Acabo
de ler o livro sobre a história de Taubaté, editado
por uma editora de fora da cidade, com coordenação
do prof. Prado, (que foi professor de meus filhos e sobre quem só
ouço elogios), e não posso fugir a alguns comentários.
Primeiro, o livro está lindo, bem impresso, as reproduções
dos ilustradores setecentistas e oitocentistas estão perfeitas,
a qualidade do serviço gráfico é excelente,
o papel é ótimo, até aí tudo bem. Lamentável,
sem dúvida, o uso político-propagandista.
Segundo, a informação, não desmentida, de que
foram pagos, sem licitação, um milhão e meio
de reais pela impressão dos 70.000 livros, é assombrosa!
É uma afronta a quem recolhe, como eu, difíceis reais
sugados de minha aposentadoria do INSS para pagar os IPTUs da prefeitura.
Um e meio milhão de reais, mais umas quireras, é dinheiro
pra mais de metro! Como trabalho no meio editorial, andei fazendo
perguntas aqui e ali e cheguei à conclusão de que
metade desse dinheiro pagaria toda a edição, tranqüilamente.
E poderia ser feita em Taubaté, com o dinheiro circulando
e gerando empregos por aqui mesmo. Um milhão e meio! É
muita desfaçatez, é a certeza da impunidade, é
a certeza de que somos todos idiotas, que não sabemos fazer
contas, que somos analfabetos funcionais.
Faço um apelo à ilustre Promotoria Pública
para que investigue, que levante orçamentos, que vá
atrás dos cheques pagos à tal editora, que ponha a
Polícia Federal atrás de a quem essa editora fez pagamentos,
na palavra da moda, não contabilizados. Estou sendo claro?
Em terceiro lugar, e aí me dói o coração,
pois participei, há poucos meses, dando um crédito
que hoje sei indevido à nova administração,
de uma reunião onde se discutiu, com o responsável
pelos museus de Taubaté, a re-edição do trabalho
da professora Maria Morgado sobre a história de Taubaté,
edição esgotada, que merecia um aggiornamento em termos
de imagens, de fotos e uma melhor editoração, que
oferecemos gratuitamente, em homenagem à essa grande intelectual
de nossa terra.
Hoje, avalio que havia um grande cinismo naquela reunião,
pois já se preparava o livro em causa, que, sem dúvida,
toma por base o trabalho da professora Maria Morgado. Talvez pela
rapidez que o “negócio” exigia, acrescenta-se
aqui e ali um penduricalho qualquer, modernizam-se as ilustrações,
enfeita-se mais, enfiam-se as propagandas políticas proibidas
em lei, mas é o livro da professora! Salta aos olhos.
Uma análise mais cuidadosa, um cotejar de textos, uma avaliação
do que pode ser subtraído de uma obra, e em que porcentagem,
com base na lei de direitos autorais, realmente precisaria ser objeto
de especialistas.
O apelo que faço ao Ministério Público é
que faça este trabalho, antes que, mais uma vez, Taubaté
apareça para o Brasil como uma terra de velhinhas que acreditam
em tudo e de idiotas crentes de que se prestou um serviço
à educação com este livro infeliz.
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