A
negligência do Departamento de Educação
e Cultura da prefeitura gera danos financeiros ao orçamento
da União. Vereador cobra explicações
junto ao Ministério Público.
Por Marlon Maciel Leme e Jorge Fernandes
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Apostilas
são recolhidas no Estadão e transportadas
para São Paulo |
As
35 mil apostilas didáticas que haviam sido estocados
em salas desativadas em duas escolas estaduais –
Colégio Monteiro Lobato, o “Estadão”,
e João Alves - foram removidas a partir das 17h
na última terça-feira, 25, sob os olhares
de dois supervisores de ensino. O material, inutilizado,
segundo CONTATO apurou, foi guardado por um período
aproximado de cinco meses.
O trabalho de remoção durou cerca de quatro
horas. De Taubaté, o material foi levado em um
caminhão para a capital paulista, onde deve ser
devolvido à coordenadoria estadual de ensino, vinculada
à secretaria estadual da Educação.
Tudo começou quando a prefeitura abriu mão
dos livros oriundos do Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD), responsável pela distribuição
das apostilas às escolas municipais a cada três
anos. O Departamento de Educação e Cultura
(DEC), segundo a representação apresentada
à Justiça no último dia 18 pelo vereador
Jeferson Campos (PT), não comunicou o órgão
responsável da decisão de substituir o material
por novas metodologias pedagógicas, adquiridas
da empresa Expoente Soluções Comerciais
e Educacionais, do Paraná, pela administração
Peixoto. A terceirização custou à
prefeitura R$ 33,4 milhões, pelo período
de 3 anos.
Contrário à forma com que foi orquestrada
a implantação do método Expoente
nas escolas da rede pública municipal, o vereador
Jeferson Campos solicitou, na representação
contra o prefeito de Taubaté, Roberto Peixoto (PSDB),
a abertura de um inquérito civil para apurar a
conduta do Executivo, além do acesso ao processo
licitatório nº 41.462/05, protegido a sete
chaves pelo Palácio Bom Conselho.
Segundo o parlamentar, a atual administração
nega-se a mostrar o documento. Para Campos, isso “gera
diversas indagações do Poder Legislativo
a respeito de sua legitimidade”.
Em janeiro deste ano, a prefeitura de Taubaté resolveu
implantar um novo sistema de Ensino no município.
Investiu mais de 30 milhões de reais na aquisição
de apostilas e agendas escolares, material elaborado pela
empresa Expoente. O modelo foi adotado em todas as unidades
de Educação Infantil, Ensino Fundamental
e Escola de Jovens e Adultos (EJA). Considerado inovador,
o projeto também incluiu a utilização
de softwares pedagógicos nas instituições
municipais de ensino.
À época, o diretor do Departamento de Educação
e Cultura, José Benedito Prado, desdenhou dos livros
do PNLD e afirmou que, com a nova aquisição
escolar, o material federal passou a ser “desnecessário”.
“Em geral, esses livros acabam ficando sem utilidade
nas escolas. Eles servem apenas para preencher prateleiras
de biblioteca”, declarou.
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Apostilas
são recolhidas no Estadão e transportadas
para São Paulo |
Acordo
De acordo com o contrato entre a prefeitura de Taubaté
e a empresa paranaense, cada estudante da rede municipal
tem direito a uma agenda e quatro apostilas, como também
uma senha de acesso ao portal pedagógico. O contrato
se estenderá até 2009. Tida como inovadora
pela prefeitura, a nova metodologia em Taubaté
custou aproximadamente 10% do erário municipal
– orçado em cerca de R$ 300 milhões.
CONTATO tem recebido inúmeras reclamações
de pais de alunos que denunciam a má qualidade
e a desatualização da apostilas. E mais
grave ainda seria a falta das mesmas em inúmeras
escolas.
Procurada por CONTATO, a assessoria de comunicação
da prefeitura informou que o diretor de Educação,
José Benedito Prado, comentaria o assunto. Até
o fechamento desta edição, Prado não
retornou as ligações da reportagem.