Por Jorge Fernandes

Hospital Universitário na berlinda

Aprendendo com Líderes foi o tema abordado pelo publicitário que, além de empresário de sucesso, é estrela do reality show “O Aprendiz”, da TV Record.


Estudantes de Medicina (Unitau) protestam contra a crise no Hospital Universitário em passeata promovida no dia 30 de maio de 2006.


A crise que persiste envolver corredores do Hospital Universitário da Unitau (Universidade de Taubaté) parece estar com os dias contatos. Isso se depender da vontade da reitoria da principal instituição de ensino superior do Vale do Paraíba e de lideranças políticas da região. Um passo importante já foi dado com a realização de audiência pública na noite de quarta-feira, 20, na Câmara de Taubaté para debater a estratégia elaborada pela Unitau para sanar os problemas do H.U.
A reitora Maria Lucila Junqueira Barbosa pediu à presidência da Câmara audiência pública para justamente debater junto aos vereadores a solução para a crise do Hospital Universitário. A postura da reitoria foi elogiada pelos vereadores presentes à audiência. Mais uma vez, a professora Lucila deu provas de sua política de transparência que adotou desde que assumiu a chefia da Unitau.


De imediato, as duas vertentes para tirar o H.U. da crise foram colocadas à mesa pela reitora. De um lado, prestar assistência adequada e digna à população e, de outro, oferecer ensino de qualidade aos estudantes da Unitau. Além disso, a construção de um novo hospital universitário também foi apresentada à discussão. Hoje, o atual H.U. apresenta déficit mensal de cerca de R$ 800 mil e aproximadamente 20% dos pacientes atendimentos não são de Taubaté.
A reitora Lucila explanou sobre as três principais propostas elaboradas pelo corpo docente e técnico da Unitau. Num primeiro momento, o hemonúcleo do Hospital Universitário voltará para o Estado para dessa forma amenizar os prejuízos da ordem de R$ 56 mil/ano. “O H.U. não pode continuar assumindo esse recurso já que a Unitau não dispõe de recurso suficiente”, alertou Lucila.

 


Reitora Lucila


Outra questão apresentada referiu-se às cirurgias ortopédicas de alta complexidade, realizadas no Hospital Universitário, e que, de acordo com a reitoria da Unitau, será transferida para a DIR para que, posteriormente, repasse ao Hospital Regional. Antes de suscitar dúvidas, a professora Lucila esclareceu que “nada será feito de forma truculenta e as mudanças ocorrerão de forma planejada e paulatinamente. Não vou, por exemplo, fechar o hemonúcleo do H.U. amanhã”.

Clínica psiquiátrica
Entretanto, a clínica psiquiátrica foi o principal assunto da audiência pública e mostrou-se capaz de estarrecer o vereador Jeferson Campos (PT) que declarou estar “absurdado com a situação”. A unidade psiquiátrica de 20 leitos, promessa antiga do então governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), foi levantada pela vereadora Pollyana Winther (PPS) que pediu à reitora soluções para resolver a pendência.



Com injeção de R$ 570 mil, a clínica construída no Hospital Universitário encontra-se em fase final, segundo a reitoria da Unitau. “No entanto, fazer obra é fácil. O difícil é a manutenção e deve girar em torno de R$ 118 mil e o H.U. não dispõe de mais verba. Temos que ser realistas”, explicou a professora Lucila. Bastou a vereadora Maria Tereza Paolicchi (PTC) questionar se o local para a construção da ala psiquiátrica foi adequado para que a reitora revelasse sua real impressão do H.U.


“Lamento profundamente que tenha sido construída a clínica psiquiátrica no H.U. Não se pode investir em construção nesse hospital porque não há espaço físico. O Hospital Universitário não é mais um local adequado, pois perdeu suas características. Não gosto de usar essa palavra, mas lá como em outros prédios da Unitau foram construídos ‘puxadinhos’”, desabafou para depois declarar que “por isso, temos a intenção de construir um novo Hospital Universitário da Unitau”.


Para o vereador Jeferson Campos, a construção da clínica psiquiátrica no H.U. é motivo para a instalação de CEI (Comissão Especial de Investigação). “No meu entendimento, houve desperdício de dinheiro e como presidente da Comissão de Saúde tenho a obrigação esclarecer isso. Não é só um problema da Universidade, mas também da população que sai penalizada. Isso mostra que o H.U. está na UTI”, afirmou.


Enquanto o petista rotulava o Hospital Universitário de “elefante branco”, a reitora utilizou a mesma retórica petista de “herança maldita” de administrações anteriores. Lucila disse ainda que houve infiltração no piso da clínica psiquiátrica e que aguarda resultado pericial de laudo técnico, que deverá apontar falhas na infra-estrutura da unidade.


O diretório acadêmico Benedito Montenegro dos estudantes de Medicina da Unitau não participou da audiência pública por ser época de provas, segundo o presidente Harold Maluf. Entretanto, a direção do DABM afirmou que já tinha conhecimento das propostas da reitoria e que está aflita com a situação de abandono do H.U. “Ela [reitora Lucila] dá indícios de que vai largar o atual hospital para construir um novo”, disse Maluf.

 

 

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