No final de 2003, a edição 151 de Jornal CONTATO veiculou uma reportagem com a manchete “Maria Benedita da Conceição – 116 anos – A mulher mais velha do mundo mora em Taubaté”. Ela nasceu em Lorena no dia 27 de janeiro de 1887, quase três anos da proclamação da República, e com apenas 18 anos pegou uma foice e disse que não ia admitir que o noivo lhe batesse com uma correia. Uma cena inimaginável protagonizada por aquela senhora que não escondia o orgulho de ser mulher e negra.
Começo a reportagem afirmando: “Emoção pura. Foi assim que me senti diante daquela figura linda sentadinha na sala de visita da Casas Pias de Taubaté, na rua Quatro de Março. Encolhidinha, mas com os olhos vivos e brilhantes, dona Maria Benedita me aguardava. Nesse ano, dedicado ao ancião, muitas escolas enviaram alunos para entrevistá-la. Dona Maria, porém, ainda não se acostumou com perguntas e flashes fotográficos”.
Hoje, reafirmo que é emoção pura assistir o triste fim que deram aos velhinhos que residiam no entorno da Capela de São Vicente de Paulo. Emoção que fica mais forte quando releio a matéria que escrevi em 2003 sobre a mulher mais velha do mundo que residia em uma das casinhas no entorno da capela.
O que será que passou na cabeça da juíza Fernanda Ambrogi que julgou procedente a demanda da Construtora Ergplan ou do seu proprietário que prefere assumir o papel de predador da nossa memória?