Como se nada tivesse acontecido (julgamento, cassação, inelegibilidade pelo TSE), o prefeito cassado lança publicamente sua candidatura à reeleição na quarta-feira, 17, revelando que está se lixando sobre a decisão da corte mais importante da Justiça Eleitoral
No dia 1º de agosto, Taubaté parou e prendeu a respiração diante de uma fato inusitado: o julgamento do recurso especial impetrado pelo prefeito Ortiz Júnior (PSDB) que ainda o sustentava no Palácio do Bom Conselho.
Ortiz Júnior divulgou com insistência a versão de que já teria conseguido uma liminar que garantiria sua candidatura e a certeza de que seria absolvido. Para tanto, confiava no voto no ministro Luiz Fux do STF. O quarto voto que faltava viria por força de gravidade de alguma das três ministras que ainda não haviam votado: Luciana Lossio, Rosa Weber e Maria Thereza de Assis.
Fux de fato correspondeu às expectativas, comprovando aquilo que corria à boca pequena sobre seu compromisso com os tucanos, tal quais seus colegas Gilmar Mendes e Henrique Neves.
Mas essa análise mostrou-se furada. As três ministras do TSE endossaram os argumentos apresentados pelo relator ministro Herman Benjamin e acompanharam o seu voto. Placar final: 4 X 3 pela manutenção da cassação e inelegibilidade.
Jogo jogado
Nos dias que se seguiram, Ortiz Júnior passou-os trancado com seus advogados, até que na terça-feira, 09, chegou a comunicação oficial do TSE através do Tribunal Regional Eleitoral que o fez chegar à prefeitura e à Câmara Municipal no início da noite de quarta-feira, 10. Na quinta-feira, vereador Paulo Miranda, presidente do Legislativo, assumiu a prefeitura por ordem da Justiça.
Para especialistas, sem exceção, o jogo se encerrou. Eventuais formalidades jurídicas como a tentativa de se obter uma liminar para reverter o quadro não passariam de firulas de pouco ou nenhum resultado. O limite do que poderá acontecer, segundo os especialistas consultados, seria Ortiz retomar o cargo de prefeito e mantê-lo até o fim do seu mandato. Mas seria praticamente impossível candidatar-se à reeleição.
Desde então, Ortiz Júnior só se comunica através das redes sociais.
Estratégia perigosa
Na segunda-feira, 15, Ortiz Jr postou em seu perfil do Facebook um convite para o lançamento de sua candidatura a prefeito e a do seu vice Edson de Oliveira. Nesse mesmo dia se encerrou o prazo para o registro provisório de candidatos. Na terça-feira, a Justiça Eleitoral divulgou a lista com os sete candidatos a prefeito da terra de Lobato. Entre eles, o nome de José Bernardo Ortiz Monteiro Júnior.
A confusão geral se espalhou. Muita gente passou a interpretar que Júnior teria sido absolvido. Afinal, havia uma enorme expectativa a respeito de sua campanha e possível reeleição.
É nesse exato momento que sua estratégia mostra-se frágil e vulnerável.
Frágil porque a decisão do TSE não deixa dúvida a respeito da sua cassação e de sua inelegibilidade. Além disso, caso ocorra alguma iniciativa para impugnar sua candidatura, o que inevitavelmente ocorrerá, a defesa de Ortiz Jr terá de entrar com recurso junto ao TSE. Diferente da situação anterior que levou a decisão para o pleno da corte, o recurso para obter o registro oficial será julgado pelo relator, ministro Herman Benjamin. O mesmo que defendeu com veemência sua condenação a ponto de influenciar os votos das ministras.
Vulnerável porque mentira tem pernas curtas. Qualquer partido pode registrar o candidato que quiser, desde que tenha cumprido o rito de realizar a convenção partidária dentro do prazo estabelecido. Assim como qualquer partido ou membro do Ministério Público pode impetrar uma ação para impugnar qualquer candidatura. Ortiz Júnior sabe disso. Ele sabe que não conseguirá disputar a eleição em 2016. Em 2024, quem sabe.
Portanto, essa estratégia poderá e deverá se transformar em um tiro no pé quando ficar comprovado que os lances que marcam esse último episódio não passaram de mentiras adrede preparadas. Não foram improvisadas.
São mentiras repetidas como mantra. Nem mesmo o vereador Bilili (PSDB) resistiu a piada (mentira) pronta que ele ouviu, junto com outros 10 vereadores, a respeito do encontro ocorrido com o deputado Padre Afonso (PV) na noite de 1º de agosto na residência de Ortiz Júnior, depois das 23 horas. Na tribuna da Câmara, Bilili ironizou a imagem da santinha que o deputado teria levado à família de Ortiz e entregue à filha, uma criança, que estaria acordada até aquela hora.
A mentira? Foi Júnior que convidou o deputado para formalizar o pedido para fosse candidato a prefeito com o seu apoio. Júnior ainda mentiu que o deputado teria garantido seu apoio para o candidato que escolhesse. No dia seguinte, o Partido Verde do deputado formalizou seu apoio a Pollyana Gama (PPS) na disputa pelo Palácio do Bom Conselho.
Mentiras recorrentes como essas estão minando a credibilidade que ainda restava em Ortiz Júnior. Uma pena!!
OUTROS CANDIDATOS
Vera Saba (PMB)
José Antonio Saud Junior (PMDB)
Pollyana Gama (PPS)
Donizeti Louzada (PSDC)
Isaac do Carmo (PT)