José Carlos Sebe Bom Meihy
Recentemente, muito se tem falado sobre temas afeitos ao meio ambiente, problemas ecológicos, relação desenvolvimento x sustentabilidade. Frente a este elenco que carrega sempre a denúncia, resta aplausos, pois nada mais justo e oportuno que pensar o futuro, elaborar planos de progresso harmonioso, combinando bem-estar social e resultados econômicos, evitando-se tragédias.
Em escala mundial, prova eloquente desta premência, sem dúvida fica transparecido no fato do último Prêmio Nobel de Literatura ter sido delegado a uma ativista que mostrou o padecimento de segmentos que pagaram com a própria saúde os efeitos de vazamentos de gazes da Usina Nucelar de Chernobyl, na Rússia. Svetlana Alexievich foi escolhida por ter produzido uma obra em que retrata o sofrimento de quantos padeceram os desastres da radioatividade nuclear ocorrida em 1997. Com o nome de “Vozes de Tchernóbil” trabalho que tardou 10 anos de preparação, entrevistando durante anos pessoas com experiências dramáticas, gente vinda de guerras, de prisões, infectados por armas químicas, ela galgou a condição de autora de obra fundamental, valendo-se de histórias de vidas como forma de alarmar contra ameaças. De modo geral, sua obra é etiquetada como “história oral”.
A justificar diferentes problemas ambientais no Brasil, vale lembrar que ao longo dos últimos anos temos sido vítimas de desastres sérios que não são, de regra, considerados em linhagem histórica e nem concatenados. Assim, cabe lembrar alguns casos, como o “Incêndio na Vila Socó”, em 1984, quando dutos subterrâneos da Petrobras espalharam 700 mil litros de gasolina nos arredores em Cubatão (SP). Após o vazamento, um incêndio destruiu parte da favela. Foram contabilizados, oficialmente, 93 mortos.
Em 1987, em setembro, um dos mais graves casos de exposição à radiação do mundo ocorreu em Goiânia (GO), por meio da contaminação pelo material radioativo Césio 137. Na ocasião, dois catadores de lixo arrobaram um aparelho radiológico nos escombros de um antigo hospital e encontraram um pó branco que emitia luminosidade azul. Os catadores levaram o material radioativo a outros pontos da cidade, contaminando pessoas, água, solo e ar.
No ano 2000, em janeiro, o Ibama aplicou duas multas à Petrobras, após o “Vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo in natura na Baía de Guanabara”, Rio de Janeiro. Um acidente com um navio petroleiro resultou no vazamento. O incidente causou morte da fauna local e poluiu também o solo em vários municípios, como Magé. No mesmo ano em julho, o Ibama aplicou três multas à Petrobras, pelo vazamento de quatro milhões de litros óleo na refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária (PR).
Em março de 2003, ocorreu o rompimento de barragem de celulose na região de Cataguases MG, com vazamento de 520 mil m³ de rejeitos compostos por resíduos orgânicos e soda cáustica. Os resíduos atingiram os rios Pomba e Paraíba do Sul, originando prejuízos ao ecossistema e à população ribeirinha, que teve o abastecimento de água interrompido. O incidente também afetou áreas do Estado do Rio de Janeiro. Já em 2007 deu-se o rompimento de barragem de mineração na região de Miraí MG, com vazamento de 2.280.000 m³ de água e argila.
Em novembro de 2011, houve o vazamento de uma grande quantidade de óleo da Chevron na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro RJ, com vazamento de 3,7 mil barris de óleo no Campo de Frade. Estima-se que a mancha provocada pelo vazamento no mar tenha chegado a 162 km², o equivalente a metade da Baía de Guanabara. A empresa americana Chevron, responsável pela perfuração do poço que vazou, foi condenada a pagar uma indenização de R$ 95 milhões ao governo brasileiro para compensar os danos ambientais causados.
As chuvas da região serrana do Rio de Janeiro em janeiro de 2011, causaram cerca de mil mortes. O recente problema de Mariana em Minas nos alarma e causa indignação.
Frente a tudo isto, resta perguntar: e nós, o que fazemos pelo meio ambiente?