CONTATO
– Como está a situação da Volks em Taubaté?
Biro-Biro – Neste momento, não temos nenhuma
negociação em curso já que a Volkswagen insiste
em negociar o plano de reestruturação 2. Não
vamos discutir esse plano. Podemos discutir outras formas de resolver
esse problema. Mas não dentro da lógica baseada em
demissões, piora das condições de trabalho
e terceirização das áreas indiretas, que a
empresa tenta impor.
CONTATO
– A Volks parece usar velhos recursos para conseguir dinheiro
subsidiado do governo (CONTATO 269). Isso tem lógica?
Biro-Biro – A Volkswagen se apega à questão
cambial para dizer que está em crise. Mas, ao mesmo tempo,
vai ao BNDES pedir dinheiro subsidiado, para fazer investimentos.
Na semana seguinte, anuncia 5.773 demissões no país
em num momento em que a empresa reassume a liderança no mercado.
Para nós, soa como golpe.
CONTATO
– Existe alguma agenda estabelecida para resolver essa questão?
Biro-Biro – Nós criamos o Comitê Nacional
dos Trabalhadores da Volks, que coordena as negociações.
Queremos discutir uma pauta que encaminharemos para a empresa. Fora
disso, não vamos negociar com a Volks esse projeto maluco.
CONTATO
– Qual o resultado da reunião na Alemanha?
Biro-Biro – Esse plano da Volks foi definido na Alemanha.
Quando fomos para lá, tínhamos a expectativa de reverter
o quadro no Brasil. Lá o plano foi reforçado pela
diretoria que quer implementá-lo a todo custo. [Porém],
a resistência dos trabalhadores [é] que vai definir
se este plano vai ser ou não implementado. Temos certeza
que os trabalhadores estão dispostos a resistir. É
uma crise mundial criada pela Volkswagen.
CONTATO
– Qual é a postura da Prefeitura e da Câmara?
Biro-Biro – [O dois Poderes] nos receberam muito
bem e se colocaram à disposição. Inclusive
fui informado pelo presidente Henrique Nunes (PPS) que eles (vereadores)
estão convocando a Volkswagen para explicar esses pontos
para agosto. O prefeito [Roberto Peixoto] tem se colocado à
disposição da direção do sindicato.
São 5.100 funcionários diretos. A Volks é a
maior empregadora de Taubaté com a maior arrecadação
de ICMS.
CONTATO
– Como foi a manifestação do dia 31?
Biro-Biro – Tínhamos programado um protesto
de 24 hs contra a Volks por causa do plano. Na assembléia,
de forma espontânea, os trabalhadores decidiram fazer um protesto
na via Dutra. Tentam criminalizar o ato dizendo que os trabalhadores
cometeram crime como formação de quadrilha quando
estamos defendendo o emprego dos trabalhadores.
CONTATO – Já houve algum fato semelhante em
Taubaté?
Biro-Biro – É um fato inédito. Nunca
houve prisão de dirigente sindical dessa forma. É
uma arbitrariedade muito grande do delegado de polícia José
Luiz Miglioli, que mentiu dizendo que foi dada voz de prisão
aos companheiros na Dutra. Não é verdade. Nossos companheiros
foram dirigindo até o 1º Distrito. Lá, foram
informados que deveriam se dirigir para o 4º Distrito, no Quiririm.
E foi lá, sim, que o delegado deu voz de prisão e
os enquadrou em 4 crimes. É um absurdo. Foram presos Nilton
Costa da Silva, diretor jurídico, e João Agostinho
da Silva, que nem participava do ato.
CONTATO
– A Polícia tem uma relação estreita
com a Volks?
Biro-Biro – Temos informações que a
Polícia Civil e Militar fazem refeições dentro
da Volks, abastecem carros dentro da fábrica e, em dia de
pagamento da Volks, a [Polícia] Civil fica dentro e nas imediações
da fábrica dando segurança.
CONTATO
– Qual o teor do documento entregue pelo sindicato ao presidente
Lula, na Revap?
Isaac do Carmo [vice-presidente do Sindicato] – O
documento mostra toda a verdade que estamos anunciando desde o início
sobre a situação na Volks. Não existe nenhuma
crise. A Volks está muito bem de saúde. As montadoras,
desde 2003, vêm crescendo no país. Deixamos bem claro
para o governo que não existe crise na Volks e, sim, na ganância
das montadoras. O governo deve dar uma resposta até semana
que vem.
CONTATO
– Funcionários da LG entraram em greve por 24 hs na
sexta, 2. Por que?
Biro-Biro – A LG tem 2.050 funcionários em
Taubaté e se prepara para aumentar para 2.550 em dezembro.
É inadmissível que uma empresa como a LG não
tenha um planejamento de recursos humanos na área de estruturação
de salários e jornada de trabalho. Tínhamos um acordo
firmado no TRT de Campinas que previa uma semana com jornada 6 X
1 e outra 5 X 2, alternadamente. A LG, porém, não
cumpriu esse acerto. E fez pior. No dia 31 de maio, data de entrada
nos novos salários, a LG atrasou o pagamento. Os trabalhadores
da LG paralisaram a fábrica espontaneamente às 15h40’.
Esperávamos reajuste salarial e nem depositaram o salário.
Foi por isso que paramos. Depois de duas reuniões conseguimos
construir uma proposta que prevê uma estrutura salarial com
4 níveis de salário. Definimos a jornada de trabalho
e fechamos o acordo da PLR – Participação nos
Lucros ou Resultados - em R$ 2.800,00. É o mais alto fora
das montadoras. Metade será paga ainda em 23 de junho.
CONTATO
– Como ficará o SAC -Serviço de Atendimento
ao Consumidor- da LG?
Biro-Biro – Tem uma movimentação da
empresa no sentido transferi-lo para São Paulo. São
70 trabalhadoras. A empresa disse ao Sindicato que aproveitará
as funcionárias na área administrativa. Por enquanto,
não tem nada oficial. Se vier acontecer, elas serão
remanejadas em outras funções. [Porém] o medo
existe.
CONTATO
– Continua candidato a deputado estadual?
Biro-Biro – Não. No dia 31 de maio venceu
meu prazo de desincompatibilização com o cargo de
presidente do Sindicato. [Porém] a decisão estava
tomada desde 3 de maio, quando a Volks anunciou o plano de reestruturação.
Diante dessa situação, não daria para abandonar
o Sindicato. Tenho plena confiança na minha diretoria e não
teria problema algum em entregar a presidência. O problema
é a simbologia que esse ato representaria em um momento de
crise. Isso representaria uma traição para a categoria.
CONTATO
– Ficou frustrado?
Biro-Biro – Muito. Tínhamos visitado diretórios
do PT no Vale e a aceitação era muito boa. E também
pelo partido que tinha se estruturado. Acabei deixando o partido
sem nome para disputar a eleição nesse reduto tucano
que é o Vale do Paraíba. |