Governador Geraldo Alkmin (PSDB), prefeito Roberto
Peixoto (PSDB) e a primeira-dama no Hospital Regional do Vale do
Paraíba
Mais um mistério ronda o Palácio Bom Conselho:
quem manda na educação em Taubaté? Tudo indica
que a primeira-dama Luciana Peixoto é a dona do pedaço.
Pelo menos essa é a opinião colhida por CONTATO
junto a professores e outros profissionais do ensino. A prefeitura
acaba de fechar contrato com a empresa Expoente Soluções,
do Paraná, no valor de R$ 33,42 milhões para “aquisição
de materiais didáticos para o maternal I e II e Jardim,
educação de jovens e adultos, agrupamento inicial
e agrupamento de continuidade, ensino fundamental alfabetização
(6 anos à 4ª série), ensino fundamental (5ª
à 8ª série), material didático do professor,
agenda escolar do aluno, manual da família, acesso ao portal
de educação via web, material regional de São
Paulo e Taubaté, material de implementação
didática, software e formação continuada
de professores, tudo conforme detalhado no projeto básico
de materiais didáticos”.
Revolução pedagógica
Esse
enorme pacote foi classificado de “revolucionário”
pelo Palácio Bom Conselho. O argumento, segundo o diretor
do DEC (Departamento de Educação e Cultura), José
Benedito Prado, é que as escolas particulares já utilizam
esse sistema e é também uma oportunidade aos alunos.
Trata-se de uma “revolução” realizada
por iluminados burocratas da prefeitura municipal. A prova mais
evidente dessa conclusão é que nenhum professor da
rede municipal, aquele que terá de usar o material no dia-a-dia,
foi consultado. Vereadora e professora da rede municipal, Pollyana
de Araújo confirma essa informação. No máximo,
alguns diretores, orientadores e supervisores de ensino teriam tomado
ciência do material recém adquirido. Acontece, porém,
que a maioria desses profissionais não são funcionário
de carreira e, exatamente por causa da insegurança provocada
por essa instável situação, jamais ousariam
levantar qualquer crítica.
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Vereadora Pollyana de Araújo (PPS) |
Além
disso, a prefeitura ignorou solenemente o PNLD – Programa
Nacional do Livro Didático do governo federal, instituído
em 1985, que tem como finalidade “distribuir gratuitamente
livros didáticos aos estudantes matriculados no ensino fundamental
das escolas públicas”. E tem mais. Os professores é
que têm a prerrogativa de escolher os livros utilizados em
suas aulas. Se por acaso, parte dos alunos e professores não
conseguem acompanhar o conteúdo do livro, o problema é
da qualidade de quem escolheu aquele material pedagógico.
O livro adquirido através do PNLD tem que resistir por pelo
menos 3 anos, o que impediria seus usuários de anotar e rabiscar.
Os críticos sustentam que impedir o aluno de fazer anotações
no próprio livro prejudica o ensino. Trata-se de um argumento,
no mínimo, inconsistente. Afinal, se o professor conhece
a qualidade do conteúdo e a didática da obra, com
certeza ele saberá fazer uso mais eficiente.
Nada garante e sequer explica como é que apostilas produzidas
de forma padronizada no Paraná poderão ser mais eficientes
do que livros didáticos aprovados pelo MEC (Ministério
da Educação e Cultura), conhecidos e indicados por
professores que farão uso dos mesmos?
A ponta do iceberg
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José
Benedito Prado, diretor do departamento de Educação |
O
que teria levado a prefeitura abrir mão do PNLD, que não
custa um centavo para os cofres públicos, em favor da compra
de apostilas produzidas no Paraná para a rede pública
municipal? Por que os professores não foram consultados?
Quem decidiu que esse seria o melhor método para Taubaté?
Como se explica a decisão de romper com um programa federal
cujos recursos são distribuídos pelo governo estadual
do PSDB, mesmo partido do prefeito Roberto Peixoto? Como ficou a
situação da prefeitura junto ao próprio PNLD
uma vez que poderá ser acusada de uso indevido de recursos
públicos? Essas são algumas perguntas, entre dezenas
de outras que não foram respondidas pela prefeitura.
Professor Prado argumentou junto à Câmara Municipal
que o PNLD não dava conta do recado uma vez que faltavam
livros e havia muitos livros repetidos. Porém, o diretor
do DEC não apresentou nenhum levantamento ou estudo que justificasse
a decisão de romper com o programa federal.
Continua também sem resposta o ofício enviado à
Delegacia de Ensino de Taubaté pelo vereador Jeferson Campos,
no dia 24 de janeiro, para saber se a prefeitura teria informado
aquele órgão a respeito das mudanças realizadas.
Caso não o tenha feito, o que é mais provável,
poderá acarretar enormes prejuízos para os cofres
públicos diante da duplicidade de gastos.
Porém, além de todas essas questões técnicas,
não há como explicar, mais uma vez, o misterioso poder
exercido pela primeira-dama. Nesse episódio, dona Luciana
simplesmente ordenou que o professor Benedito Prado não convidasse
a Câmara Municipal para a apresentação do projeto
no Teatro Metrópole. Poucas vezes na história de Taubaté
o Poder Legislativo esteve tão desprestigiado. Os 14 vereadores,
por exemplo, 3 dos quais – Chico Saad (PMDB), Jeferson Campos
(PT) e Pollyana de Araújo (PPS) - são professores,
foram literalmente ignorados nesse processo. E mais grave ainda,
foi a defesa aberta do “investimento” feito pelo presidente
da Câmara, o vereador Henrique Nunes (PPS).
Nunes ameniza seu apoio quando disse acreditar que os livros serão
usados como complemento, segundo lhe assegurara o professor Prado.
Afirmou, ainda, que a Câmara tem de respeitar as ações
do Executivo e ao mesmo tempo manter a devida fiscalização.
No caso do “investimento” na chamada “revolução
pedagógica”, Nunes relata que cobrou do diretor do
DEC a razão de os vereadores não terem sido convidados
a participar da apresentação realizada no Metrópole.
Professor Prado respondeu que “recebeu ordens da dona Luciana
[Peixoto, primeira-dama]”.
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Prefeito Roberto Peixoto (PSDB) e a primeira-dama,
Luciana Peixoto: Quem conduz quem?
Professores ouvidos por CONTATO afirmam que dona Luciana nunca
lecionou na vida. |
Perguntado
se essa ingerência é extensiva à Câmara,
Nunes foi incisivo: “Dona Luciana pode mandar lá na
prefeitura. Aqui na Câmara ela não manda nada”.
Tomara!
A frouxa fiscalização desempenhada pela Câmara
tem sido apontada por muitas lideranças políticas
e empresariais como uma das responsáveis pelo mau uso dos
recursos públicos por parte do governo de Roberto Peixoto.
Aliás, vários empresários já não
suportam mais as pressões que estão sofrendo por parte
de “assessores” que falam em nome do prefeito para angariar
recursos não contabilizados.
Será que se trata de mais uma semelhança entre Peixoto
e o presidente Lula, ou será apenas mais coincidência?
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