Por Paulo de Tarso Venceslau

Futuro previsível

O futuro político do prefeito Roberto Peixoto deve ficar mais espinhoso. A base aliada começa a se desvencilhar da rédea curta controlada pelo Palácio Bom Conselho. A atuação do Ministério Público limita cada vez mais os tentáculos do Executivo. Nem vereadores aliados apostam num final feliz.


 

 

Prever certas situações dispensa futurologia vulgar. Basta o mínimo de bom senso. Por exemplo. Imagine o acontecerá ao Partido dos Trabalhadores no dia seguinte a uma derrota do presidente Lula, candidato à reeleição. Só mesmo um doente das faculdades mentais seria capaz de imaginar que no day after o partido estaria unido como nunca esteve e que toda a direção iria voltar para o trabalho de base.
Dificilmente, alguém com QI acima de zero deixar de prever uma guerra fratricida que começará antes mesmo do encerramento da apuração dos votos. Vai ser um pega pra capar daqueles.
Voltando a essa terra dos Guaianás – Bernardo Ortiz jura que tem essa origem – já é possível perceber os primeiros sinais de que algo de novo vem ocorrendo na Câmara Municipal. Tudo indica que está encerrada a longa lua-de-mel que marcou esse ano e meio de casamento entre o prefeito e os vereadores.
Alguns, como não poderiam deixar de ser, continuam fiéis. É o caso de Carlos Peixoto (PSC), o sobrinho que jamais abandonará o barco do tio por absoluta falta de opção para sua mediocridade política. Chico Saad, por outro motivo, não sairá da base de apoio do prefeito. A razão é muito simples: ele aposta todas as fichas que conseguirá assinar a ficha de filiação do prefeito no seu partido, o PMDB, que lhe garantirá enorme espaço – até hoje negado – junto aos inquilinos do Palácio Bom Conselho.
Arizinho Kara, pastor Valdomiro, Rodson Lima são verdadeira marias-vão-com-as-outras. Enquanto o Executivo dispuser de algum recurso para atender suas inomináveis demandas, esses vereadores continuarão a apóia-lo. Henrique Nunes, pragmático de horizonte estreito e curto, ficará contente com as migalhas que sobrarão pelo seu apoio à candidatura de Carlos Peixoto a presidente da Câmara. Portanto, na melhor das hipóteses, a dois meses das eleições, a base parlamentar do prefeito não ultrapassa de sete votos num colégio eleitoral de 14 vereadores.
Nesse caso, o prefeito já não dispõe de maioria como aconteceu ao longo desses 18 meses de governo. Aliás, diga-se passagem, durante quase todo esse período havia apenas uma voz pregando no deserto: a do petista Jéferson Campos. Os demais vereadores, portanto, não podem ser chamados de oposicionistas. Eles simplesmente iniciaram um processo de mudança provocado pela ação pouco recomendável em todos os níveis – ambientais, políticos e éticos, por exemplo – , por parte do governo municipal.
Não é preciso uma bola de cristal para prever alguns lances de curto e médio prazo. Diante da falta de recursos públicos, da ausência de projetos e propostas, da mediocridade política, dos resultados eleitorais e da absoluta falta de sinais de que haverá alguma mudança nesse comportamento, pode-se apostar que até o final do ano serão muito maiores as dificuldades do poder Executivo.
Essas dificuldades deverão ser potencializadas com os resultados das ações quando encontrarem guarida na Justiça e por novas denúncias que já estão prontas porque são quase públicas as pressões que estão sendo exercidas por assessores do primeiro escalão em favor de determinadas empresas que “disputam” milionários contratos com a prefeitura.
Vereadores que têm dado a cara para bater em defesa da prefeitura já não escondem suas decepções. Pena que sejam impublicáveis as previsões que fazem a respeito do futuro político do prefeito. Futuro que sequer poderá ser compartilhado com sua paixão e musa inspiradora.

 

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