Por Harold Maluf
Presidente do DABM - Medicina

A enfermidade da saúde pública de Taubaté

Estudantes de Medicina (Unitau) comentam a carta do dr. Pedro Henrique, diretor da Saúde, e avisam que poderão acionar o Ministério Público caso a prefeitura insista em discriminá-los em reuniões do Conselho Municipal de Saúde – COMUS.


Algumas considerações sobra a carta do Dr. Pedro Henrique.


1 – O pilar da EQUIDADE não foi destacado uma vez que a UNIVERSALIDADE e a INTEGRALIDADE se faziam presentes no discurso do Dr. Pedro Henrique. A omissão de “o tempo todo” deixa o conteúdo da frase mais eufemístico, ainda assim, os princípios continuam abalados com este complemento.


2 – A questão da gestão básica e plena começou a ser levantada há muito tempo, mas Taubaté ficou inerte quando se fez necessária a mudança. Priorizamos esta discussão para nos adequarmos à realidade da saúde na cidade. Se não há como ter gestão plena, que discutamos o pacto de gestão, não pondo um ponto final neste importante tópico.


3 – Ainda que a atenção secundária e terciária seja função do Estado e da União, o HUT presta atendimento como Hospital Municipal. Há, portanto, uma carga de responsabilidade indireta da prefeitura quando se toma, mesmo que de maneira equivocada, o HUT como Hospital Municipal. Taubaté pede hoje um Hospital Municipal e a UNITAU (que é municipal!) arca com este fardo praticamente sozinha.


4 – Como estudantes de medicina, cobramos da Universidade medidas a fim de não termos prejuízo pedagógico. Mesmo assim, a cobrança se estende ao Estado, sem deixar de lado a defasagem da tabela SUS como foi relatado pelo Dr. Pedro Henrique. O HUT é terciário e boa parte da população de Taubaté e do Vale do Paraíba será prejudicada caso este Hospital feche suas portas. Portanto, continuaremos a cobrar de todos aqueles que consideramos responsáveis por esta situação, incluindo a prefeitura.


5 – Sobre o COMUS, reiteramos que uma determinação superior foi ignorada e isto é muito grave. Desta maneira, o artigo do Regimento Interno que implica na participação de não conselheiros deve ser anulado automaticamente. Privar o direito a voz de qualquer cidadão (vinculado ou não a uma entidade representativa) no Conselho Municipal é passível de intervenção do Ministério Público. Enfatizo que estas são informações recebidas de órgãos ligados ao Ministério da Saúde e, para quaisquer dúvidas, os contatos se encontram na internet.


6 – Finalizando, o COMUS é reconhecido como um lugar onde devem ser debatidas as falhas encontradas durante a aplicação dos recursos e levantadas idéias para que os conselheiros possam constantemente implementar o SUS dentro da realidade do município e da região. Elogios deslavados a pessoas públicas como os dirigidos à primeira-dama estão sendo feitos dentro do Conselho Municipal de Saúde, ou seja, estão utilizando o COMUS para o interesse de um grupo e não da coletividade.

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Cartas e reparos

A respeito de matéria assinada pelo acadêmico de medicina e presidente do DA Benedito Montenegro, Harold Maluf, e outra na mesma página assinada pelo acadêmico Glauco Callia, na edição 290 deste jornal, necessário se faz alguns reparos no ali escrito.

 

1-) São três os pilares do SUS e não apenas dois como equivocadamente citados pelo jovem aluno que deve aplicar-se mais nas aulas de saúde pública :- UNIVERSALIDADE, INTEGRALIDADE E EQUIDADE. Volto a afirmar que por três vezes repeti, pausadamente que TUDO, PARA TODOS, O TEMPO TODO (omitido pelo colunista) não é possível, se cada ator responsável por estes pilares não desempenhar corretamente seu papel.


2-) O papel de Taubaté, por encontrar-se em gestão básica de saúde/SUS, independente de nossa vontade, nos obriga a ofertar atenção em UBS, PS e Maternidade para todos, indistintamente, venha de onde vier. A responsabilidade pela atenção secundária e terciária porém ,é do Estado e da União. Cirurgias, transplantes, ressonâncias, tomografias, leitos de UTI, medicamentos de alto custo, próteses e órteses, eltroneuromiografias, diálises, colonoscopia, angiografias, etc, etc NÃO SÃO da responsabilidade do Departamento de Saúde da Prefeitura de Taubaté, e é aí que a saúde tropeça não só em Taubaté, mas no Brasil.


3-) Muitas ações desenvolvidas pela Prefeitura de Taubaté buscam preencher a omissão do financiamento e custeio corretos por parte dos governos estadual e federal. Aliás, situação esta, comum na grande totalidade dos municípios brasileiros. Na verdade Taubaté assumiu papel da gestão plena/SUS sem as devidas contrapartidas monetárias, graças aos seus recursos próprios.


4-) Não existe Farmácia Comunitária na cidade conforme discorre o colunista. É necessário atualizar-se sempre. Temos sim, pela Prefeitura, três postos descentralizados de dispensação de medicamentos. (CTI, Gurilândia e Cecap).


5-) As cidades que pertencem a DIR XXIV atendem seus munícipes somente com os medicamentos ofertados pela FURP, numa cesta, onde se encontram 41 princípios ativos que respondem pelo tratamento de 80% das patologias mais comuns. Em nenhuma destas 27 cidades encontramos o modelo de distribuição de remédios de marca, que são aqueles além da listagem FURP, como em Taubaté. Por isso, parabéns ao departamento de Ação Social da PMT. Com a implantação do Cartão SIM em 2007, estaremos economizando 30% das despesas com medicamentos em nosso município.


6-) A crise crônica do HU e por vezes agonizada, ocorre por ser este um Hospital que atende quase que exclusivamente pacientes SUS, cuja tabela de remuneração está defasada há mais de 10 anos e sem nenhuma correção. O prejuízo desta Instituição de assistência e ensino é cumulativo por conta das baixas remunerações/SUS aos procedimentos ali realizados.


7-) Embora sem obrigação nenhuma, a PMT sempre foi parceira do Hospital Universitário, quer na doação de equipamentos, insumos, medicamentos, bolsistas e funcionários.


8-) A responsabilidade do HU cabe a UNITAU que possui uma Faculdade de Medicina e por ele precisa zelar. É pura leviandade dizer que a verba da Prefeitura destinada para o HU é pífia.


9-) Com relação ao COMUS, lá não tenho nenhum conselheiro íntimo. Obedeço aos artigos elencados no Regimento Interno, datado de 01/12/1994, especialmente o 13 em seu artigo 6º. que disciplina a participação de convidados quando das reuniões ordinárias do Conselho.


10-) Por fim convido os articulistas e o público em geral, a acompanhar as audiências públicas realizadas na Câmara dos Vereadores, a cada 3 meses, para que possam perceber o quanto o governo Roberto Peixoto fez e está fazendo pela saúde de Taubaté

Atenciosamente
Dr. Pedro Henrique Silveira
Diretor de Saúde da PMT

 

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