Por: Denise Moraes

iPod, Maria rita e o "mensalinho" cultural

Brinde da Warner a críticos musicais gera crítica na Veja e polêmica entre jornalistas

A revista Veja lançou uma bomba na seção "Música" na edição desta semana. Com a matéria "O mensalinho da filha de Elis", denunciou a prática da gravadora de Maria Rita, a Warner, de presentear os principais críticos musicais do país com iPods (modelo Shuffle, cujo preço varia entre R$ 500 e R$ 800), em troca de elogios ao novo álbum da cantora, "Segundo".

A matéria (não assinada, o que denota opinião editorial da revista) não cita os jornalistas agraciados, mas menciona os veículos onde eles trabalham e até trechos das críticas positivas publicadas. Dentre as publicações citadas como ganhadoras do chamado "mensalinho", estão as revistas IstoÉ, IstoÉ Gente, Época e Bravo! e os jornais Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo. Segundo a matéria, os únicos veículos que dispensaram o "jabá" foram os jornais Folha de S. Paulo e O Globo.

Em carta, na mesma edição da revista, o jornalista Luís Antônio Giron, que escreve para as revistas Bravo! e Época e foi um dos citados na matéria, se defendeu, alegando que o iPod "foi devolvido à assessoria de imprensa da cantora Maria Rita intacto".

Já o jornalista Ivan Cláudio, da IstoÉ, que escreveu um perfil sobre a cantora, acredita que o aparelho "não influenciou em nada a opinião dos jornalistas a respeito do disco, tanto que a imprensa não foi tão favorável assim". Ele citou o caso do jornalista Jotabê Medeiros, de O Estado de S. Paulo, que fez uma crítica negativa a "Segundo", como exemplo. "Acredito que um jornalista sabe a diferença entre marketing e produto a avaliar", disse.

A matéria recuperou uma antiga discussão: os brindes enviados a jornalistas por assessorias de imprensa e departamentos de marketing, e o fato de isso influenciar de alguma forma a opinião de um jornalista sobre um determinado produto.

No caso da Warner, segundo a matéria da Veja, a gravadora alegou estar usando o iPod como "mídia". O CD de Maria Rita não estava pronto, e o iPod foi a forma mais simples de fazer com que os jornalistas tivessem acesso ao trabalho da cantora e pudessem resenhá-lo antes de seu lançamento.

O Jornal CONTATO passou o dia tentando entrar em contato com a assessoria de imprensa da gravadora, no Rio de Janeiro, mas não obteve sucesso





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