CONTATO
- Em nossa última entrevista, o senhor reclamou da pouca
atenção do prefeito para com sua candidatura. Parece
que deu resultado. No final, Peixoto apoiou a sua campanha e a de
Ary Kara. A dobradinha com Ary Kara foi pra valer? Será que
a derrota dele não poderá prejudicar sua imagem?
Dep. Padre Afonso – Não. Primeiro, eu não
tive apoio do Roberto Peixoto e não tive dobrada com Ary
Kara. Aquele jornal [PaticipAÇÃO] – distribuído
pelo Ary Kara – eu nem estava sabendo. É lógico
que torci para que o Ary Kara fosse eleito porque é importante
um deputado no Vale do Paraíba e ele tem um trabalho de anos
no Vale. Mas, não fiz dobrada com ele e não tive apoio
de Ary Kara e [nem] do Peixoto. Fiz minha campanha independentemente
dos dois. Nossa dobrada aqui foi com [deputado federal] Marcelo
Ortiz (PV), com o Silvio Sanzone (PV) e com Salvador Zimbaldi (PTB).
CONTATO
– Sua responsabilidade aumenta como único político
de Taubaté eleito? Pretende alterar sua maneira de agir?
Dep. Padre Afonso – Aumenta a responsabilidade e
muito. Gostaria que o Vale do Paraíba tivesse conseguido
eleger outros candidatos. A população está
sinalizando que quer outra forma de fazer política. Quer
o político mais perto e não aquele que é eleito
e some. A gente, portanto, procura estar presente.
CONTATO
– Como o sr. avalia o fato de Taubaté eleger um único
deputado estadual?
Dep. Padre Afonso – Em Taubaté, houve muito
voto de fora porque muitos candidatos vêm com força
econômica. Outros são exóticos. O povo, às
vezes, sinaliza que não acredita nesse processo. Temos que
resgatar que é possível fazer política com
transparência, ética. Esse é o nosso grande
papel. E de que forma fazer isso? Vendo o político de perto
e trabalhando. Embora se cobre muito do deputado [tarefas] que não
são do deputado. Nosso papel é redescobrir sentido
e o valor do legislativo enquanto poder harmônico e independente.
O [Poder] Legislativo - municipal, estadual e federal - não
pode ser de forma alguma subserviente. O escândalo do mensalão
foi uma relação promíscua do Legislativo com
o Executivo. E isso, às vezes, se [também] dá
na cidade.
CONTATO
– Está satisfeito com os 36.954 votos em Taubaté?
Dep. Padre Afonso – Tínhamos um trabalho forte
em Taubaté. Eu esperava de Taubaté entre 35 a 40 mil
votos.
CONTATO
– Com esse resultado, pretende sair candidato a prefeito em
2008?
Dep. Padre Afonso – A eleição que nós
concorremos e fomos vencedores foi para o Legislativo, que tem função
importante. De Taubaté até o Vale histórico
não tem deputado estadual. Nossa reflexão para 2008
já começou. Eu vou participar ativamente dessas discussões
não só em Taubaté como em outras cidades do
Vale. Vou estar aberto ao diálogo com todos os [candidatáveis]
como Antônio Mário, Isabel Camargo, Roberto Peixoto,
Ortiz Jr. Enfim, com todos aqueles que quiserem discutir.
CONTATO
– Prefeito Roberto Peixoto já o procurou depois do
resultado das urnas?
Dep. Padre Afonso – Não e não me espanto
porque não fez isso antes e não deveria fazer depois.
Acho que ele manteve a postura que vinha tendo. Inclusive, nós
sabemos que algumas pessoas da Prefeitura de Taubaté, que
nos ajudaram, foram perseguidas. Teve gente que não queria
mesmo nossa candidatura. Tentaram minar nossa candidatura de todas
as maneiras. O Roberto Peixoto não, mas algumas pessoas,
como a primeira-dama [Luciana Peixoto], tentaram nos atrapalhar
no processo. O Peixoto se manteve neutro e não deu apoio
apesar de tudo aquilo que a gente fez [na campanha que elegeu Peixoto
como prefeito]. Mas, analisando hoje, foi até bom porque
existem falhas na administração [municipal], que a
gente precisa discutir como, por exemplo, saúde – que
está faltando remédios nos postos. Foi até
bom que nossa imagem não colou muito com a imagem [da gestão
Roberto Peixoto].
CONTATO
– Como avalia a expressiva eleição de Fernando
Gabeira (PV)?
Dep. Padre Afonso – Fico feliz porque o Gabeira é
um deputado atuante, é um ícone do Partido Verde e
é um homem respeitado nacionalmente. Os votos foram uma reposta
ao trabalho dele ao longo dos anos e da postura que tem no Congresso
Nacional de transparência e luta para moralizar o Legislativo.
CONTATO
– Com a cláusula de barreira, o senhor pretende permanecer
no PV?
Dep. Padre Afonso – Pretendemos e vamos tentar trazer
outros partidos para que o PV continue existindo. O PV é
um dos poucos partidos ideológicos que ainda existem e que
não teve nenhum dos seus deputados envolvidos em escândalos.
CONTATO
– Qual sua expectativa com o governo de José Serra
(PSDB)?
Dep. Padre Afonso – Esperamos que o governo Serra
atenda melhor nossas reivindicações. O Vale do Paraíba
precisa ser mais valorizado porque é uma região importante
para o estado e tem 1,5 milhão de eleitores.
CONTATO
– Qual recado para atuais e futuros aliados?
Dep. Padre Afonso – Recado é de esperança.
Acreditar que é possível exercer política com
transparência, com lealdade, honestidade. Buscar o bem coletivo
e não apadrinhando os coleguinhas. Estou aberto a discussões
com todos. Tenho as minhas restrições e fiquei realmente
chateado e triste com a postura do nosso prefeito Roberto Peixoto.
Mas quero conversar com ele para discutir propostas. Estamos é
com dificuldade de relacionamento.
|