No
dia 7 de setembro, FHC lançou a “Carta aos militantes
do PSDB”. Provocou a maior chiadeira entre tucanos e, pasmem,
entre petistas. A grande imprensa repercutiu as partes que produziram
e ainda continuam produzindo manchetes. Mas, o que será que
a carta contém capaz de fazer dirigentes petistas e tucanos
saírem de seus ninhos para atacar as análises feitas
pelo ex-presidente?
Vale constatar que as maiores críticas partiram de tucanos
de alta plumagem, com destaque para o governador mineiro e candidato
a reeleição Aécio Neves. “A melhor forma
de contribuir [para a campanha de Geraldo Alckmin] é evitar
comentar ações que mais desagregam do que agregam”,
comentou Aécio. Seus aliados, de Aécio, bateram nessa
mesma tecla. E a grande imprensa se deliciou com a tal desagregação
tucana.
Em seguida, petistas de cinco estrelas reforçaram Aécio
e cia. “O Alckmin tem escondido ele (FHC) da campanha. É
a fala de um homem ressentido. Vaidade fala mais forte”, bateu
Ricardo Berzoini, presidente nacional do PT. E Lula arrematou na
semana seguinte: “FHC é o único ex-presidente
que não sabe comportar-se como ex-presidente”. Alguém
poderia lembrá-lo que os outros dois ex-presidentes vivos,
Collor de Mello e José Sarney são aliados de Lula.
Ou seja, a carta de FHC incomodou tucanos e petistas. Por quê?
FHC autor da "Carta aos militantes do PSDB", documento
político mais importante publicado recentemente no Brasil.
Primeiro, porque tudo indica que - entre tucanos e petistas - ninguém
leu a carta com o devido cuidado. E se leu, pior ainda, usou de
extrema má fé quando comentou com a imprensa.
Segundo, se lessem e fossem sérios (ou honestos) teriam comentado
a parte mais importante da carta que trata da reforma política
que se faz necessária e não daquela apresentada de
afogadilho e com objetivos eleitoreiros pelo governo Lula. A reforma
política sugerida por FHC prevê basicamente a introdução
do voto distrital e da fidelidade partidária. Em quase metade
da carta ele disseca esses pontos que não foram sequer citados
pela grande imprensa.
Terceiro, FHC insiste em diferenciar o PSDB do PT, razão
pela qual criticou o comportamento do seu partido no episódio
que envolveu Eduardo Azeredo, presidente da sigla, com o caixa dois
do valerioduto.
Quarto, se havia alguma dúvida sobre a convergência
dos interesses petistas com os de Aécio Neves, Lula as dirimiu
de vez na entrevista publicada na quinta-feira, 14. Perguntado se
o governador Aécio Neves, que tem mais de 70 % das intenções
de voto, seria um parceiro seu eventual segundo mandato, Lula respondeu:
“Ele é uma parceria hoje já”.
Sabedor de toda essa articulação entre tucanos mineiros
com petistas lulistas, FHC pôs o dedo na ferida. Afinal, a
carreira de Aécio Neves que prevê o apoio de Lula para
disputar a sucessão do petista em 2010 coloca os dois partidos
na mesma vala comum onde o PT se lançou nos últimos
anos.
Revelação como essa feita por FHC não interessa
aos tucanos que querem retomar o poder a qualquer custo e muito
menos a Lula et caterva que caminham tranqüilos para sua reeleição
graças ao apoio e ao empenho do parceiro Aécio.
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