CONTATO - Torce pelo Milan ou
Corinthians?
Paolo Vilasco - Torço pelo Corinthians aqui e pela Juventus,
em Turim, na Itália, que é muito melhor que o Milan.
(risos)
CONTATO - Como surgiu a Daruma Orga
e como foi a separação?
Vilasco - A Daruma Telecomunicações, empresa italiana,
está em Taubaté há mais de 32 anos e histo-ricamente
fabrica hardware: terminais, telefones pú-blicos, impressoras
fiscais e outros tipos de equi-pamentos. A Daruma identificou, na
época, que o terminal precisava, em muitos casos, de um meio
de fazer pagamento. Então, resolveu diversificar a ativi-dade
entrando no mercado de cartões. A tecnologia de cartão
com chip é bastante sofisticada e custosa. A Daruma procurou
um parceiro internacional, a alemã Orga. Daí a origem
do nome Daruma Orga, uma terceira empresa, criada em 1998, voltada
à fa-bricação de cartões com chip. Houve
evoluções, a nova empresa acabou crescendo aqui no
Brasil. Na Europa, a Orga foi comprada pelo grupo francês
Sagem.
CONTATO - Que, aliás, é
um grupo grande...
Vilasco - É um grupo muito grande que atua na área
de segurança, de defesa, aeronáutica, telecomuni-cações.
É uma empresa privada listada na bolsa de valores. O estado
francês tem uma participação minoritária.
Com essas mudanças, a Daruma Orga teve o nome mudado e virou
Sagem Orga. A parti-cipação da Daruma Telecomunicações
nessa em-presa continua, apesar de ser minoritária, bastante
significante. Mas, em termos de empresas, elas são totalmente
independentes, inclusive, em termos de administração
e de gestão. No passado, já adminis-tramos as duas
juntas.
CONTATO
- E os acionistas são os mesmos?
Vilasco - Não são os mesmos. São completamente
diferentes. O grupo italiano cuida da Daruma Te-lecomunicações.
A Sagem Orga cuida disso aqui.
Chip utilizado para armazenar dados é a nova
arma contra fraudes
CONTATO - E com ficou a gestão?
Vilasco - Houve um aprimoramento. Foi escolhi-do um novo diretor-superintendente
que, desde maio desse ano, assumiu a administração
da Daru-ma Telecomunicações. Chama-se Mário
Campo Grande. Ele, sim, pode falar com propriedade da Daruma Telecomunicações.
Eu só posso falar da Sagem Orga.
CONTATO - O nome Sagem é
uma combina-ção de siglas?
Vilasco - Não. É um nome francês. Honestamente
não conheço a origem e duvido que tenha um sig-nificado.
CONTATO - O sr. e seu pai foram
acionistas da Daruma?
Vilasco - Não, nunca fomos acionistas. Só execu-tivos.
Ações podem representar uma parte da re-muneração,
mas nunca fomos acionistas.
CONTATO - A Daruma é mistério
para a ci-dade. Essa parte da Orga que virou Sagem, então,
ninguém sabe...
Vilasco - É uma coisa menos propagada. A gente também
não faz muita propaganda em cima de cartões. Nós
somos uma fábrica de cartões, in-clusive, bancários.
Então, a gente preserva a con-fidencialidade.
CONTATO - Como foi a concorrência
que a Daruma ganhou da prefeitura de Taubaté?
Vilasco - Foi a primeira vez. Participamos de for-ma agressiva da
licitação da prefeitura porque seria importante ganhar
e também porque a prefeitura ajudou muito a nossa expansão
na fábrica que fica no terreno aqui do lado. A prefeitura
agilizou a a-provação dos projetos, o que permitiu
uma exe-cução rápida.
CONTATO - O sr. considera que a
prefeitura de Taubaté tem uma legislação que
permite ter uma política agressiva de atração
de in-dustrial?
Vilasco - Exatamente. Quando decidimos montar a Daruma Orga, em
98, a prefeitura mostrou um interesse significativo para que a empresa
entrasse em Taubaté. Já nessa época ela ajudou
com isenção de impostos. Essa política de bom
relacionamento está sendo mantida. Sinto que a prefeitura
cuida oportunamente do crescimento empresarial.
CONTATO - Como ficará a planta
industrial no Rio de Janeiro?
Vilasco - Nós compramos uma planta industrial no Rio que
já existia, com um plano já estabelecido de transição
[que previa] trazê-la para cá [Taubaté]. Desde
o momento da compra [anunciamos] que nós daríamos
um prazo de dois anos para poder executar a transferência.
CONTATO - Quando foi a aquisição
no Rio?
Vilasco - Em setembro de 2003.
CONTATO - Qual a razão de
adquirir uma planta ao invés de construí-la?
Vilasco - Por várias razões. De um lado compe-tência.
Aquela planta tinha competência gráfica para fazer
o desenho e a impressão do cartão que você não
constrói de um dia para o outro. Mexer com tinta em geral
e fazer imprimir a cor do jeito que você quer é algo
que ainda hoje não está computadorizado. É
difícil fazer de forma automática. Permanece ainda
um forte en-volvimento da experiência humana. Por outro lado,
a planta é uma empresa his-tórica no Brasil, uma das
mais impor-tantes no Rio de Janeiro, que tem uma experiência
significativa nessa área.
