A avenida dos “Champs Elysées”, em
Paris, é aquela que vai dar no Arco do Triunfo,
desembocando na praça que se chamava “Étoile”
e hoje é “Charles De Gaule”. Dali,
outras ruas saem enviesadas como uma estrela, por isso
o nome (étoile = estrela)). Muito larga e arborizada,
abriga os grandes bancos, escritórios das mais
importantes empresas, suntuosas lojas de carros, alguns
consulados, ricas agências de viagens e as principais
companhias aéreas, entre elegantes restaurantes
e cafés. Seu nome tornou-se, para os franceses,
sinônimo de “o mais importante local de
uma cidade”. Assim, quando querem referir-se à
avenida Paulista, por exemplo, dizem: “é
o Champs Elysées de São Paulo”.
No centro de Taubaté não temos nada equivalente.
Há cem anos talvez a rua das Palmeiras tenha
sido algo semelhante. Ladeada de imponentes palmeiras
imperiais, conduzia o tráfego de charretes, fordecos
e pedestres da movimentada estação de
trem até a praça da Catedral. Hoje em
dia, o que principia a descortinar-se como nosso verdadeiro
“Champs Elysées” é a avenida
da Independência.
O temível bairro “das Caveiras” vem
se transformando em centro comercial de certa importância.
Todos os bancos já abriram agências por
ali. Nas proximidades, alguns hotéis, incluindo
o multinacional Íbis, esperam seus engravatados
hóspedes. Um dia, lá veremos boas lojas,
vitrines de butiques, floriculturas, galerias de arte,
restaurantes e bistrôs...
No entanto, temos os nossos Campos Elíseos, que
em nada se parecem com os parisienses. Do outro lado
da Dutra, à esquerda de quem vai para o litoral,
de uns vinte anos para cá vem se desenvolvendo
um novo bairro residencial. A cada dia boas casas surgem
em suas ruas curvilíneas. Algumas penduradas
no morro, outras em ruelas sem saída. Sossego
quase absoluto, poucos carros circulando. Na parte mais
baixa, um riacho acompanha a nova avenida até
os limites com o Belém. Junto a ela em uma área
de mata, que espero seja preservada, podemos até
passar sobre uma pinguela, como se estivéssemos
na roça.
Por enquanto, esta simpática avenida não
tem grande utilidade, os motoristas preferem rodar pela
Félix Guisard em direção ao Cataguá,
São Luiz do Paraitinga e Ubatuba. Ela serve mais
aos alunos do colégio municipal que fica lá
em cima, a pessoas da região que se dirigem ao
centro a pé ou de bicicleta e a alguns cavalos,
suponho, pois vejo rastros deles nas calçadas.
Nas primeiras horas do dia ou ao cair da tarde ela se
transforma. Senhoras trajando joggins e coloridas camisetas
aparecem por lá. Algumas solitárias, outras
acompanhadas de senhores em modernas bermudas, uns de
bonés a proteger a cabeça, outros com
os cabelos grisalhos ao vento, todos caminham vigorosamente.
Às vezes peludinhos poodles os fazem andar mais
ligeiro. Marcas amarelas na calçada indicam a
metragem percorrida. Conversando ou escutando música
com fones colados aos ouvidos, vão fazendo mentalmente
o cálculo dos passos dados. Um quilômetro,
dois, três...sempre animados pela vontade de perder
gordurinhas ou de fazer baixar o colesterol. A saúde
em primeiro lugar, é claro.
O nome da avenida? Não importa. A irreverência
dos jovens já o definiu: entre eles ela é
conhecida como a Gordovia ..
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