Por:
Paulo de Tarso Venceslau e Marlon Maciel Leme
Fotos: Jorge Fernandes
Professor
Jeferson Campos
Vereador (PT)
“O
PT vai passar por uma oxigenação”
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O
único vereador petista na Câmara Municipal, ainda
não perdeu a esperança. Acompanha com profunda
tristeza os acontecimentos em Brasília e acredita que
a saída honrosa para o PT seria revigorar militância
da legenda. Quanto a Lula, ainda crê que o presidente
não está envolvido nos escândalos tornados
públicos. Já na política municipal, Jeferson
qualifica a gestão tucana como, no mínimo, preocupante.
E sentencia “Ser primeira-dama é uma coisa e
ocupar cargo de diretora do DAS [Departamento de Ação
Social] é outra coisa. Quem foi eleito foi o prefeito”. |
Contato:
Qual a sua visão da crise vivida pelo PT?
Jeferson: É lamentável pela própria história
do partido que sempre lutou pela transparência, ética
e honestidade.
Contato:
Onde está a gênese desta crise?
Jeferson: Na centralização do poder na mão
de uma pessoa só [Delúbio Soares] e no grupo do qual
ele faz parte. É poder demais para um grupo. Ele [Delúbio]
não fez nada sozinho. Isso acabou complicando a história
do partido que tomou medidas – e vamos deixar bem claro –
que não foram medidas do partido e sim do pequeno grupo que
acaba manchando a história do partido.
Contato:
Esse pequeno grupo é conhecido como Campo Majoritário.
O vereador faz parte desse Campo?
Jeferson: Não. Nós apoiávamos o Carlinhos de
Almeida. Em virtude dos acontecimentos, eu retirei meu nome da chapa
que vai disputar e me tornei independente até para ter mais
liberdade para fazer uma avaliação mais coerente.
Pedi desligamento do Campo Majoritário porque tem que haver
expulsão dos envolvidos. E também para que eu possa
observar o desenrolar dos fatos.
Contato:
Haverá uma dissolução das correntes internas
do PT?
Jeferson: Não. Acho que vai ter um fortalecimento. O partido
vai passar por uma oxigenação. As disputas serão
mais acirradas.
Contato:
Tem alguma intenção de sair do PT?
Jeferson: Nenhuma. Ajudei a construir o PT em Taubaté bem
antes da minha filiação ao partido. Temos que lutar
pela expulsão de quem pisou na bola. Não sou eu que
pede isso. É a militância.
Contato:
Essas denúncias refletem no seu trabalho de vereador?
Jeferson: É doído. As pessoas acabam generalizando
ainda mais por causa do meu nome que é Jéferson. É
triste porque a gente sente a reação da população.
Contato:
Vocês, dentro do PT, não percebiam isso?
Jeferson: A generalização de que todos nós,
petistas, sabíamos ocorre em virtude da própria centralização
de poder. Nós não sabíamos.
Contato:
Vocês acompanharam o acordo de Antônio Mário
com o PT?
Jeferson: Quando nós defendemos a coligação
– eu defendi a coligação – entendíamos
que era o momento que o PT poderia ocupar espaço. O que foi
falado na prática foi outro.
Contato:
Como assim?
Jeferson: Na teoria, dentro da composição, nós
teríamos espaço no programa eleitoral. O PT, pelo
contrário, apareceu poucas vezes no programa eleitoral, raríssimas
vezes. O nosso vice, Salvador Kuriyeh, participou poucas vezes.
E no dia-a-dia da campanha, se ouvia ‘Pô, falaram uma
coisa e na prática foi outra’.
Contato:
Qual era a explicação dava?
Jeferson: Que estava sob o comando do [partido] majoritário,
do PMDB. Lembro de uma carreata em que nem bandeira do PT tinha.
Foi uma coisa lamentável.
Contato:
O PT em Taubaté nunca teve uma expressão muito grande.
Qual é a explicação?
Jeferson: Está faltando uma ligação do partido
com as comunidades, com os grupos organizados. O partido tem que
se abrir e está se abrindo agora. Tem que ser um partido
de base e não de grupo contra grupo. Tem que ser um partido
de militância. Quem tem espaço tem que ter voto. As
disputas entre grupos acabaram fragmentando o PT em Taubaté.
Contato:
Qual sua avaliação da Câmara Municipal?
Jeferson: Positiva. Nós estamos fazendo uma oposição
coerente. Não adianta falar só por falar. Isso acaba
depreciando o mandato. Sou cobrado pelos meus eleitores. Se o prefeito
envia um projeto que é bom, por que vou votar contra? Temos
que se ter essa humildade.
Contato:
É possível fazer uma oposição acirrada
e de maneira coerente?
Jeferson: Tranqüilamente. Eu entendo que estou fazendo esse
caminho. Fazemos críticas onde entendemos que há equívoco,
como na licitação do asfalto.
Contato:
Hoje, qual sua avaliação do governo Peixoto?
Jeferson: Nada de anormal. Não tem nada diferente. O governo
do atual prefeito tem alguns erros como de licitação
e inexigibilidade – o que é muito sério. Isso
não pode acontecer. Tem que ter clareza na nomeação
de cargos. Está errado o apadrinhamento. E somos cobrados
por isso. É melhor do que o do Bernardo? Melhor por quê?
Em tese, parece uma continuação. Mas, há algumas
questões que nos deixam preocupados.
Contato:
Qual sua avaliação da participação da
primeira-dama no governo?
Jeferson: A primeira-dama tem que ocupar o papel da primeira-dama.
Ser primeira-dama é uma coisa e ocupar cargo de diretora
do DAS [Departamento de Ação Social] é outra
coisa. Quem foi eleito foi o prefeito.
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