O batalhão de jornalistas da Globo na Alemanha não
está pautado para cobrir a Copa da Mundo. O foco da emissora
está centrado na participação do Brasil na
competição. Pelo menos nos dias de preparação
entre a Suíça e a Alemanha, a overdose de reportagens
sobre língua, comportamento, cerveja, salsichão e
turismo nas cidades que receberam a seleção mostra
que existem jornalistas demais e pautas de menos.
De Konigstein, Fátima Bernardes apresenta, em interminável
reportagem no Jornal Nacional, todos os segredos da pequena cidade
que vai abrigar a esquadra brasuca por alguns dias. Na seqüência,
Cristiane Pelajo fala sobre a culinária local, com ênfase
para os chocolates - segundo ela, que experimentou vários,
é uma iguaria. Ainda na minúscula Konisgtein, a repórter
Glenda Kozlowsky dá aulas de alemão. "Tor = gol".
No desembarque do Brasil na Alemanha, Tadeu Shimidt conclui o óbvio:
"Todos querem Ronaldinho Gaúcho". Durante quase
todo o Jornal Nacional essa é a toada da cobertura produzida
pelos 160 jornalistas globais espalhados pela Alemanha. Depois de
uma enxurrada de reportagens sem a menor importância, finalmente
Pedro Bassan e Renato Ribeiro, que se mudou para Alemanha há
um ano para cobrir o clima da Copa, apresentam pequenas reportagens
sobre as seleções que enfrentarão o Brasil
na primeira fase. E só.
Para Argentina, Itália, Inglaterra e o resto do mundo sobram
alguns minutos aqui e acolá, salpicados entre uma e outra
reportagem sobre salsichão, bolhas nos pés de Ronaldo,
caipirinha e aulas de alemão. "Há momentos em
que é evidente que não há notícia para
tanto espaço, principalmente nesse período de preparação,
antes da bola rolar para valer", avaliou Marcelo Beraba, ombudsman
da Folha de S.Paulo, em sua coluna de domingo, 4. Em tempo: esse
preciso diagnóstico de Beraba foi feito sobre a cobertura
da Folha, que também optou pela overdose, mas cai com uma
luva para a cobertura global.
A
maior cobertura da história
A Copa do Mundo de 2006 será
o evento mais difundido na história do esporte. Informa a
FIFA que, na Alemanha, haverá 20 vezes mais jornalistas que
jogadores de futebol. São 15 mil profissionais, entre fotógrafos,
editores, radialistas, cinegrafistas, produtores, assistentes, estagiários.
Segundo o Estadão, o número de jornalistas escalados
para a Copa de 2006 supera o de profissionais que cobriram a agonia
e a morte do Papa João Paulo II, no ano passado. Pelas estimativas
da Fifa, a audiência acumulada do Mundial chegará a
30 bilhões de pessoas. Em 2002, foram 28 bilhões.
Especialistas ouvidos pelo Estadão acreditam que cada um
dos 64 jogos da Copa será acompanhado por cerca de 500 milhões
de pessoas.
Ordem
da CBF: Globo deve ter facilidade na cobertura da Copa
Entre as muitas exigências feitas pela CBF para concentrar
a seleção na pequena Konigstein, uma deixou os jornalistas
especialmente irritados. Segundo nota publicada na Folha de S.Paulo,
o homem que levou o Brasil para a cidade, Jorg Poschl, presidente
do Konigstein FC, recebeu ordens para facilitar ao máximo
a vida da Rede Globo. Só funcionários da emissora
puderam circular livremente pela Arena Zagalo, local onde treina
o time. Além disso, os globais ganharam um lugar exclusivo
nas dependências do clube.
Números
da Copa:
700 representantes da imprensa foram cadastrados para cobrir
os treinos do Brasil em Weggis, na Suíça.
6 cadernos especiais foram produzidos pela Folha de S.Paulo antes
do começo da competição. O jornal enviou 17
profissionais para a Alemanha. Na Copa da Coréia foram 12,
na França, 26.
21 jornalistas foram enviados pelo jornal O Globo.
65% dos jovens asiáticos entrevistados por um jornal japonês
vão assistir à Copa pela Internet
1954 foi o ano em que aconteceu a primeira transmissão de
uma Copa do Mundo. |