Vereador João Vidal (PSBB) critica a gestão do orçamento da Universidade de Taubaté e lembra que existe uma CPI instaurada para investigar a instituição
Por Nathália de Oliveira
A qualidade da estrutura e do serviço oferecida aos alunos da Unitau foi o foco da crítica feita pelo vereador João Vidal durante a sessão ordinária realizada na segunda-feira, 11, na Câmara Municipal. E concluiu afirmando que irá se “debruçar” mais sobre o assunto.
Orçamento
“Com um orçamento de R$220 milhões de reais, eu temo que a Unitau esteja prestando um serviço bem aquém de sua possibilidade”, afirmou o vereador.
Consultado, o reitor da Universidade José Rui Camargo respondeu que o orçamento é votado e discutido pelos próprios parlamentares. “O questionamento do tamanho do orçamento não cabe, pois foi previamente discutido [pelos vereadores] onde estão discriminadas todas as receitas e despesas da Universidade”. O reitor chama a atenção para um pequeno enorme detalhe:“A Unitau, por ser uma instituição pública, não pode ter lucro e todo remanescente é aplicado na melhoria do ensino e na renovação da infraestrutura”. Esse recurso é usado para a realização de melhorias e a manutenção da entidade, segundo Camargo.
Bibioteca e professores
Vidal criticou também a qualidade da biblioteca do Departamento de Direito. “É capenga”. E aproveitou para chamar a atenção sobre alguns problemas com professores:“Eu estou falando de professor que era para estar na sala de aula às 19h15 e chega às 20h15, que era para sair 22h40 e sai 22h10”.
Reitor José Rui respondeu afirmando que há um setor dentro da Unitau responsável pelas manutenções dos departamentos. “Nós temos um cronograma para a manutenção, [mas] pode ser que tenha ocorrido alguma falha em algum setor. Mas é importante que o vereador encaminhe os problemas, se possível por escrito, para que a gente encaminhe à pró-reitoria de Administração e faça as correções necessárias”. Quanto ao cumprimento do horário de aula dos professores, o reitor explica que o controle é feito pelos diretores de departamento e, caso haja desrespeito ao horário, a reitoria tomará as medidas cabíveis.
Unitau X Anhanguera
Vereador João Vidal comparou, ainda, a Unitau com a faculdade Anhanguera, que, segundo ele, se mantém com R$ 120 milhões (inicialmente havia informado que seriam R$ 10 milhões) e tem em torno de dez mil alunos. Em seguida questiona o orçamento de R$220 milhões da Unitau para atender cerca de 15 mil alunos.
Essa indagação foi respondida pelo vereador Douglas Carbonne (PCdoB), que criticou a comparação. “A Unitau é uma universidade, a Anhanguera é uma faculdade. Tanto que o corpo docente da Universidade é composto por mestres e doutores em sua maioria, enquanto o da Anhanguera não. Não se pode comparar a Unitau com uma faculdade”.
O reitor da Unitau concorda com Carbonne reafirmando que não há comparação. “A Universidade de Taubaté tem um setor de pesquisa e ensino e um de prestação de serviço à comunidade muito forte. Todos os nossos professores são titulados. Não tem a mínima comparação”. Nossa reportagem apurou que a Anhanguera teria demitido recentemente os professores titulados para baratear custo. Usou como argumento que se trata de instituição que possui um padrão de ensino e por isso não necessitaria de professores titulados para ministrar um ensino padrão.
CPI
Vereador João Vidal também questionou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que foi instaurada para investigar a situação financeira da Unitau. “O dinheiro destinado a vale-transporte e cesta básica teria sido desviado para fazer frente a outras despesas. Isso não pode e por isso a CPI foi aberta”. Segundo o parlamentar, a situação da Unitau já foi regularizada e, por causa disso, a CPI está estagnada. “Nada impede que nós encontremos outro objeto para a Comissão [Parlamentar de Inquérito] como, por exemplo, a prestação de serviço da Unitau”.
A Comissão foi instaurada em 2013 e nunca foi concluída e perdeu o prazo para a conclusão ou inclusão de outros objetos de investigação. Vereador Douglas Carbonne é o presidente da CPI. “Aquilo que foi proposto [na CPI] foi sanado. Inclusive os pagamentos do IPMT, que foi também objeto de denúncia, agora a Unitau vem pagando regularmente”, afirma.
Durante as reuniões da CPI, os vereadores questionaram a dívida da Unitau com o Instituto de Previdência do Município de Taubaté (IPMT). O débito já ultrapassava os R$20 milhões. “Naquela época, a Unitau não pagava [o Instituto] criando uma situação perigosa para a aposentadoria dos funcionários”, ressalta Douglas. O vereador defende a abertura de uma nova CPI para a investigação do serviço disponibilizado. “Eu proponho encerrar esta CPI e abrir uma nova porque esta já está concluída”.
Reitor José Rui Camargo acredita que não há necessidade de uma CPI. “Uma CPI tem que ser instaurada quando o acusado não presta as informações necessárias. A Universidade de Taubaté, eu e todos os pró-reitores estamos abertos a prestar quaisquer esclarecimentos”, afirma. “Acho que [CPI] é processo desgastante e desnecessário que não faz bem a nenhuma das partes”.