A Câmara Municipal estava lotada na quinta-feira, 12 por jovens de movimentos culturais que reivindicaram a volta de iluminação na praça em frente a Rodoviária Velha para que possam realizar seus espetáculos
A mobilização dos movimentos culturais sediados na Praça Doutor Barbosa de Oliveira rendeu. Na noite de quinta-feira, 12, indignados com a retirada da tomada e fiação elétrica da praça, os jovens se movimentaram, se uniram e ocuparam o plenário da Câmara Municipal em busca de uma solução. A iniciativa não agradou a secretária de Cultura, Martha Serra, presente na audiência pública presidida pelo vereador João Vidal (PSB).
Como esquenta, cerca de 30 organizadores e integrantes de movimentos culturais participaram de uma passeata que partiu da praça Doutor Barbosa e caminhou pelas principais vias da cidade, como a 9 de Julho e a 4 de Março, passando pela Prefeitura até chegar à Câmara Municipal.
Audiência
A Audiência começou às 19h, presidida pelo vereador João Vidal (PSB), presidente e autor do requerimento que instaurou a audiência. Os demais parlamentares não compareceram à reunião. Entretanto, segundo Júlia Amora Silvestre, organizadora do Terça Sintonia e um dos principais movimentos culturais prejudicado pela falta de iluminação, cerca de 70 agentes culturais e artistas estiveram na Câmara. “O mais legal é que artistas e movimentos culturais que não são diretamente ligados a nós também estiveram lá para apoiar a cultura”, destacou Júlia.
Objetivo do encontro: recolocação das tomadas elétricas retiradas pela Prefeitura e que alimentavam de energia os equipamentos de som e luz. “Não somos um grupo de jovens querendo fazer barulho. Somos um movimento social e queremos mais cultura”, afirma a organizadora do Terça Sintonia.
A justificativa da Prefeitura para a retirada das tomadas é devido o consumo de drogas e a prostituição que ocorrem na Praça e que foram registradas pelas câmeras do COI (Centro de Operações Integradas). Mas as autoridades nada fizeram. “Se for só para filmar, basta a mídia”, disse Wendel Paulista para quem o movimento buscou apoio do poder público, em especial da PM. “Porém, a resposta foi simplesmente o silêncio”. Diversos pedidos foram encaminhados à PM, mas não obtiveram respostas.
Tenente Aline, representante da PM na audiência, afirmou que as notícias que chegavam à Polícia não condizem com a manifestações que viu nos vídeos apresentados pelos grupos na audiência. “Queremos o diálogo, desde que vocês estejam organizados. O objetivo de prevenção ao uso de drogas me deixa contente. A Polícia tenta incessantemente combater isso, é fantástico, porque assim poderemos trabalhar juntos”.
“Não encontrei argumento plausível para justificar a retirada da tomada [elétrica]. Encontrei muita justificativa para colocar tomada e dar mais apoio a estes movimentos”, afirmou o vereador João Vidal, após ouvir representantes do poder público municipal, da Polícia Militar e do movimento Terça Sintonia.
“Foca na Tomada”
Questionada sobre a recolocação da ligação elétrica “Foca na Tomada”, a secretária de Cultural, Martha Serra, que aparentava não estar feliz com o rumo da audiência, afirmou que não poderia dar prazos, pois a ação não compete à sua pasta. Sugeriu que alguém se responsabilizasse por elas e chegou a pedir 30 dias para que a questão das tomadas seja resolvida. Vereador Vidal considerou inviável o prazo.
Júlia Silvestre do Terça Sintonia também criticou o prazo pedido pela secretária. “Nós precisamos da tomada para as apresentações que estão marcadas desde o começo do ano. Tem artista que está cancelando os shows por causa da falta de tomada”, ressaltou. E pediu que caso não seja possível a liberação da instalação elétrica no coreto que os movimentos possam utilizar as tomadas da Biblioteca Municipal localizada na praça.
Quem tirou a tomada?
Quando questionados de onde que partiu o comando para a retirada da tomada, a secretária de Cultura e Euclides Maciel, chefe da Guarda Municipal e representante da Secretaria de Segurança na Audiência, afirmaram não conhecer o responsável. Maciel negou que a ordem tenha partido do secretário de Segurança e registrou que essa informação deverá ser apurada.
Porém, em entrevista concedida ao CONTATO publicada no dia 12, o diretor de Segurança afirmou que a ação partiu da secretária e que o fato que culminou a ação foi uma briga generalizada que teria acontecido na praça durante o Terça Sintonia.
Parceria
Mesmo parecendo desanimada com a situação, Martha Serra apoiou uma parceria dos movimentos culturais com a Prefeitura. Segundo a secretária, a administração irá desenvolver um projeto na praça Dr. Barbosa de Oliveira, chamado Território das Artes, que envolve vários movimentos e pode abarcar o Terça Sintonia. É a aposta da Prefeitura para revitalizar o coreto, o parquinho e a biblioteca.
Para Júlia Silvestre o movimento quer que a parceria seja realizada, mas insistiu na volta da tomada para a terça-feira, 17, o que não impede que seja a parceria com a Prefeitura seja realizada.