Por Paulo de Tarso Venceslau

Chorume de consciências vendidas
Sete vereadores de Taubaté trocaram suas consciências por favores e promessas ofertados pelos atuais inquilinos do Palácio Bom Conselho. Eles simplesmente impediram que fosse criada uma CEI – Comissão Especial de Investigação – pela Câmara Municipal, para investigar a existência de caixa 2 na prefeitura e confessada publicamente pelo prefeito Roberto Peixoto. Seguindo o pior exemplo de Brasília, os sete vereadores chafurdaram-se no chorume (líquido escuro, turvo e malcheiroso que sai do lixo) do mau parlamento.


O mau cheiro foi sentido pela TV Vanguarda quando se recusou assumir compromisso com a prefeitura de Roberto Peixoto por falta de empenho formal de recursos para pagar os veículos de comunicação que transmitiriam peças publicitárias sobre o Iluminatau, a programação oficial do Natal de 2005.
O líquido escuro e malcheiroso começou a se espalhar quando os valores estimados pelos autores da proposta foram ultrapassados por exigência da própria prefeitura (ou da primeira-dama?). Pior ainda ficou quando o Santander Banespa colocou todos os pés atrás. Os recursos não seriam contabilizados. O Santander recuou porque não queria ver sua marca comprometida com esse tipo de operação.
As reuniões realizadas entre representantes da prefeitura, da ACIT e da agência de propaganda foram registradas em atas que levam as assinaturas dos participantes. As cópias dessas atas foram entregues à Câmara pelo presidente da ACIT que, na mesma ocasião, confirmou que Fernando Gigli Torres, o chefe de Gabinete do prefeito, havia feito pagamento em espécie na boca do caixa da entidade, fato testemunhado por inúmeros funcionários.
Curiosamente, dos sete vereadores que se chafurdaram, só Luizinho da Farmácia compareceu nas duas audiências públicas realizadas para ouvir André Saiki, presidente da ACIT, e o autor dessas linhas e da reportagem que motivou o pedido de CEI. Seis desses vereadores não quiseram sequer conhecer as provas apresentadas pelo presidente da ACIT. Luizinho da Farmácia (PDT), o sétimo, fez o papel de fiel escudeiro do Executivo. Exibindo papéis que seriam as provas da origem dos recursos utilizados pelo chefe de Gabinete para saldar uma dívida da prefeitura. Quem quiser saber mais sobre esses papéis basta ler a reportagem de capa “Brasília é AQUI!”
O jovem vereador Ary Kara Filho (PTB) mostrou que tem o mesmo DNA paterno. Em um programa de rádio comprado, ele apresentou o chefe de Gabinete como vítima da imprensa. O que se pode esperar de um político tão jovem que apresenta evidentes sinais de frouxidão de princípios?
Os vereadores Maria das Graças (PTC) e Rodson Lima (PSC) revelaram os preços de suas consciências: promessas e serviços realizados pela prefeitura em seus respectivos currais eleitorais. Chico Saad (PMDB) limitou-se a investir no seu futuro político, apostando que o prefeito Roberto Peixoto mudará de mala e cuia para o seu PMDB e garanta seu cacife (dele, Saad) em 2008. Carlos Peixoto dispensa comentários, dá pena!
Decisões tomadas, preços revelados e documentos colocados à disposição só nos resta confiar e esperar que o Ministério Público entre em cena a partir dos depoimentos de dois réus confessos. Exagero? Confira.
Fernando Gigli Torres, o bem aventurado chefe de Gabinete do prefeito, mentiu à Câmara ao negar que houvesse realizado qualquer pagamento à ACIT. Tal qual Pinóquio, seu nariz cresce mais depois de cada estória mal contada que ele inventa para justificar a gravíssima falha que cometeu. Mudou de versão e foi desmentido pelo próprio prefeito.
Roberto Peixoto, por sua vez, confessou publicamente - as provas serão entregues ao MP – que o dinheiro utilizado por Gigli para pagar a ACIT fora doado por empresários amigos do seu chefe de Gabinete. Para checar essa informação, basta assistir à gravação do programa da TV Cidade de segunda-feira, 24. Para sessões coletivas, CONTATO empresta uma cópia. Bom divertimento.

 

| home |

© Jornal Contato 2006