Promessa de campanhas passadas reaparece em entre as principais propostas dos candidatos à prefeitura; especialista de trânsito afirma que Taubaté deveria ter outras prioridades

 

O trânsito de Taubaté é assunto constante nos bancos de praças, nos pontos de ônibus e até mesmo no churrasco de fim de semana com a família onde predominam críticas sobre alterações viárias realizadas nos últimos anos. Em plena campanha eleitoral os principais questionamentos dos munícipes continuam sendo sobre o trânsito e a velha proposta sobre a construção de um anel viário.

Essa promessa seria viável em Taubaté?

De acordo com Flávio Mourão, urbanista especialista em trânsito, é possível a construção de um anel viário, porém a cidade tem outras prioridades. “Primeiro precisamos ter um Plano Diretor funcional. Sem esse monte de informações, como a Lei de Uso do Solo, que não fazem parte do projeto. É o Plano [Diretor] que irá dizer se é possível a construção do Anel Viário”, explica o professor da UNITAU.

A primeira semana da mudança de sentido na região da Praça Santa Terezinha foi recheada de confusões entre motoristas e a Prefeitura. Falta de sinalização e informações eram os principais problemas.

A primeira semana da mudança de sentido na região da Praça Santa Terezinha foi recheada de confusões entre motoristas e a Prefeitura. Falta de sinalização e informações eram os principais problemas.

Outra questão que deve ser debatida com a sociedade, segundo Mourão, é a duração de uma construção deste porte. “Fala-se do Anel Viário como se fosse algo rápido de se construir sendo que na verdade às vezes demora até 30 anos [para ser construído] como foi em São Paulo”, destaca.

Ainda de acordo com o especialista, o Anel Viário da cidade de São José dos Campos demorou 20 anos para ser construído. “Falam disso como se fosse simples. Muito pelo contrário. Não é uma coisa fácil. Isso não pode ser utilizado como plataforma [de campanha]”, afirma.

 

Possível Solução

Flávio Mourão acredita que para melhorar o trânsito na cidade, a Prefeitura precisa, primeiramente, parar de pensar em políticas que priorizam o carro e pensar em projetos e medidas que melhorem o transporte público. “Não se discute o transporte público. Não se resolve o problema no trânsito pensando no carro e sim no seu substituto. Nas cidades em que o trânsito flui você percebe que o transporte público é muito bem pensado”, explica.

Quando se fala em melhorar o transporte público não é simplesmente aumentar a frota de ônibus. E sim oferecer um serviço de boa qualidade em que, por exemplo, os veículos estejam em bom estado de manutenção. “Não é simplesmente colocar mais veículos e larga-los sem manutenção com pneu quebrado e sem assentos”, ressalta Mourão.

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“Taubaté deveria investir mais no transporte público” – Flávio Mourão

“Precisamos pensar em todo o sistema de trânsito. Principalmente na Taubaté que cresceu desordenadamente e por isso temos ruas estreitas no Centro”, explica o urbanista. Ele ressalta também o valor que seria destinado para uma obra como o anel viário. “É necessário principalmente planejamento em uma obra como essa que é caríssima. Teríamos que avaliar também o orçamento da cidade”. Na visão de Mourão, falar neste momento sobre a construção de um Anel Viário em Taubaté é para chamar “plateia”, além de ser um “discurso vazio”.

 

4º lugar no Brasil

Na terça-feira, 13, foi divulgada uma pesquisa realizada pelo Waze, um aplicativo de localização geográfica, que avalia o trânsito no Brasil. No ranking elaborado, Taubaté aparece como o quarto melhor município do país.  A posição virou piada nas redes sociais. Usuários do Facebook questionam a validade da pesquisa e perguntam se o aplicativo realmente avaliou a terra de Lobato.

Nas redes sociais, os motoristas taubateanos discordaram da posição da cidade no ranking do Waze.

Nas redes sociais, os motoristas taubateanos discordaram da posição da cidade no ranking do Waze.

De acordo com o Waze, a pesquisa foi realizada em cidades com mais de 20 mil usuários ativos por mês. Os critérios para a elaboração do ranking são:

  • Trânsito: densidade e severidade.
  • Qualidade: das vias e infraestrutura.
  • Segurança nas vias: densidade de acidentes, obstáculos e condições do clima.
  • Serviços ao motorista: acesso a estações de serviço e estacionamento simples.
  • Socioeconômico: acesso a carros e impacto do preço do combustível.
  • Wazeyness: satisfação e ajuda da comunidade Waze (medido pelos agradecimentos aos alertas de outros motoristas e pelos estados de ânimo selecionados pelos usuários no aplicativo).

No geral, foram avaliados 30 países e o Brasil está na 20ª posição atrás da Argentina e Porto Rico. No ranking da América Latina, aparece em 3º lugar.