da
redação
Ex-prefeito Bernardo Ortiz
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Tudo
indica que não haverá caminho de volta na
relação bastante estremecida entre as duas
principais lideranças políticas tucanas de
Taubaté: o prefeito Roberto Peixoto e o ex-prefeito
Bernardo Ortiz. Peixoto já não esconde o desconforto
de sua indesejada presença no PSDB ao qual ainda
se encontra filiado. Por outro lado, Bernardo não
esconde que seu sucessor optou pelo mesmo caminho de Salvador
Khuriyeh e Antônio Mário, considerados traidores
pelo Velho, como é carinhosamente chamado pelos seus
correligionários. Nessa curta entrevista, o fenômeno
político responsável pelo sucesso e fracasso
das lideranças políticas locais no último
quarto de século, tira todas as possíveis
dúvidas a respeito do governo de Roberto Peixoto,
eleito na reta final da campanha de 2004, graças
à decisiva entrada de Bernardo na campanha eleitoral.
A entrevista original foi concedida à Rádio
Unitau, posteriormente retransmitida por uma rádio
local. CONTATO foi autorizado a publicá-la.
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“Amizade
se paga com amizade e lealdade se paga com lealdade”
CONTATO:
O senhor concorda com a compra de livros sem licitação?
Bernardo Ortiz: “[Antes disso] tentaram fazer uma licitação
com carta marcada para comprar uma usina de asfalto a quente, inteiramente
desnecessário naquele momento. Agora a prefeitura gasta um
R$ 1.575.000,00 na compra de livros. Eu pergunto: porque não
comprou [um aparelho de] ressonância magnética? Porque
não comprou outros equipamento para colocar na área
da saúde? O que esses 70 mil livros comprados sem licitação
representam de benefícios para a comunidade? Nada. Só
servem para fazer propaganda pessoal do prefeito. As pessoas que
orientaram o prefeito nisso (compra de livros) eu diria que foram
desonestas. Não há razão alguma para se imprimir
essa quantidade de livros, por esse preço, e muito menos
sem licitação”.
CONTATO:
Peixoto tem se queixado da falta de espaço e de apoio do
PSDB. Essa queixa tem fundamento?
Bernardo: “Olha, companheiro, o PSDB foi o único lugar
em que ele [Peixoto] teve espaço para a vida pública.
Quando ele estava no PMDB, sob a égide de um grande amigo
dele que era o senhor Ary Kara (deputado federal pelo PTB), ele
[Peixoto] nunca teve espaço. Até que um dia - ele
[Peixoto] que contava isso -, o [deputado] Ary Kara botou o dedo
no nariz dele e disse: “olha você não pode ser
candidato a prefeito porque você não tem dinheiro”.
Dentro do PSDB, ele [Peixoto] se elegeu vice-prefeito e prefeito.
Teve todo staff que ele precisasse. Agora, aquilo que esta acontecendo
é o contrário. O prefeito Roberto Peixoto quer cercear
o espaço de outras pessoas que querem no futuro disputar
as eleições para prefeito”.
CONTATO:
Peixoto não teria solicitado seu apoio para seu governo?
Bernardo: “Um pouco antes da eleição, ele [Peixoto]
procurava a gente: “ajuda, me ajuda”. A mulher dele
abraçava a gente chorando: “ai, me ajuda, por favor,
ajuda a gente, por favor”. Depois que acabou a eleição
nunca mais ele me procurou. Veio falar comigo só uma vez,
em maio desse ano, porque ele foi levado pelo vice-prefeito [Alexandre
Danelli] e pelo [Antônio Roberto] Paolicchi [diretor Maio
Ambiente e Turismo], em São Paulo, para conversar comigo.
Também não sei para que ele foi porque ele não
me deu a oportunidade de falar para ele uma série de coisas
que eu gostaria de ter falado mesmo. Ele [Peixoto] não entende
nada de administração pública. É inteiramente
dominado pela diretora da Ação Social [Luciana Peixoto,
esposa do prefeito]. A diretora da Ação Social manda
nele, faz o que quer, e é uma pessoa que também não
sabe nada de administração publica e que também
não tem respeito pelo erário publico.
CONTATO:
O apoio estaria condicionado às eleições de
2008?
Bernardo: “Não sei se o atual vai cumprir [o que prometeu].
Mas ele me disse que se eu desse meu apoio a ele nas últimas
eleições, ele apoiaria meu filho para prefeito. Mas,
com ou sem o apoio dele [Peixoto], meu filho deve sair candidato.
Meu filho, tenho a impressão que será candidato a
prefeito de Taubaté, nas próximas eleições.
Amizade se paga com amizade, e lealdade se paga com lealdade. Estou
esperando que o prefeito atual não crie problemas para obstar
o [Ortiz] Júnior ser candidato, porque ele se comprometeu
com isso.
CONTATO:
Estariam aí as raízes da perseguição
que Júnior estaria sofrendo na prefeitura?
Bernardo: “A prefeitura de Taubaté vem fazendo sérias
restrições e criando problemas ao [Ortiz] Junior.
Acredito até que fosse possível dialogar com o senhor
Roberto Peixoto desse para dialogar. Mas, infelizmente, ele é
governado pela mulher dele. Ela é quem tem maior peso. E
é ela que não entende nada de administração
pública, e que não cumpre compromissos. Então,
esses são problemas que nós temos em Taubaté.
Eu nunca interrompi mandato para ser candidato a deputado, nem coisa
nenhuma. Me neguei a ser candidato a reeleição porque
acho que é uma coisa imprópria, mas isso não
esta acontecendo lá [na prefeitura]. O senhor Roberto Peixoto
entrou na administração pela ambição
da própria esposa [que já] está fazendo campanha
dentro da administração para a reeleição.”
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