Por
Paulo de Tarso Venceslau
e
Jorge Fernandes
Apostilas
Ensino perigoso
Um aluno da rede de ensino municipal ao conversar pela internet
com um internauta da Nova Guiné pode levar o maior susto
ao descobrir que aquele país fica ao norte da Austrália
e não a sudeste como ensina a apostila comprada pela prefeitura
pela bagatela de R$ 33,4 milhões.
A prefeitura procurou "revolucinar" o ensino
com a compra de apostilas no valor de R$ 33,4 milhões e acabou
revoltando.
Um pai de aluno está indignado. Ele convidou
nossa reportagem para conhecer o nível de ensino que estava
sendo ministrado nas escolas da rede de ensino municipal de Taubaté.
A apostila de geografia, por exemplo, entre muitos outros, tem erros
que não poderiam ser cometidos desde que Vasco da Gama deu
a volta o Cabo da Boa esperança antes mesmo da descoberta
do Brasil em 1500.
O material foi passado para o vereador Jeferson Campos (PT) que
imediatamente entrou com um requerimento junto ao poder Executivo.
As questões levantadas eram até singelas: erro conceitual
na unidade I; apostilas para a matéria de língua espanhola
quando a mesma sequer consta na grade das escolas municipais.
O pedido requerimento leva em consideração que uma
comissão foi criada exatamente para avaliar o conteúdo
das apostilas que custaram R$ 33,4 milhões aos cofres públicos.
Tudo isso para que seja convocado o Diretor do Departamento de Educação
e Cultura da Prefeitura Municipal de Taubaté, José
Benedito Prado, para prestar esclarecimentos sobre a qualidade das
apostilas do sistema municipal de educação.
Recapitulando
Em plenas férias escolares de 2005/2005, a prefeitura fechou
contrato com a empresa Expoente Soluções, do Paraná,
no valor de R$ 33,42 milhões para “aquisição
de materiais didáticos para o maternal I e II e Jardim, educação
de jovens e adultos, agrupamento inicial e agrupamento de continuidade,
ensino fundamental alfabetização (6 anos à
4ª série), ensino fundamental (5ª à 8ª
série), material didático do professor, agenda escolar
do aluno, manual da família, acesso ao portal de educação
via web, material regional de São Paulo e Taubaté,
material de implementação didática, software
e formação continuada de professores, tudo conforme
detalhado no projeto básico de materiais didáticos”.
Na ocasião, nossa reportagem registrou que o pacote foi classificado
de “revolucionário” pelo Palácio Bom Conselho.
O argumento, segundo o diretor do DEC (Departamento de Educação
e Cultura), José Benedito Prado, era que as escolas particulares
já utilizam esse sistema e é também uma oportunidade
aos alunos.
A “revolução” foi realizada por iluminados
burocratas da prefeitura municipal que não consultara os
professores da rede municipal, aqueles que usariam o material no
dia-a-dia, informação confirmada pela vereadora e
professora da rede municipal, Pollyana de Araújo. No máximo,
alguns diretores, orientadores e supervisores de ensino teriam tomado
ciência do material recém adquirido, informava CONTATO,
sendo que a maioria não era funcionário de carreira.
Ignorando solenemente o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático)
do governo federal, instituído em 1985, que tem como finalidade
“distribuir gratuitamente livros didáticos aos estudantes
matriculados no ensino fundamental das escolas públicas”,
a prefeitura entrou na mira do Ministério Público.
CONTATO exprimia uma preocupação que grassava entre
os professores diante da falta absoluta de garantia de que as apostilas
produzidas de forma padronizada no Paraná poderiam ser mais
eficientes do que livros didáticos aprovados pelo MEC (Ministério
da Educação e Cultura), conhecidos e indicados por
professores que faziam uso dos mesmos.
Eleição da Mesa da Câmara
Às vésperas da eleição do novo presidente
da Câmara dos Vereadores, vale recordar que na ocasião
foi pífio o papel desempenhado pelo Legislativo uma vez que
a base de apoio do prefeito detinha maioria. A frouxa fiscalização
desempenhada pela Câmara tem sido apontada por muitas lideranças
políticas e empresariais como uma das responsáveis
pelo mau uso dos recursos públicos por parte do governo de
Roberto Peixoto.
Na quinta-feira 7, os governistas comemoravam eufóricos a
vitória conquistada com a licença da vereadora e professora
Pollyana que desequilibrou o placar que registrava 7 X 7. Ou seja,
sete vereadores da oposição se digladiavam com os
sete governistas. Brevemente saberemos como foi esse estranho processo
de negociação que tirou de campo o voto que poderia
dar a vitória para os que defendem uma Câmara com mais
autonomia e independência.
O resultado final poderá ser outro, mas tudo indica que Carlos
Peixoto, vereador e primo do prefeito será eleito presidente.
Se isso vier a ocorrer, Roberto Peixoto continuará surfando
nas ondas favoráveis sopradas por um Legislativo servil e
subalterno. Não se sabe ainda como ficará a vereadora
responsável por essa possível vitória.
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