Por Jorge Fernandes

Entrevista com o deputado estadual Padre Afonso Lobato (PV)

“Esperava maior participação de Roberto Peixoto”

O deputado estadual padre Afonso Lobato (PV) tenta conquistar um novo mandato na Assembléia Legislativa. Eleito em 2002 com 41.334 votos, padre Afonso teve participação efetiva na política de Taubaté dos últimos quatro anos. Não esconde a “frustração e decepção” pela falta de apoio do prefeito a sua campanha. Confira os principais trechos da entrevista.

 


Padre Afonso

 

CONTATO - Por que disputar a reeleição?
Dep. Padre Afonso -
O Vale do Paraíba carece de representatividade. Taubaté ganhou muito com a nossa participação. Nosso relacionamento com Geraldo Alckmin ajudou muito. Queremos continuar esse trabalho e nos dispomos a assumir outros compromissos para representar Taubaté e nossa região.

 

CONTATO - O apoio da Igreja Católica está maior ou menor em relação à campanha de 2002?
Dep. Padre Afonso
- A Igreja, enquanto instituição, não pode apoiar determinado candidato. Ela não tem candidato. A Igreja defende princípios. Eu sinto, por ser padre, bastante sintonia dos colegas em relação a nossa candidatura.

 

CONTATO - Quais atividades como deputado lhe deram mais alegria? Elas podem se traduzir em votos?
Dep. Padre Afonso
- Pode. O que me deu mais alegria foram as emendas que destinavam verbas para as Apaes de São Paulo e também a implantação do projeto Bom Prato em Taubaté, que oferecerá 1.200 refeições diárias.

 

CONTATO - Como o sr. analisa a indicação da Sede Santos, do padre Marlon, pela prefeitura para administrar o programa Bom Prato?
Dep. Padre Afonso
- O que cabia ao deputado era lutar para aprovação da emenda na Assembléia Legislativa. Essa decisão [de indicar a entidade responsável pela gestão] não é com o deputado embora a torcida fosse para os Vicentinos. Eu achava que estava tudo certo e, para mim, também foi uma surpresa. Esperamos que a Sede Santos faça bom trabalho.

 

CONTATO - Qual projeto sancionado pelo governador em que seu trabalho foi decisivo?
Dep. Padre Afonso
- Vários projetos. Mas acredito que dois são de suma importância: a criação da defensoria pública e o projeto que regulamenta a cobrança pelo uso de recursos hídricos. São dois projetos que a bancada do PV assumiu. [Outro] projeto que seria importante ser aprovado disciplinava o plantio de eucalipto no estado. Esse foi vetado pelo governador.

 

CONTATO - E o Hospital Regional?
Dep. Padre Afonso
- Há mais de 50 anos havia a discussão sobre a implantação de um hospital regional no Vale do Paraíba, única região do estado que não tinha um hospital público. O governador [Alckmin] pediu nosso apoio e assumimos a bandeira. Nossa participação foi decisiva na desapropriação do Hosic [Hospital Santa Isabel de Clínicas] e foi reconhecida pelo próprio governador. Agora precisamos recuperar o Hospital Universitário, que passa por momentos difíceis.

 

CONTATO - Qual sua principal dobrada para campanha?
Dep. Padre Afonso
- As dobradas foram acontecendo. O deputado Marcelo Ortiz (PV) é uma dobrada natural. Depois fui procurado pelo Silvio Sanzoni, Regina Gonçalves e o Pena – presidente nacional do partido. Além de outras que surgiram como, por exemplo, Salvador Zimbaldi. Eu acredito que o povo sabe distinguir muito bem, apesar de a gente estar junto no papelzinho, o trabalho de um e de outro.

 

CONTATO - Como está dividida a campanha?
Dep. Padre Afonso
- Prioritariamente em Taubaté, Caçapava, Tremembé e Pinda – cidades em que fui mais bem votado na última eleição – e nas cidades do Vale do Paraíba. Não sou de abrir muitas frentes porque política se faz com relacionamento e trabalho efetivo.

 

CONTATO - Quais atividades lhe trouxeram dissabor, como deputado?
Dep. Padre Afonso
- Dissabores a gente sempre tem porque faz parte da vida. O maior dissabor foi a falta de compromisso que as pessoas apresentam com aquilo que eles assumem. São aquelas pessoas que acertam projetos comuns e apoio, e quando se aproxima a eleição vão pensando em projetos pessoais. Quando você interessa para essa pessoa, serve. Quando não, eles te descartam. É importante que se cumpram a acordos e que se tenha palavra.

 

CONTATO - Pode citar nomes?
Dep. Padre Afonso
- Eu prefiro não dizer nomes justamente para não criar polêmica – que é boa quando constrói. Talvez, depois desse pleito, a gente possa dar nomes aos bois.

 

CONTATO - Em escala de 1 a 10, como classifica o apoio de Roberto Peixoto a sua campanha?
Dep. Padre Afonso
- Prefiro não escalonar. Eu sei que esperava de Roberto Peixoto maior participação. Taubaté inteira sabe do que eu fiz para ajudar Roberto Peixoto. Trabalhamos intensamente [na campanha para prefeito em 2002]. Realmente, esperava mais empenho, participação, compromisso, lealdade, fidelidade e companheirismo do Roberto Peixoto. Vejo hoje Roberto Peixoto apoiando todo mundo que faz parte, às vezes, do jogo que a política exige. Mas, poxa vida, um telefonema? Como está a campanha? Qual dificuldade e no que a gente pode ajudar? [Ele] Está alheio e dá a impressão que a gente não está concorrendo à reeleição e que não ajudamos na sua eleição. Esperava muito mais. Essa é uma das decepções que eu tenho.

 

CONTATO - Como o sr. explica essa postura de Peixoto já que militantes do PV compõem o primeiro escalão da Prefeitura?
Dep. Padre Afonso
- Compromisso é compromisso. Do dr. Cabral (jurídico), dr. Pedro Enrique (saúde) e Monteclaro Cesar (trânsito) estamos tendo apoio e [é] com que a gente está contando. E de forma isolada de outros diretores como Gerson (Obras Públicas) e Antônio Carlos (rural). Mas, da parte efetiva dele [Peixoto] não conseguimos apoio que esperávamos.

 

CONTATO - Seu coração político pende mais para o lado do presidente Lula (PT) ou do deputado Fernando Gabeira (PV)?
Dep. Padre Afonso
- Pende mais pelos compromissos que assumi. Lula foi uma decepção, apesar de algumas conquistas. Respeito a postura do Gabeira, apesar de algumas restrições [como a] defesa da descriminalização da maconha.

 

CONTATO - Acredita em segundo turno para presidente?
Dep. Padre Afonso
- Estou torcendo porque o segundo turno centraliza as discussões e amadurece questões que até agora não foram propostas de forma interessante.

 

CONTATO - Qual mensagem final aos eleitores?
Dep. Padre Afonso
- Não perder a esperança e [acreditar] no papel fundamental do direito do voto. O voto nulo não leva a lugar nenhum. É uma falta de responsabilidade.

 

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