Por
Paulo de Tarso Venceslau
No
cravo e na ferradura
Torço,
e muito, para que Roberto Peixoto seja cada dia mais prefeito, com
personalidade própria. Torço para que seu governo
contribua para colocar na prateleira da história o fenômeno
político José Bernardo Ortiz. Torço mais ainda
para que as semelhanças entre o prefeito de Taubaté
e o presidente da República sejam apenas passageiras, fruto
de um início de governo. Por isso mesmo, tomo a liberdade
de registrar alguns sinais alvissareiros e ao mesmo tempo apontar
outros na direção oposta.
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No
cravo
Foram recebidas com alegria as mudanças ocorridas no GEIN
– Grupo de Expansão Industrial. Os capitães
de indústrias da cidade voltaram a sorrir. Fala-se até
na “compra” do passe de um arquiteto que sabe tudo a
respeito de política industrial para fazer parte da nova
equipe agora capitaneada por Alexandre Danelli.
Esse fato pode ser uma indicação de que Roberto Peixoto
caminha a passos largos para uma administração com
marca própria, sem o ranço da imagem do “Velho”,
como é carinhosamente tratado Bernardo Ortiz pelos seus correligionários.
A criação do Departamento de Segurança Pública
Municipal é outra medida que poderá contribuir para
acabar com a famigerada Ronda Municipal. Os novos funcionários
terão que ser aprovados em concurso público. Dificilmente
aquela escória humana que me agrediu covardemente no Aterro
Sanitário terá alguma chance.
Esses dois exemplos podem significar o início da libertação
de Roberto Peixoto da área de influência de seu guru
Ortiz. Se de fato ocorrer, tenho certeza que uma gestão democrática
e mais participativa deixará de ser uma utopia na terra de
Lobato.
Na
ferradura
Infelizmente, nem tudo é mar de rosas. Nosso prefeito e o
presidente Lula, infleizmente, têm muitos pontos em comum.
Não se justificam, por exemplo, os contratos que a prefeitura
tem assinado sem licitação. Vejamos alguns exemplos.
Começou com a compra de equipamento de informática
em janeiro. Em março, foi a vez da concorrência dirigidíssima
para a compra de asfalto a quente. Todo empresário do ramo
sabia qual a empreiteira sairia vencedora. Diante da pressão
da Câmara e de setores da sociedade civil, a prefeitura foi
obrigada a jogar a toalha. Ninguém mais falou em usina móvel
produzida por uma única empresa gaúcha.
Na iluminação pública, contratos assinados
sem licitação com uma empresa de Caraguatatuba continuam
sem explicação. Da mesma forma, as compras de material
didático pedagógico que atingiram a cifra de R$ 2,5
milhões no mês de julho. E agora, a contratação
da agência Opção do Vale Propaganda e Eventos,
sem licitação, conforme processo 25.794/05 da CPL,
no valor orçado de R$ 149 mil. A empresa é de propriedade
Wagner Blásio, amigo pessoal de Roberto Peixoto.
O
grande problema, porém, de Roberto Peixoto, é a já
visível duplicidade de comando. Sem qualquer ranço
machista, foi ele quem recebeu as chaves da cidade. É ele
quem possui a caneta do poder local. Foi nele que a população
votou. Portanto, é inadmíssível que o prefeito
tenha de dividir o poder de mando com a primeira-dama, por mais
companheira que seja. Tampouco ser ridicularizado pela diretora
do DAS na frente de funcionários quando mantém diálogos,
pelo viva-voz, com o marido e compartilha com subalternos as pressões,
às vezes até grosseiras, que exerce sobre ele. Já
são tantas as histórias que o espaço de todo
o jornal talvez seja insuficiente para relatar nosso repertório
de casos comprovados.
Por tudo isso, continuarei a torcer pelo sucesso de Roberto Peixoto
sem abrir mão, apesar das pressões que sofro, de exercer
com liberdade o direito conquistado de informar o prefeito, a Câmara
e, principalmente, os munícipes que pagam impostos que sustentam
nossas autoridades em todos os níveis.
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