Por:
José Carlos Sebe Bom Meihy
Sebe
conta como foi que conheceu Jota, o personagem de “América”
interpretado por Roberto Bonfim, construído a partir da história
de vida de um vitorioso paranaense do interior do estado na selva
de Miami.
Entre as muitas surpresas que a vida tem
me apresentado, a que vivo agora, em Miami, merece destaque.
Mesmo tênue e indireta, minha colaboração
à novela “América” colocou-me
em contato com Glória Perez o que fez com que aprendesse
admirar a forma diferente de apresentação
do trabalho de pesquisa. É lógico que a função
social ou pública de uma novela é diferente
de textos acadêmicos, mas em “histórias
de vida” há objetivos sociais comuns. Antes,
a preocupação com o receptor me era algo relativo,
restrito, mas em face da divulgação diária
e em curso da redação de episódios,
tenho aprendido a admirar a rapidez e as diversas maneiras
de entrelaçar personagens, fatos e idéias.
A grande lição, sem dúvidas, é
a trama de mais de 100 personagens que, direta ou indiretamente,
se relacionam com três núcleos diversos. Aprendi
que além da capacidade de juntar situações,
Glória não perde o rumo dos acontecimentos
porque, em muitos casos, se apóia em histórias
ocorridas. A tentativa de travessia da fronteira no porta
luvas em um carro; o caso da moça saindo da caixa;
a paixão pelo “marido de aluguel” e a
gravidez descoberta na prisão quase na hora de ser
deportada, são acontecimentos derivados de relatos
reais.
Inusitada para mim é a oportunidade de conhecer –
ao vivo e em cores – a figura do Jota, o alegre motorista
de celebridades em Miami. Os contatos foram feitos a partir
de pessoas que me convidaram para uma conferência
dirigida ao público brasileiro no sul da Flórida.
Marcamos o encontro no lobby do hotel que me hospedava e
juntamente com dois filhos meus recebemos o simpático
motorista. Aliás, melhor seria dizer empresário.
E duas horas foram trocadas pela promessa de lembranças
de um encontro que ficará em nossas memórias
boas.
Como havia lido previamente algumas das várias entrevistas
dele, queria fazer algo diverso e neste sentido comecei
pela sua infância. E foi bom. Menino de classe média
do interior do Paraná, nascido de um lar bem armado
da junção de portugueses com árabes,
o moço de apenas 40 anos é o retrato de um
vencedor. Tenacidade e muito trabalho justificam o fato
de ser elevado a personagem inspirador da novela. Emocionando-se
várias vezes, na situação de quem encara
uma crise de úlcera e uma futura cirurgia de hérnia,
ele que já pesou 150 quilos e hoje está pela
metade não deixa de exibir as razões de seu
sucesso.
Amadurecido, consciente da história que construiu,
Jota declarou que o esforço valeu a pena e tudo graças
a alegria de trabalhar. Aliás, em sua história
não faltaram dois fatores combinados: sorte e valentia.
Contou como chegou a dormir ao relento em Orlando, na Flórida,
depois da decisão de se mudar para Miami e começar
um atendimento diferenciado e da oportunidade aberta por
Hebe Camargo – aliás, ele estará no
programa dela na próxima segunda-feira dia 26 –
e depois como conquistou tantas outras celebridades.
No caso de Glória Perez, por exemplo, ele cuidou
em uma das visitas dela a Miami de arranjar um banquinho
para que a mãe da novelista, senhora de estatura
baixa, pudesse subir no carro. Hoje com oito viaturas de
luxo e liderando uma pequena equipe de comandados, o jovem
empresário pensa na vida depois da novela. Ao falar
disto, eu que tanto estou habituado a entrevistas também
me emocionei. Infinitamente grato à Glória,
ele mostrou que tirou uma moral para sua aventura: faria
tudo outra vez, mas daqui para frente a vida tem que mudar
um pouco, pois mesmo trabalhando o tanto que consegue, ele
quer experimentar outra fatia da experiência vivencial:
um novo amor. Viviane, aliás, chegou exatamente a
tempo de interromper as lágrimas e provar que a vida
continuará.
|
©
Jornal Contato 2005 |