Não haveria nada de mais se os prefeitos que
estão pretendendo carimbar alunos das redes municipais
de São José dos Campos e Taubaté
se decidissem por adotar eles mesmos um uniforme de
trabalho, em tudo semelhante aos que pretendem impingir
aos alunos das redes municipais de ensino de suas cidades.
Se os uniformes servem para minorar gastos com os alunos,
que também se gaste menos e se mostre quais são
as preferências de nossos ilustres prefeitos.
Os jogadores de futebol, nem todos carimbados como gostariam
os dirigentes, já portam em seus traseiros o
patrocínio-bunda que os identifica com marca
responsável por essa parte nobre de seus corpos
atléticos.
Antes da idéia sinistra de carimbar crianças,
todos nós convivemos com os homens-sanduíches
que portavam publicidade de compra de ouro e outras
miçangas menos votadas. Eles carregavam as placas
com um olhar triste de submetidos a uma exposição
menos que digna. Nem sempre sabiam o que faziam, sendo
inábeis para defender os produtos que os vestiam
de alumínio ou folha de flandes.
De cima de sua conhecida genialidade, agora é
Serra, o prefeito de São Paulo e eterno candidato
a presidente quem se ilumina de escuridão e veste
seus alunos de Casa das Cuecas ou Bahia, pouco importando
o que vendam, contanto que minorem despesas com essa
gente, pouco faltando que coloquem seus próprios
nomes como selo de meninos sem idade para compreender
a dimensão da humilhação que lhes
pespegariam os sábios que estão no poder.
Os professores da rede pública – os mais
idosos sobretudo – também poderão
ser atingidos por letreiros que os identificariam com
patrocinadores, nada impedindo que um deles seja o Viagra
ou Cialis, menos Jontex, pois já terá
passado a volúpia irresponsável dos tempos
mais jovens.
O mundo já não teria mais o que descobrir,
diziam os que acreditavam que não haveria mais
nada de novo sob o sol, mas o homem não consegue
abdicar de sua genialidade, o que pode implicar novos
assessos de criatividade, um dia chegando a seus extremos,
ao abolir o anonimato: cada criança receberia,
ao nascer, um chipp sub-cutâneo, com todos os
seus dados. Naturalmente, mediante exposição
de seu patrocinador, uma dessas empresas do Vale do
Silício, por exemplo.
Claro que não falamos em ética e moral,
coisas em desaparecimento e sempre inoportunas.
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