Analfabetismo Político II

Por Harold Maluf
Presidente do DABM - Medicina

Residentes do Hospital Universitário paralisam atividades

Nesta quinta-feira, 24 de agosto às 13 horas, ocorreu a Paralisação Nacional dos Médicos Residentes, uma ação comandada em território paulista pela Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo (AMERESP), onde praticamente todos os residentes encerraram suas atividades.

 


Alunos da Faculdade de Medicina (Unitau) protestam em frente ao Hospital Universitário

O ato conjunto contou com a participação dos seguintes instituições do Estado de São Paulo:
USP São Paulo (938 residentes), Unifesp/Escola Paulista de Medicina (552), USP Ribeirão Preto (495), Santa Casa de São Paulo (472), Unicamp (463), UNESP Botucatu (331), Hospital do Servidor Público Estadual (314), Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (250), Santa Marcelina (225), PUC Campinas (126), Hospital Heliópolis (125), PUC Sorocaba (113), Faculdade de Medicina de Marília (108), Hospital Ipiranga (91), Hospital Mário Gatti - Campinas (74), Hospital do Tatuapé (67), Emílio Ribas (64), Complexo Hospitalar do Mandaqui (60), Faculdade de Medicina de Taubaté (UNITAU) (57), Unoeste - Presidente Prudente (54), Hospital Israelita Albert Einstein (8), Cândido Ferreira - Campinas (5).

Sob o título “Reajuste e Reformas, Sem Redução de Vagas!”, em São Paulo a Paralisação tem como pautas*:

 

Reajuste da Bolsa (inflação acumulada desde 2002: 53,7%)

Diante da responsabilidade, da dimensão do trabalho, das despesas e necessidades de atualização científica, o valor da bolsa é irrisório.
Reivindica-se o reajuste da bolsa e cumprimento da lei que estabelece moradia ou auxílio moradia para todos os residentes, sem redução das vagas.

 

Condições Dignas de Trabalho, Aprendizado e Vida

Muitos residentes trabalham mais de 100 horas semanais, mais de 24 horas consecutivas e muitas vezes sem supervisão. É um risco para os residentes e para a população.
Reivindica-se o cumprimento da lei que estabelece carga horária máxima de 60 horas semanais, sempre com supervisão e nunca ultrapassando o máximo de 24 horas consecutivas de trabalho.

 

Reestruturação dos Órgãos de Regulamentação

A maioria dos Programas de Residência Médica funciona com irregularidade, sendo punidos apenas aqueles que funcionam em condições aberrantes. Os órgãos que regulamentam a Residência são responsáveis por isso
Reivindica-se reestruturação da Comissão Nacional de Residência Médica, profissionalização das Comissões Nacionais e maior representação dos residentes em todos os níveis.

 

Política de Estado para Especialização Médica

A Residência Médica vem funcionando à margem das políticas públicas de Saúde e Educação. Não existe uma política para especialização médica voltada para atender as necessidades da população. Enquanto isso, os estágios, que são uma forma precária de especialização, proliferam sem controle e regulamentação.

 

Reividica-se o aumento de vagas para especialidades em que haja necessidade.

Em reunião nesta quarta-feira com o representante dos residentes do Hospital Universitário de Taubaté, Dr. Fernando Haruno, o Diretório Acadêmico Benedicto Montenegro demonstrou apoio incondicional a causa dos residentes do país com a concessão de 700 panfletos e vários cartazes para informar a população sobre a ação dos residentes do HU.
Consideramos a mobilização legítima, pois ela defende não apenas o direito dos médicos residentes, mas principalmente, o da população. Da mesma maneira que um policial mal treinado, mal pago e cansado representa um risco ao cidadão, não aceitaremos que tal abuso chegue à saúde pública brasileira.

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