegada do inverno provocaram interpretações otimistas em alguns setores do comércio de Taubaté. Embora no mês de junho tenha ocorrido queda de 13,3% no volume de vendas em comparação a maio desse ano, a ACIT (Associação Comercial e Industrial de Taubaté) aposta em uma recuperação de 5% em julho, quando comparado ao mesmo período de 2004.
Eletrodomésticos, roupas de inverno e celulares, que tiveram expressiva redução de vendas no semestre, lideraram o ranking dos mais consumidos nos dois últimos meses. Por outro lado, o setor de serviços manteve equilíbrio no período. Dessa vez, a notícia ruim veio da construção civil, onde foram registradas quedas acentuadas no volume de negócios. André Saiki, presidente da ACIT, chamou a atenção para os reflexos da atual crise política. “Se continuar, o problema político vai afetar a economia no varejo”, advertiu.
Para o gerente administrativo do CIESP (Centro das Industrias do Estado de São Paulo), regional de Taubaté, José de Arimathea Campos, qualquer projeção corre o risco de se tornar equivocada. “Não há, nesse momento, como fornecer informações precisas”.
Maria Inês Ferreira Xavier, pesquisadora do NUPES (Núcleo de Pesquisa Economia e Social), vinculado a UNITAU, destaca que a partir do segundo semestre a economia voltará a recuperar o fôlego. “A expectativa é melhor porque é o período de maior liquidez. É quando começa entrar dinheiro na economia com, por exemplo, a restituição do imposto de renda. Isso favorece o comércio”.
A pesquisadora chama a atenção sobre a pouca estabilidade no comércio e os movimentos de oscilação e frisa que boa parte da economia é voltada para os universitários que vivem em Taubaté. “É uma cidade que possui uma economia atrelada a esse universo. E quando eles voltam de férias para as cidades de origem, há um esvaziamento e, com isso, alguns setores sofrem perda. Outros [setores] como hospedagem e transporte, que não são voltados necessariamente para esse público, também sofrem perda no rendimento” comentou.

Restaurantes
Para driblar o fenômeno do período não-escolar e atrair a clientela, alguns comerciantes procuram oferecer novas atrações, alteram seus cardápios e elaboram programação de férias. Para Danilo Ribeiro, proprietário da Dasmah Pizza & Pasta, o movimento nos meses de junho e julho foi considerado 10% abaixo do normal. “Por causa das férias sentimos pequena redução na hora do almoço, de onde sai 80% do nosso faturamento”. Ribeiro, que tem sua clientela concentrada entre funcionários e comerciantes da região central, comenta que a proliferação de restaurantes está acirrando a concorrência no setor. “Os planos de recuperação de capital que projetávamos para três anos, teremos que esticar para quatro. No geral, estamos conseguindo pagar as contas”, disse.
Já na Cantina Gadioli a chegada do frio e o período de férias escolares causaram efeitos favoráveis. Na avaliação da gerência nos últimos dois meses houve acréscimo no volume de atendimento.

Clubes
Em julho, aproveitando as comemorações de São João, o TCC (Taubaté Country Club) promoveu dois dias de festa beneficente que contou com 18 instituições assistências que aproveitaram o espaço para divulgar suas atividades e comercializar seus produtos. Toda arrecadação foi destinada às instituições. A direção do TCC estima que cerca de duas mil pessoas passaram pelo local. O clube também elaborou uma programação especifica para as crianças incluindo brinquedoteca, exibição de filmes e sessões de historias. Para os adultos foram oferecidos torneios de futebol, bailes, apresentação musical ao vivo.

Hospedagem
No ramo de hospedagem, a avaliação feita pela direção do Hotel Fazenda Mazzaropi aponta um certo desaquecimento no setor. A previsão do movimento de hospedes entre junho e julho desse ano é inferior ao volume registrado em 2004. Pelo menos metade dos 118 apartamentos não foram ocupados nas férias.
A direção informou que o movimento de hóspedes no carnaval e no inverno fica abaixo da média registrada de dezembro a fevereiro, período de maior procura por vagas.
O hotel tem como um de seus atrativos o Museu Mazzaropi. Em junho do ano passado, 458 pessoas passaram pelo local. Em julho, o número sobe para 600. Esse ano, as visitas apresentaram movimento 50% inferior em julho, segundo a direção. As visitas são gratuitas, mas devem ser agendadas antecipadamente. O acervo reúne cera de 16 mil peças entre documentos, peças e figurinos utilizados durante as gravações dos filmes produzidos por Amacio Mazzaropi.

Bares
Dono de um dos pontos de encontro mais tradicionais da cidade, o Bar do Pereba, Paulo Santana Camargo completa, em setembro, 13 anos administrando o negócio que atrai uma média de 500 pessoas de quinta a sábado. Para ele, o frio foi um dos principais responsáveis pela redução nas vendas. “Não mudo nada, trabalho sempre do mesmo jeito. A diferença é que reforço a carta de vinhos e coloco algumas massas no cardápio. É normal cair um pouco o movimento nessa época por causa do frio que o pessoal vai procurar em Campos”, comentou.
Com um movimento mensal estimado em seis mil pessoas, o Tangaroa registrou queda de 20% a 25% no movimento de junho. Segundo o gerente, João Batista da Silva, o movimento em julho é o segundo melhor do ano. Antes vem dezembro, quando são registrados recordes de público. Com uma proposta voltada para casais e família, o Tangaroa aproveitou o inverno e investiu em produtos de época. Fondue, vinhos, trutas foram acrescentado ao cardápio para essa temporada de frio. “Trabalhamos só nesse período. Depois tiramos do cardápio”, disse Silva.
Outra maneira encontrada para manter a casa cheia são as festas típicas, como a Noite Mexicana, que aconteceu em julho, e reuniu mais de 700 pessoas, segundo a gerência. “Isso nos ajuda manter a média”.


Comércio no Mecado Municipal (foto: Ellen Cursino)

Informal
No mercado informal, alguns camelôs garantem que o faturamento em julho ficou acima das expectativas. Para Dona Salete, o movimento melhorou bastante. Proprietária da banca nº 59, onde vende cd’s, despertadores e carregadores de celular, a comerciante acredita que faturou algo em torno de 70% a mais, durante as férias escolares.

Shopping
O Shopping Taubaté montou o Espaço Férias, para crianças de 3 a 8 anos, para enfrenta esse período. O gerente, Adriano Capobianco, acredita que 2,4 mil crianças se divertiram com a atração. Oficinas de desenho, pintura, palhaços, jogos, show de malabares também foram oferecidos ao público infantil.
Para atrair o consumidor e liquidar o estoque de inverno, as lojas do shopping realizaram a promoção “72 horas de loucura”, de 22 a 24 de junho. De acordo com Capobiando, nesses três dias, 38 mil pessoas foram ao shopping.
A estimativa é que nesses últimos dois meses o shopping tenha recebido algo em torno de 1,7 milhão de pessoas. De janeiro a junho, as vendas teriam aumentado entre 8% e 10% em relação ao mesmo período de 2004, segundo a gerência, que projeta outros 20% de crescimento para julho.


 


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