Por Paulo de Tarso Venceslau

Prefeito Roberto Peixoto descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal e recebeu o primeiro cartão amarelo. Se mantiver o mesmo padrão administrativo apresentado nos primeiros 18 meses, será inevitável o cartão vermelho que o mandará mais cedo para casa.

Os petistas cunharam a expressão “herança maldita” para sintetizar a situação caótica que teriam recebido de governo FHC. Depois de três anos e meio de governo, são obrigados reconhecer que a situação herdada não era tão ruim como apregoavam. Muito pelo contrário. Lula provavelmente será reeleito exatamente por ter mantido e aprofundado a política econômica que marcou o governo tucano anterior.
Por incrível que pareça, o Brasil do século 21 é um pouco mais responsável e sério quando comparado com os governos do século passado. Porém, o prefeito Roberto Peixoto parece que não entendeu as mudanças ocorridas nas instituições e nas leis desse país. Não satisfeito, passou atestado de falta de seriedade e incompreensão quando publicou no Diário de Taubaté de 27 de maio o Relatório de Gestão Fiscal, conforme obriga a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) nos artigos 54 e 55.
Será que não existe ninguém que fale a verdade para nosso prefeito? Ou será que ele só ouve o que quer? Ou será que o cordão dos puxa-sacos só fala abobrinhas carregadas de confetes e serpentinas para elogiar uma administração carregadas de erros crassos?
Será que em toda a máquina administrativa não há uma alma penada que alerte o prefeito sobre os ricos que ele corre quando descumpre a LRF, como é conhecida a Lei Complementar n.º 101, de 4/5/2000, feita para regulamentar a Constituição Federal, na parte da Tributação e do Orçamento com normas gerais de finanças públicas a serem observadas pelos três níveis de governo: federal, estadual e municipal?
Prefeito Roberto Peixoto, quem avisa amigo é. O senhor já ouviu esse meu bordão. Pois então, fique sabendo que a LRF não substitui nem revoga a Lei 4.320/64, que normatiza as finanças públicas no país há mais de 4 décadas e que seu principal objetivo consiste em estabelecer normas de finanças públicas voltada para a responsabilidade na gestão fiscal.
Senhor prefeito, a LRF criada no governo de FHC, do seu partido, foi feita para que a administração pública possa ser planejada e transparente; prevenir riscos e corrigir desvios que afetem o equilíbrio das contas públicas; cumprir metas de resultados entre receitas e despesas, com destaque para os limites para a geração de despesas com pessoal.
Finalmente, senhor prefeito, a LRF cria condições para a implantação de uma nova cultura gerencial na gestão dos recursos públicos e incentiva o exercício pleno da cidadania. Voltada para o aprofundamento de uma democracia participativa, a LRF estimula a participação do contribuinte no processo de acompanhamento da aplicação dos recursos públicos e de avaliação dos seus resultados.
O senhor jamais poderia ter sido induzido ao erro de conceder reais aumentos salariais que inexoravelmente comprometeriam as finanças municipais. Nem tampouco aprovar obras que poderiam perfeitamente ter sido postergadas.
Mas o senhor cometeu um erro imperdoável, o que revela o total despreparo de sua assessoria, quando permitiu que houvesse o corte de parte substancial da merenda escolar oferecidas nas creches e escolas de ensino fundamental da rede municipal de ensino. Erro agravado com a redução de compra de remédios distribuídos para a população mais carente.
Os erros podem até terem sido provisoriamente sanados. Porém, enquanto o senhor mantiver esse doentio distanciamento da realidade administrativa da prefeitura os erros poderão deixar de ser erros para se transformarem em política pública. Graças à LRF, herança bendita de FHC, talvez os setores organizados da sociedade taubateana consigam impedir que esse se dissemine.

 

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