CONTATO
– Vai ser mais difícil renovar seu mandato pelo PV
do que foi pelo PT, em 2002?
Gabeira – Estou na Câmara há três
mandatos. Quando fui candidato pelo PT perdi 9 mil votos. Não
tive nenhuma vantagem com a mudança de sigla. Além
disso, sou ruim de voto. Sou popular, mas as pessoas não
votam em mim. Uns porque eu sou supostamente maconheiro, outros
porque sou supostamente veado, ou porque sou veado e maconheiro.
Outros acham que não tenho seriedade o suficiente. Minha
situação é delicada. Sou
CONTATO
– Gilberto Gil, seu companheiro de PV, tem sido um bom ministro
da Cultura?
Gabeira – O Gil é um ministro da cota do presidente.
Não foi escolhido por ser do PV. Ele vem investindo mais
nas relações exteriores dos que nas questões
internas. Se eu fosse o presidente, escolheria um ministro mais
voltado para os projetos internos do que para a diplomacia.
CONTATO
– Por que PT e PSDB, os dois partidos mais ideológicos
do país, não conseguem formar uma aliança e
optam por acordos com partidos e lideranças fisiológicas?
Gabeira – O fator São Paulo impede a união
dos melhores do PT com os melhores do PSDB. Eles disputam lá
e acham que não podem estar juntos no resto do Brasil. O
domínio sobre São Paulo tem um peso muito grande.
Qualquer um deles no governo prefere incorporar os setores fisiológicos.
Gabeira
e Paulo de Tarso se confraternizam no sítio em Paraty
CONTATO
– Quando o governo Lula começou a errar?
Gabeira – Desde o princípio. Logos nos primeiros
meses o governo aceitou uma importação muito suspeita
de pneus usados do Paraguai e Uruguai. Depois, começou a
novela dos alimentos geneticamente modificados, em que o governo
legalizou uma plantação clandestina de soja. Teve,
também, o erro da política de alianças. Foi
quando todos os escrúpulos terminaram. Sempre achei que o
Lula não governava nada. Ele estava fazendo um trabalho de
representação. As tarefas do governo caíram
todas nas mãos do José Dirceu, uma pessoa extremamente
centralizadora, que não admitia perder nem um milímetro
de poder. Quando eu saí, ainda não tinha acontecido
as denúncias de mensalão.
CONTATO
– Como avalia as candidaturas para presidente esse ano?
Gabeira – Heloisa Helena propõe (...) idéias
nacionalistas e estatizantes, com características semelhantes
às da Venezuela e da Bolívia. Não me identifico
mais com essas idéias. O Cristovam é um homem com
várias idéias para o Brasil. Mas eu não creio
que seja possível conquistar uma eleição simplesmente
com um homem de idéias. O Lula que foi eleito era a encarnação
da esperança. Hoje ele não é mais uma promessa,
é uma realidade medíocre. O Alckmin é provinciano
para esse momento que o país vive. O Serra seria um candidato
muito mais adequado.
CONTATO
– Ele contaria com seu apoio?
Gabeira – Contaria. Nós chegamos a conversar
em São Paulo.
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