Por Jorge Fernandes
Calaborou
Paulo de Tarso Venceslau

Presidência da Câmara 2007

Deu Peixoto

Uma acirrada disputa, na reta final, transforma-se em jogo de cartas marcadas quando uma vereadora prorroga sua licença. Vereador Carlos Peixoto (PMDB) derrota o petista Jeferson Campos pelo placar de 7x6. O Palácio Bom Conselho passa a ter um forte aliado no Legislativo. Joffre Neto, ex-vereador e ex-presidente da Câmara, analisa esse resultado em De Passagem, pág 12.


Depois que foi pego de supresa com a realização da 2ª votação, o novo presidente da Câmara Municipal Carlos Peixoto (PMDB) comemora a vitória. Sobrinho do prefeito e ex-líder do governo, o peemedebista afirma que dará voz e espaço para oposição.

 

Vereador Luizinho da Farmácia (PDT) abriu mão de ser eleito pre-sidente da Câmara, que ele busca há pelo menos três anos. O cavalo arreado na porta de seu gabinete não foi montado para que ele pudesse honrar compromisso assumido com a base governista do Le-gislativo. Luizinho tinha chances reais de ganhar por unanimidade. “Fui procurado tarde demais pela oposição. Se tivessem vindo conversar antes, até poderia topar sair candidato. Mas, mantive minha palavra”, afirma o vereador.


Vereador Carlos Peixoto, o presidente eleito, fez questão de destacar especialmente o voto do colega pedetista que enterrou as chances da oposição de assumir a presidência. “Quero agradecer em especial o vereador Luizinho por ser um homem de palavra. Poucos resistiriam à proposta [de ser eleito presidente] que foi feita a ele”, desabafa Carlos Peixoto (PMDB), ex-líder do governo na Casa.

 

Votação

A eleição para a mesa diretora da Câmara aconteceu na sessão de terça-feira, 12. Fernando Gigli Torres, sim, ele mesmo em pessoa, e outros assessores acompanharam in loco o desenrolar dos acontecimentos. Era visível o desconforto de Gigli que se fez acompanhar de pelo menos dois seguranças.


Computados os votos, Carlos Peixoto assumiu a presidência, Ângelo Filippini (PSDB) e Pastor Valdomiro (PTB) ficaram com a 1ª vice e a 2ª presidência, respectivamente. Rodson Lima (PSC) ficou com a 1ª Secretaria enquanto Aryzinho Kara (PTB) assegurou a 2ª secretaria. Filippini foi o único membro da nova Mesa que não votou em Carlos Peixoto.


A votação teve início por volta das 21h55. Antes, porém, a vereadora Gorete (PSDB) solicitou a suspensão da sessão por 10 minutos. Conchavos no corredor, troca de bilhetes e conversas pelo celular não foram capazes de aglutinar novos votos para a oposição. Aliás, não havia mais nada a fazer desde o momento em que Luizinho recusou o convite que o levaria para a presidência. Situação e oposição sabiam o resultado do búzio jogado ao longo das últimas semanas.


Os vereadores Chico Saad (PMDB), que surge como provável líder do governo na Câmara em 2007, Aryzinho Kara, Rodson Lima, Pastor Valdomiro, Henrique Nunes e Luizinho da Farmácia formam a base governista que assegurou a vitória de Carlos Peixoto. Os tucanos Orestes Vanone, Maria Gorete e Filippini e as vereadoras Maria Tereza Paolicchi (PSC) e Graça (PFL) mantiveram-se fiéis ao petista Jeferson Campos que teve de enfrentar forte pressão de seu partido que caminha para um alinhamento formal com o prefeito Roberto Peixoto.


Se a eleição estava praticamente assegurada, um fato inusitado marcou o término da votação quando um assessor jurídico da Casa avisou à presidência que, de acordo com o regimento interno, os cargos eletivos, para serem preenchidos, exigem que os candidatos obtenham a maioria absoluta dos votos. Segundo apurou CONTATO, apesar do suspense aparente, a encenação jurídica foi feita apenas para dar mais emoção ao resultado final.


Por causa disso, houve novo escrutínio e o quadro não se alterou. “Essa eu nunca tinha visto”, disse o assessor de imprensa da Câmara, Luís Carlos Batista, que durante a suspensão da sessão foi entrevistado ao vivo pela TV Câmara para contar “causos” de eleições anteriores.