CONTATO - Esse processo seria um
treinamento para a mão-de-obra?
Vilasco - Sem dúvida. A gente acabou ab-sorvendo conhecimento,
cultura. A parte fun-damental é a competência. A outra
é o mercado [já que se trata de] uma empresa que já
atuava, não com tanta variedade, para um mercado menor. Mas
ela já tinha mercado. Então, com-prando a empresa,
levamos competência e uma fa-tia do mercado que deveríamos
construir. Foram dois anos de aprendizado, de aprimoramento, de
investimentos lá no Rio. Depois foi um inves-timento grande
na expansão da fábrica de Taubaté e agora a
transferência da planta do Rio para cá.
“Faturamos
no ano passado R$ 24 milhões líquidos (...) Estamos
dobrando a capacidade de produção e pretendemos dobrar
o faturamento”
CONTATO - Quem construiu a fábrica de Taubaté?
Vilasco - Foi a Pinese Vieira Engenharia e Cons-trução
que, eu posso confirmar hoje que estamos no final, respeitou rigorosamente
a qualidade da obra e dentro dos prazos estabelecidos. A gente se
sente muito bem atendido e satisfeito com a Pinese Vieira.
CONTATO
- O fato de ser uma empreiteira de Taubaté facilitou para
vocês?
Vilasco - Eu diria que facilita quando a empresa é boa. Favorecer
só porque tem sede aqui não é suficiente. Tem
que ser competente. Evidente-mente que existe uma facilidade de
acesso, um comum entendimento dos interesses da região que
devam ser respeitados. Facilitou nesse aspecto.
Equipamento para personalização de
cartões
CONTATO - Quais os números
desses inves-timentos?
Vilasco - Um investimento na faixa de R$ 3 mi-lhões. Além
disso, estamos adquirindo equipa-mentos novos para ampliar nossa
capacidade pro-dutiva, ou seja, nós fabricávamos no
Rio de Janeiro 30 milhões de cartões por ano. Com
os equipa-mentos que estamos introduzindo aqui na fábrica
de Taubaté, estaremos passando para 72 milhões de
cartões por ano. Mais que dobramos a capa-cidade produtiva.
Esse investimento representa mais R$ 3 milhões. Entre infra-estrutura
e equi-pamentos produtivos, estamos falando em cerca de R$ 6 milhões
[de investimento]. A nova planta vai acolher cerca de 65 novos funcionários,
sendo que 50% deles estarão vindo do Rio de Janeiro pelas
competências específicas que desenvolve-ram. O restante
já está sendo procurado e em parte já foi absorvido
na região.
CONTATO - Taubaté possui
funcionários com o perfil que procuram?
Vilasco - Estamos encontrando perfis aptos a aprender. [Toda] semana
[levamos] cinco ou seis pessoas daqui de Taubaté para fazer
treinamento específico no Rio de Janeiro. Trouxemos uma pes-soa
do Rio de Janeiro para acompanhar outro trei-namento que realizamos
aqui. Então, nesse sen-tido, estamos construindo algumas
competências.
CONTATO - Qual o faturamento previsto?
Vilasco - Faturamos [em 2004] R$ 24 milhões líquidos.
Em [2005], estamos faturando R$ 34 mil-hões e nossa expectativa
para 2006 é de R$ 59 mi-lhões. Estamos dobrando a
capacidade de pro-dução e pretendemos dobrar o faturamento.
CONTATO - Como é a concorrência
desse produto no mercado?
Vilasco - É extremamente competitivo, principal-mente no
Brasil, um país fantástico, cheio de opor-tunidades
e também de muita competição. Esta-mos falando
de uns sete concorrentes de alto per-fil, com alta tecnologia, e
mais uns cinco concor-rentes de perfil um pouco menor, mas que acabam
sempre apresentando como alternativas válidas.
“Aqui é um país fantástico
porque é cheio de oportunidades e também de muita
competição”
CONTATO - E a tecnologia Sagem Orga é top de linha do mundo
globalizado?
Vilasco - Em termos de tecnologia é uma das líderes
no mundo. Estamos falando das três ou quatro primeiras empresas
do mundo. Aqui no Brasil somos, em vários estados, a líder.
Um dos nossos fatores competitivos hoje, fora nossa qua-lidade,
é a capacidade de fornecer competência lo-cal para
competir no mercado.
CONTATO - Esse investimento tem
alguma relação com a Comunidade Européia?
Vilasco - Não. Do investimento que falamos, po-demos dizer
que 40% veio da Itália, através da Daruma Telecomunicações,
e 70% veio da França e da Alemanha. Eu diria que não
existe nenhuma ligação com a Comunidade Européia.
É um inves-timento próprio de empresas européias
que, de forma independente, acabaram se cruzando [por causa] do
mesmo interesse no Brasil. É totalmente importante evidenciar
que, em geral, o europeu está apostando no Brasil porque
não houve nenhum acordo. O europeu está acreditando
de forma geral no mercado brasileiro, o que é muito importante.
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