Por Paulo de Tarso Venceslau

Ex-prefeito Antônio Mário Ortiz

Nelson Rodrigues cunhou a expressão: toda unanimidade é burra. Uma frase de efeito que esconde uma baita armadilha do gênio do artista. Quando todo mundo concordar que toda a unanimidade é burra ficará comprovado que toda a unanimidade é burra mesmo!
Toda essa arenga foi para introduzir uma figurinha ímpar em Taubaté: Mário Ortiz, ex-prefeito, ex-cria de Bernardo Ortiz que o transformou em desafeto, que agora tenta, pela quarta vez, uma eleição. Desta vez é para deputado federal pelo PFL (Partido da Frente Liberal) em dobradinha (?) com Marco Aurélio Bertaiolli, vice-prefeito de Mogi das Cruzes e um dos dirigentes da poderosa Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (FACESP).
Apesar de todos os adversários que conseguiu amealhar com sua militância política, Mário Ortiz pode ser classificado como uma quase unanimidade no quesito simpatia. Ele é muito diferente do atual e dos últimos ex-prefeitos. Sorriso contagiante e fala mansa, que não se altera mesmo quando muito provocado, são, talvez, suas marcas mais visíveis. Na manhã de quarta-feira, 30, nossa reportagem conversou com o candidato durante o café da manhã na Dona Bella.

 


Antônio Mário Ortiz


A primeira surpresa foi saber que o Ortiz de Taubaté, conforme indica seu santinho de campanha, não possui comitê político algum. “É para reduzir custos, fofocas e fugir das demandas assistenciais – se eu for atendê-las, estarei infringindo a lei - que aparecem aos montes durante a campanha. São pedidos para que eu pague contas de luz, de água, gás, passagens de ônibus, etc. Outro dia, uma pessoa que mal se identificou, ligou pedindo, exigindo, uma série de coisas para um time de futebol. Meu comitê é o meu celular”.


Explica que sua campanha está focada em temas interligados como desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda que só poderão acontecer por meio da educação, da ciência e da tecnologia. Sobre educação afirma que “é necessário garantir investimentos compatíveis para formar técnicos voltados para a ciência e tecnologia” e dá como exemplo o modelo chinês.


Como? “Eu sei que, se eleito deputado, sozinho não conseguirei mudar nada. É preciso construir uma bancada majoritária suprapartidária formada por deputados com os mesmos ideais para poder dispor de força para fazer a mudanças necessárias”.
E o que vem a ser sua proposta sobre ciências? “A canalização de recursos para que as universidades possam desenvolver programas de pesquisas, principalmente para pesquisas aplicadas. A tecnologia viria como decorrência dessa mão-de-obra qualificada através desses investimentos”.


Antônio Mário Ortiz

 

Perguntado sobre sua relação com Marco Antônio Bertaiolli, sua dobrada prioritária, não esconde que depende muito dele para fazer sua campanha. “Bertaiolli tem um estilo de campanha em que ele não aparece com uma única dobrada. Os santinhos não trazem as dobradas porque são campanhas independentes. Na verdade, prevalece mais uma comunhão de interesses do que um dobrada propriamente dita. Em Taubaté, por exemplo, ele tem o apoio da vereadora Maria da Graça (PTC) que por sua vez não me apóia. E não tenho nenhum trauma por causa disso”. Perguntado sobre o apoio de vereadores, Mário Ortiz não esconde seu desapontamento por não contar com o apoio de um único vereador. Afinal, “o PFL é pequeno em Taubaté, tem uma comissão provisória dirigida pelo ex-vereador coronel Cezário, e hoje possui apenas cerca de 150 filiados”.

 


Antônio Mário Ortiz

Nossa reportagem perguntou sobre uma reunião com o prefeito Roberto Peixoto, semana passada, graças à intermediação do vereador Henrique Nunes (PPS), para tratar sobre as eleições de 2008, quando teria recebido o convite para ser o candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Peixoto.


Mário Ortiz negou que a reunião tivesse ocorrido, mas confirmou a tentativa de intermediação por meio de Renato Felgueiras (ex-diretor do Departamento de Serviços Urbanos à época em que Mário Ortiz esteve à frente da prefeitura). “Não descarto a possibilidade de me encontrar com Roberto Peixoto, mas descarto totalmente a hipótese de ser seu vice em 2008. Até outubro, estarei concentrado exclusivamente na conquista de uma vaga na Câmara Federal, apesar de estar consciente da enorme dificuldade para conseguir o número de votos suficientes. E 2008 vai depender muito do resultado eleitoral. Se eu vencer, cumprirei meu mandato integralmente. Se perder, pretendo disputar a prefeitura de Taubaté, em 2008.”


E Robeto Peixoto? “Posso conversar a hora que ele quiser, mas não aceito ser vice de ninguém. Essa é uma probabilidade inexistente. Se eleito, até cabe uma conversa com o prefeito porque pretendo representar Taubaté no Congresso Nacional e para isso precisarei ter um bom entendimento com o prefeito, não importa quem seja”.
Sobre a administração Roberto Peixoto afirma que a sua seria totalmente diferente, com prioridades diferentes. “Não consigo identificar qual é o foco do prefeito Roberto Peixoto, não consigo entender as causas que teriam esgotado os recursos da prefeitura, como afirma o jornal Contato. O meu foco é a geração de renda e emprego. Minha eleição para a Câmara Federal seria fundamental para colocar em prática algumas idéias e fortalecer a unidade de um grupo de apoiadores de altíssimo nível”.

 

 

 

 

 

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