Diretório municipal do partido faz coro à
candidatura própria da legenda ao governo federal e acredita
que os militantes peemedebistas serão os fieis da balança
Por Jorge Fernandes
A diferença de 48 votos decretou
o fim da candidatura presidencial própria do PMDB, pelo menos,
por enquanto. A ala governista venceu apertado os oposicionistas por
351 a 303, sendo 1 nulo e 2 votos brancos na convenção
realizada em Brasília no sábado, 13. A decisão
ainda não é definitiva e o resultado poderá ser
questionado na justiça, segundo o presidente nacional da sigla
Michel Temer.
A deliberação não agrada o diretório do
PMDB em Taubaté. “O partido não pode ser coadjuvante
da política nacional e nem serviçal do governo”,
afirma Jacir Cunha, presidente do diretório municipal peemedebista.
Porém, ele acredita que este cenário pode ser revertido
na convenção oficial marcada para 11 de junho. “Confiamos
na base partidária e vamos mostrar a força da base”.
À frente do partido desde o final de 2005, Cunha rotula os governistas
de “os petistas do PMDB” e não poupa severas críticas
ao presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e ao senador José
Sarney (PMDB-MA). “Em Alagoas, Renan Calheiros apóia um
candidato do PSDB enquanto que, no Maranhão, Sarney apóia
a filha [Rosana] que é do PFL. São um bando de oportunistas”.
De acordo com o presidente do diretório municipal, o PMDB de
Taubaté sustenta a candidatura do ex-governador fluminense Anthony
Garotinho para a presidência. Para Cunha, Garotinho é criticado
porque apresenta uma postura populista. “Conheço-o pessoalmente.
Ele tem idéias boas e é muito forte no Rio de Janeiro”.
Cunha afirma que as pesquisas de intenção de voto para
governador no Rio de Janeiro traduzem a força do ex-governador.
“Sérgio Cabral, candidato de Rosinha Matheus [esposa de
Garotinho], será eleito no primeiro turno”, aposta. Segundo
Jacir Cunha, a greve de fome do ex-governador não espicaçou
ninguém e, no fim das contas, “perdeu mais do que ganhou”.
A postura do diretório municipal do PMDB é reforçada
com a adesão do único vereador da legenda em Taubaté,
Chico Saad. Para o parlamentar, é obrigação da
cúpula nacional do partido lançar candidatura própria.
A opinião de Saad ganha ainda mais veemência porque, segundo
ele, “temos que tirar [o presidente] Lula, pois seu governo é
uma vergonha para o país”. O vereador acredita que os 10%
das intenções de voto de Anthony Garotinho serão
responsáveis para que, ao menos, Lula não ganhe a eleição.
“Os caciques do PMDB têm que respeitar a decisão
dos militantes do Brasil que escolheram Garotinho para disputar a presidência
da república”, afirma Saad ao recordar a convenção
validada pela justiça.
Caso a decisão de sábado seja ratificada na convenção
de 11 de junho, o parlamentar peemedebista não titubeia e afirma
categoricamente: “Sou favorável, então, ao PSDB”.
Reação
Para o vereador Jeferson Campos (PT), a reeleição do governo
Lula depende consideravelmente da política de alianças
do partido. Reconhece a importância do PMDB no leque de alianças
necessárias para a vitória do PT, mas não acredita
que a desistência de lançar candidatura própria
seja manobra petista. “Os dirigentes [do PMDB] acharam que essa
medida foi a melhor para o partido”. Jeferson Campos não
se abala com a postura de Saad em apoiar uma provável aliança
com tucanos. “Ele está na contramão da direção
do próprio partido”.