Por Paulo de Tarso Venceslau
CPI,
Imprensa & imprensa
A
postura stalinista de dirigentes do PT insiste em camuflar a verdade
e a imprensa regional parece adotar linha editorial da burocracia
petista.
Paulo
de Tarso ao lado de Efrain Moraes (PFL-PB), presidente da CPI dos
Bingos, senadores Garibaldi Alves Filho e Mozarildo Cavalcanti,
relator e vice0presidente, respectivamente, desta comissão
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Semana
passada, vivi uma situação inusitada: fui “entrevistado”
por um grupo de senadores da República, membros da CPI dos
Bingos. Na ocasião, entreguei à CPI, oficialmente,
documentos do próprio Partido dos Trabalhadores (PT) que
comprovam as afirmações que tenho feito ao longo desses
quase 8 anos, a respeito do mau uso de recursos públicos
que acabaram, no período delubiano, se transformando em “recursos”
não contabilizados.
Um sentimento ambíguo tomou conta de mim. Por um lado, a
satisfação de passar a limpo uma história que
me persegue e que me tornou alvo da burocracia petista que mentiu
e omitiu a verdade para o maior patrimônio daquele partido:
sua militância. Fui desqualificado pela burocracia petista,
transformado em agente do Planalto a soldo do então todo
poderoso Sérgio Motta, o Zé Dirceu do governo FHC.
A imprensa e parlamentares petistas chegaram a divulgar meu necrológio.
Tentaram até mesmo mudar minha história de vida. Porém,
enfim, pude esclarecer e provar fatos e desmascarar uma prática
que julgava enterrada com a queda do Muro de Berlim.
Por outro lado, vivo e sofro com a frustração de um
governo auto-intitulado de esquerda que jogou na lata do lixo os
valores que minha geração construiu na luta contra
a ditadura militar. Honestidade, integridade, competência,
compromisso e respeito com a coisa pública são apenas
alguns deles. Norberto Bobbio consagrou a verdade ao afirmar que
“A razão de partido, de nação ou mesmo
de classe, não deve jamais prevalecer sobre as razões
imprescrítiveis da verdade e da justiça (...) qual
o dever do intelectual? Servir à revolução
ou à verdade? Para uns é verdade aquilo que serve
à revolução, para outros, a verdade é,
por si mesma, revolucionária”. Há décadas
que fui convencido de que a verdade é revolucionária,
mesmo que não sirva à revolução.
Cláudio Abramo, brilhante jornalista, responsável,
entre outras coisas, pela reformulação de jornais
como O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo, um
amigo que adotei como pai, falecido em 1987, me ensinou que “não
podemos perder, nunca, nossa capacidade de indignação”
diante de injustiças e truculências.
A CPI dos Bingos mostrou para mim, além do que a transmissão
ao vivo exibiu, que senadores e deputados petistas ignoram até
hoje o conteúdo de um relatório que comprova todo
o envolvimento de Roberto Teixeira com a CPEM, uma empresa que se
tornava “sócia” de prefeituras ao embolsar milhões
e milhões de dólares dos quais uma parte era destinada
a partidos como o PT. Se parlamentares eleitos com centenas de milhares
de votos desconhecem esses fatos, imaginem então a militância
que acredita piamente nos seus dirigentes e nas versões veiculadas
oficialmente pelo partido.
Grave também é a posição do jornal Valeparaibano
que veiculou uma “entrevista” com Roberto Teixeira,
compadre de Lula que foi desnudado pela própria Comissão
Especial de Investigação formada pelo jurista Hélio
Bicudo, pelo economista Paul Singer e pelo advogado José
Eduardo Cardoso, hoje deputado federal pelo PT. A entrevista foi
realizada no quarto de um hospital pelo jornalista Cláudio
Júlio Tognolli, da Revista Consultor Jurídico e da
revista Caros Amigos, linha editorial auxiliar do PT. O jornal Valeparaibano
provavelmente deve ter comprado essa matéria e sequer se
deu ao trabalho de me ligar para ouvir o outro lado. É mais
um indício de que a pressão sobre a imprensa continua
a surtir efeito. Que pena!
Diante dessa falta de respeito para com seus leitores, entre ao
quais me incluo, enviei um e-mail ao Valeparaibano mostrando que
o jornal desrespeitava também seus profissionais que não
aceitariam fazer uma entrevista tão dirigida e muito menos
deixar de ouvir o outro lado. Tenho certeza que a iniciativa não
partiu dos diretores do jornal, com os quais mantenho boas relações.
Os jornalistas responsáveis por esse escorregão do
maior jornal do Vale optaram pela contra-mão da História.
CONTATO publica nessa edição o editorial de O Estado
de
São Paulo do dia 19 de janeiro e o artigo A lei do silêncio,
de Paulo de Tarso Venceslau a Celso Daniel, de Liliana Pinheiro,
editora do site Primeira Leitura que o publicou em 17 de janeiro.
Nossos leitores poderão avaliar a consistência ou não
de minha conclusão. É uma pena, infelizmente, que
o maior e mais importante jornal da Região abrigue jornalistas
que agem tal e qual a burocracia petista.
PS:
Na quinta 26, o Valeparaibano publicou um resumo da carta que enviei
omitindo que Tognolli é da revista Caros Amigos, braço
editorial do PT entre outras omissões cirurgicamente selecionadas.
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