 

Benção

Já eleito presidente, Carlos Peixoto disse que pediu a benção ao padre Marlon para ir à sessão de terça-feira. Segundo o vereador, o padre deu-lhe a benção e pediu para que fosse feita a vontade de Deus. Depois de agradecer aos que votaram assim como aos que não votaram nele, Carlos Peixoto não se esqueceu do tio. Confessou estar grato pelo apoio de Roberto Peixoto. Logo em seguida, ressaltou que “a Casa [Câmara] vai ser independente, pode ter certeza”.



Oposição

Vereador Professor Jeferson Campos (PT) assegura que ficou “contente pela votação”. Segundo ele, a adesão de vereadores do PSDB e do PFL a um candidato petista mostrou que houve uma aglutinação “sob ponto de vista político”. Apesar da derrota, Jeferson valorizou a atuação do PT municipal e garantiu que a legenda vem com força máxima para as eleições de 2008.


O vereador, porém, não quis comentar o folheto distribuído por Salvador Soares, presidente municipal do PT, pedindo voto para Campos. Todos sabiam que por trás do singelo pedaço de papel havia uma forte pressão para enquadrar o único vereador petista. Era a continuação do episódio marcado pela resolução do Diretório Municipal que tentava impedir o apoio de Jeferson a qualquer outra candidatura, além da sua.

 

Jogo rápido

Carlos Peixoto, 31 anos, foi eleito vereador pela primeira vez em 2004 pelo PSC com 1.946 votos. Sua estréia na política ocorreu em 2000 quando, ao se candidatar vereador pelo PST, perdeu por apenas 38 votos.


Nessa breve entrevista, o presidente eleito fala dos bastidores da eleição e afirma que dará espaço à oposição. Confira.

 

CONTATO - A disputa acirrada poderia ter outro final caso a vereadora Pollyana estivesse presente?
Carlos Peixoto –
Creio que sim. Se ela estivesse no quadro que encontramos [dia 12] e realmente votasse no Professor Jéferson, ficaria 7 a 7. Mas, [nesse caso] eu não seria o candidato do grupo. Já estávamos preparados para isso. Caso a Pollyana estivesse aqui e declarasse voto no Professor Jeferson, o candidato nosso poderia ter saído o Chico Saad (PMDB), ou até o próprio Luizinho da Farmácia (PDT). Tínhamos outras vias. No caso, o Luizi-nho poderia até perder para o [Orestes] Vanone (PSDB). Já o Chico Saad perderia apenas para a vereadora Maria Tereza (PSC). Não podemos esquecer [que] caso a Pollyana estivesse aqui, o Jeferson votaria apenas nele. Era um acordo que ele tinha feito com o seu partido.

 

CONTATO – Como o senhor avalia a posição de Luizinho, o fiel da balança, que poderia ter vencido a disputa?
Carlos –
Palavra dada, palavra cumprida. Luizinho se mostrou ser um homem realmente de caráter e princípios. Firmou palavra com o grupo e permaneceu mesmo com o cavalo tendo passado arriado a sua frente para que pudesse ser presidente da Casa, que poderia ter sido eleito ontem [terça-feira, 12].

 

CONTATO - Há algum acordo para apoiar o vereador Luizinho para a presidência da CMT em 2008?
Carlos –
Luizinho é o meu candidato para 2008. Se vai ganhar ou não nós não podemos prever. Foi muito difícil a eleição desse ano. Imagine a do ano que vem.

 

CONTATO – O senhor pretende manter a independência da Câmara em relação ao Executivo?
Carlos –
Não vou engavetar projeto nenhum. Todos os vereadores vão ter liberdade de apresentar o que quiserem. Os projetos bons, vamos aprová-los. Os ruins, vamos derrubá-los. As CEIs que foram propostas até agora não passaram porque foram [rejeitadas] pelos vereadores. Se os vereadores quiserem, as CEIs vão ser criadas. Se não quiserem, não serão. A vontade do vereador tem de ser respeitada.

 

CONTATO – Qual será a marca de sua gestão?
Carlos –
Eu sou também presidente do parlamento regional. Faço visitas constantes a outras câmaras municipais. A gente conhece vários programas interessantes.O que for bom a gente vai tentar trazer para Taubaté. Henrique Nunes teve a sua marca. [Ele] criou o CAT. Pretendemos ampliar a TV Câmara. Tudo que puder dar mais transparência à Câmara Municipal nós vamos fazer.

CONTATO – Quais seus principais projetos para 2007?
Carlos –
Primeiro, [dar] condições de trabalho aos vereadores e transparência para o legislativo taubateano. Temos alguns projetos em mente, mas vamos esperar aquilo que poderá ser feito para depois divulgar.

 

 

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