Por Jorge Fernandes
CONTATO
– Por que a senhora decidiu candidatar-se a reitora da Unitau?
Profª Lucila – Foi a primeira vez que me candidatei.
Resolvi [candidatar-me] em função de uma história
que eu tenho dentro da Universidade de Taubaté. Estou na
Unitau desde 1979. Tive a oportunidade e a honra de ocupar alguns
cargos dentro da Universidade. Comecei [minha carreira] tendo a
oportunidade de implantação do curso de Enfermagem.
Permaneço até hoje. Hoje sou diretor do Instituto
Básico de Biociências (IBB) que foi uma nova unidade
da Universidade. Fui designada pelo professor Nivaldo Zöllner
[reitor da Unitau de 2002 a 2006] para organizar e implantar. Isso
tudo [IBB] já existe desde janeiro de 2004.
CONTATO
– Houve algum desgaste com a escolha da lista tríplice?
Profª Lucila – Acredito que foi um processo
extremamente legal, legítimo. Houve uma maior lisura por
parte dessa eleição. Eu acredito que na história
da Universidade esse processo foi o mais harmonioso que já
ocorreu.
CONTATO
– Qual a importância de três professoras concorrerem
ao cargo de reitora?
Profª Lucila – Foram circunstâncias que
aconteceram. Tenho dito sistematicamente que hoje a mulher tem condições
de disputar os mesmos cargos que os homens. A mulher está
preparada para assumir esses cargos. Temos vários exemplos
disso. Nós temos primeiro, e eu acho um dos mais importantes,
é o exemplo da reitora da Universidade de São Paulo
(USP). Não só a mulher ocupa o cargo de reitor, como
a vice também é mulher. A presidente do Supremo Tribunal
Federal é mulher [ministra Ellen Gracie]. Temos a primeira
ministra da Alemanha [Ângela Merkel]. Temos uma mulher que
ocupa um dos cargos mais importantes do mundo, a Condoleezza Rice
[secretário de estado do governo George Bush]. Hoje temos
condições de igualdade.
CONTATO
– Quais as principais tarefas com reitora?
Profª Lucila – Eu acho que desencadeiei um processo
na Universidade de Taubaté a partir de um momento em que
eu apresentei à comunidade universitária um compromisso
de gestão. Basicamente, eu chamo atenção para
a questão dos servidores – funcionários e prefessores
- da Universidade. A implementação do plano de carreira
é fundamental. Os funcionários já o possuem.
Mas os professores não. É preciso reformar tanto o
regimento interno como a próprio estatuto da Universidade.
Vamos implementar também a eleição direta em
todos os níveis, inclusive para chefe de departamento e diretor
de instituto. Outro ponto extremamente importante para a Universidade
de Taubaté é a questão da infra-estrutura da
Universidade. Nós teremos que rever e melhorar toda a infra-estrutura
física e didática/pedagógica. Melhorando-a,
conseqüentemente, nós iremos melhorar também
nossa qualidade de ensino e nosso atendimento aos alunos.
CONTATO
– Dos pontos destacados, qual é o principal?
Profª Lucila – Não existe um carro-chefe.
Existe, sim, um programa que eu tornei público. De todos
os pontos que eu coloquei no meu plano de trabalho, eu acredito
que todos sejam exeqüíveis nos próximos quatro
anos. Para mim, todos têm a sua prioridade.
CONTATO
– O fato de o prefeito escolher o reitor interfere na autonomia
da Universidade?
Profª Lucila – Não. A Universidade de
Taubaté é uma autarquia municipal e nos mesmos moldes
da Universidade de São Paulo, Unicamp ou Unesp cujos reitores
são escolhidos pelo governador a partir de uma lista tríplice.
A Unitau é uma autarquia. Por isso, não vejo porque
o prefeito não escolher. É uma legislação
que está em vigor. A autonomia da Universidade é constitucional.
É garantida de forma constitucional. O fato de o reitor ser
escolhido pelo prefeito em hipótese alguma interfere na autonomia
da Universidade.
CONTATO
– Como será sua relação com a prefeitura?
Profª Lucila – Já tive experiência
anterior. Ocupei cargo na prefeitura também. Nós desejamos
manter, reforçar e ampliar as parcerias que existem entre
prefeitura e a Universidade. A Universidade tem tudo o que a prefeitura
precisa e a prefeitura tem tudo que a Universidade precisa. Um dos
papéis da Universidade é o atendimento na comunidade,
uma relação que hoje é muito tímida.
Vamos fazer isso por meio da pró-reitoria de extensão
e assuntos comunitários.
CONTATO
– Os investimentos serão com recursos próprios
ou da prefeitura?
Profª Lucila – Esse investimento seria, em um
primeiro momento, da Unitau. Por isso, teremos que fazer um estudo
para ver como está o orçamento, o que podemos investir
na infra-estrutura. Se eu puder e conseguir colaboração
da prefeitura, será muito bem vinda. Em princípio,
recurso próprio. Pretendo também rever todo o patrimônio
histórico. Uma menina dos meus olhos é a Capela do
Bom Conselho. Vamos tentar trazer recurso do estado, da União
e até internacional junto a órgãos de fomento.
CONTATO
– Há plano para a estadualização e/ou
federalização da Unitau?
Profª Lucila – Eu não acredito nisso
porque não há possibilidade de se fazer isso. Dificilmente
o governo federal ou estadual irá absorver todo o patrimônio
humano e físico da Universidade. Quero deixar bem claro que,
no momento, não existe possibilidade de estadualizar ou federalizar
a Universidade de Taubaté.
CONTATO
– No ano passado, era perceptível que havia resistência
ao seu nome. Talvez até fossem manifestações
preconceituosas. Como superou essas resistências?
Profª Lucila – Como diria Nelson Rodrigues,
toda unaminidade é burra (risos). Sempre vou ter opositores
e saberei lidar com habilidade e harmonia. Tenho pregado isso dentro
da Unitau. Terminou a fase de represália. Isso não
comporta mais dentro de uma instituição como a Universidade
de Taubaté.
CONTATO
– Qual a primeira medida que vai tomar como reitora?
Profª Lucila – Constituir dois grupos de trabalho,
até dia 5 de julho (a posse oficial será no dia 3).
O primeiro (para estudar soluções) para o Hospital
Escola e o segundo para fazer análise a apresentar para toda
a instituição em um prazo de três meses.
CONTATO – Podemos cobra-la depois desse prazo?
Profª Lucila – Pode.
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